Roaming internacional é sinônimo de gasto alto de celular; saiba evitar surpresas na conta
Se você está pensando em viajar para o exterior e quer usar o celular enquanto estiver por lá, esteja ciente de que isso custa caro, muito caro. Em solo internacional, as altas tarifas de roaming – ligações feitas quando você está fora da área local do seu número de celular – assustam a ponto de levar alguns usuários a deixarem seus aparelhos no Brasil enquanto viajam. Para quem tem smartphone, o cuidado deve ser redobrado para que o uso da internet móvel não se traduza em uma conta “estratosférica” na volta.
Para viajantes de primeira viagem ou não, todo o cuidado é pouco com o roaming internacional. No caso de Nivaldo Braz, 58, diretor de uma escola do Senai em São Paulo, a primeira vez em que ativou o serviço para fazer chamadas no exterior foi também a última, depois que ele recebeu uma conta de R$ 1.600, mais que o triplo do que ele costuma pagar.
“Comprei um pacote de R$ 120 antes de viajar por um mês para a Suíça e França”, relembra. “Controlei bastante as ligações que fazia. Só não sabia que também estava sendo cobrado pelas ligações recebidas. Foi o maior furo no orçamento”, lamenta Braz, que pagou a conta de R$ 1.600 sem contestá-la. “Viajei de novo depois daquela ocasião e nem levei o celular.”
Já para Marília Rangel, 29, coordenadora de mercados, acostumada a viajar a trabalho e “viciada em seu smartphone”, o susto foi menor, mas serviu de lição. “Sempre viajo pela empresa e deixo o roaming internacional ativado para alguma emergência. Mas quando fui para a China, ativei também a internet e imaginei que o consumo de dados seria mais ou menos parecido com o que tenho no Brasil. E nunca atingi o limite do meu plano aqui”, conta.
Foram necessários apenas dois check-ins no Foursquare e uma busca no Google Maps que nem chegou a ser completada para Marília perceber o engano. “Recebi um SMS da operadora informando que já havia consumido 2 MB”. O gasto, em três dias de viagem com o roaming de dados ativado, foi de R$ 39 – na época, a operadora cobrava R$ 13,99 por MB trafegado. “Imediatamente desativei a rede 3G e roaming de dados no iPhone. Também não usei mais em viagens”, diz.
Como funciona
Dicas para tentar economizar
Pacotes | Se para você é indispensável o uso de serviços de voz e dados, considere a contratação de um pacote com a sua operadora no Brasil. Mas lembre-se de que há cobrança, no caso de ligações, dos minutos excedentes |
Chip 'gringo' | Vai ficar muito tempo fora? Talvez seja vantajoso comprar um chip no país de destino para usar serviços de voz e dados pagando tarifas locais |
Mochilão | Vai ficar muito tempo fora e em mais de um país? Se comprou um chip internacional, não se esqueça de que também há cobrança de roaming entre os países em que você viaja |
Vai de SMS | Eles são mais caros que os “nacionais”, mas compensam se a comunicação deve ser breve e rápida |
Smartphone: cuidado redobrado! | Antes de viajar, desative o roaming automático de dados do seu smartphone e também a rede 3G. Caso contrário, vai consumir dados de internet móvel sem nem perceber |
Wi-Fi amigo | Sempre que possível use o Wi-Fi, que mesmo pago (por exemplo, no hotel) ainda sai mais em conta que o roaming |
Aplicativos | Skype, WhatsApp, FaceTime e programas semelhantes ajudam você a fazer ligações (até com vídeo) quando o smartphone estiver conectado ao Wi-Fi |
Aluguel de linha 'gringa' | Para quem faz muita questão de usar o celular no exterior e vai ficar muito tempo fora, o aluguel de linhas estrangeiras pode ser feito no Brasil. Você será cobrado em tarifa local, mais a taxa mínima da empresa |
Em geral, o serviço é ativado de forma simples, basta você ligar para o atendimento da sua operadora. Então, se usar o celular no exterior, terá as tarifas cobradas de acordo com o país em que estiver. Outra opção é contratar pacotes de voz e dados junto à sua operadora, geralmente cobrados por dia de uso e em alguns casos de acordo com o país/região visitados. O problema é que, em ambos os casos, as pessoas não ficam atentas às tarifas avulsas e em que circunstâncias são cobradas ou nas condições do pacote comprado.
No caso de usuários que apenas ativaram o serviço, o preço do minuto de ligação varia de empresa para empresa. “A operadora do Brasil faz acordos com as operadoras do mundo. Essas operadoras internacionais não têm interesse em cobrar um preço barato pelo roaming internacional. E o preço pago lá ainda é acrescido de impostos do Brasil e aumenta, mais ou menos, 50%. Por isso as ligações saem caras”, explica Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria em telecomunicações.
Uma ligação feita dos Estados Unidos para o Brasil, por exemplo, tem um custo em média de R$ 6 por minuto – uma ligação local em São Paulo, a título de comparação, custaria cerca de R$ 0,50 por minuto (dados da Teleco). O que pouca gente sabe é que no roaming internacional, ao contrário das ligações locais, sempre são cobrados minutos inteiros. Ou seja, mesmo que você tenha falado 1 minuto e 15 segundos será cobrado por 2 minutos de ligação, um gasto de R$ 12. Uma ligação local de mesma duração sairia por cerca de R$ 0,62.
É importante que o consumidor saiba que, além de ser cobrado pelas ligações feitas, terá de pagar pelos minutos das que recebe no celular. “É bom dizer a todos os seus amigos que você está viajando [para não ligarem]”, brinca Braz, aquele do início do texto, que após viajar para a Europa teve de pagar três vezes o valor de uma conta "normal".
Da mesma forma que são cobrados minutos inteiros, o consumo da internet móvel segue um padrão semelhante, com a cobrança do tráfego a cada 10 KB de dados consumidos. Se você trafegou 25 KB, será cobrado como se tivesse gasto 30 KB. Quanto à tarifa, a cobrança de dados avulsa gira em torno de R$ 30 por MB consumido.
Pacotes
Recentemente as operadoras brasileiras começaram a oferecer pacotes de voz e dados para viajantes ao exterior -- a alternativa pode ajudar quem não deseja receber uma conta “estratosférica” para guardar de souvenir.
Em sua maioria, eles oferecem um preço fixo pago por dia em que os serviços são utilizados e de forma “ilimitada”. Em alguns casos, você é cobrado a partir da primeira ligação ou conexão móvel feita, mas pode usá-las durante o dia até o limite de minutos. Em outros, o valor cobrado é para uso mensal. Em ambos os casos, atingida a “franquia”, você deverá pagar pelo minuto excedente – um valor mais alto que uma ligação local brasileira, mas ainda mais barato que o da ligação avulsa internacional.
Ainda assim, os planos não são baratos e é preciso ficar atento ao regulamento da operadora para o serviço. Ler as regras antes de contratá-lo pode evitar surpresas na hora de abrir sua conta após a viagem. É possível consultar os preços dos pacotes e tarifas diretamente no site das operadoras (Claro, Oi, TIM e Vivo)
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Alternativas
Além dos pacotes, o consumidor pode tentar outras formas de não gastar demais com ligações de celular no exterior. Eduardo Tude, presidente da Teleco, dá uma dica: “Se você vai ficar mais tempo em um só país, por exemplo, e vai usar só voz ou voz e dados, compensa então comprar um chip no local. Mas se for ficar viajando entre países, já não compensa”, diz. Isso porque as tarifas avulsas de roaming entre eles são caras – sim, o preço caro das chamadas móveis em solo internacional não é exclusividade do Brasil em relação aos outros países.
Outra forma mais barata de comunicação que uma ligação de celular é o SMS. “Se você quer ser encontrado em qualquer lugar, a forma mais barata de comunicação vai ser o SMS”, aconselha Tude.
Para quem usa smartphone, a dica principal é desativar o roaming de dados automático. Essa função permite que e-mails e aplicativos atualizem dados sem você solicitar. Em solo nacional, você fica a todo tempo com mensagens novas. No exterior, você trafega dados a preços exorbitantes. Cada smartphone possui um caminho diferente para desativar a função, mas no iPhone ela fica em Ajustes > Geral > Rede > Roaming de dados e no Android em Menu > Configurações > Conexões sem fio e rede > Redes móveis >Dados em roaming.
Lembre-se ainda de desativar também a rede 3G. Assim, se você abrir algum aplicativo “sem querer”, não corre o risco de ser cobrado pelos dados trafegados.
No caso do tráfego de dados, usuários de celulares BlackBerry levam vantagem sobre os de outros aparelhos. “O BlackBerry consegue comprimir mais dados para trafegá-los na rede, portanto tem um consumo mais baixo”, detalha.
Sempre que possível, use o Wi-Fi. Mesmo que você pague pela conexão (na diária do hotel, por exemplo), ela ainda tende a sair mais barata que a tarifa avulsa para dados móveis. Com aplicativos como WhatsApp, Skype, FaceTime e outros que permitem ligações via voz e vídeo pela internet dá para se comunicar com que também usa esses serviços, sem pagar nada a mais.
Aluguel de celular
Uma opção pouco conhecida entreusuários comuns, mas bastante usada por empresas, é o aluguel de celulares. O serviço é simples: antes de viajar, a pessoa retira um celular habilitado com uma linha do país para o qual vai. Ele escolhe um plano de minutos e paga um valor mínimo acrescido do que consumir no exterior, com valores de tarifas locais do país. Os preços variam de US$ 20 (cerca de R$ 40) pelo dia de uso a até US$ 399 (cerca de R$ 800) em um plano mensal.
“Esse serviço começou a crescer em 2008, com a crise econômica. Muitas pessoas viram que gastavam às vezes mais com a conta do celular do que com a viagem em si”, explica Bruna Verardo, Gerente de Negócios da Press Cell, que aluga as linhas internacionais. Segundo ela, hoje já é até possível atrelar o número original do celular brasileiro ao número alugado, para receber as ligações tal qual ainda estivesse em solo nacional.
Além de voz, também é possível “alugar” dados em um plano ilimitado, no caso da Press Cell. “Ninguém tem noção de quanto é um ‘mega’, já que o plano local é ilimitado. Aí você envia um e-mail, abre uma página de internet, usa um aplicativo e em um dia gastou 100 MB. Por 1 MB é cobrado R$ 30, logo você tem uma despesa absurda de R$ 3.000”, alerta a executiva.
Dá para contestar a conta?
Na pior das hipóteses, caso você já tenha viajado e recebido a tal “conta estratosférica”, é possível contestá-la junto à operadora e na Justiça.
De acordo com Fátima Lemos, assistente técnica do Procon-SP, se houve falta de informação por parte da operadora no ato da contratação ou ativação do roaming internacional, o consumidor pode questionar os valores cobrados pelas ligações que fez enquanto estava no exterior.
“Não é um serviço barato, as tarifas chegam a ser dez vezes maiores que as cobradas numa chamada local. Portanto a pessoa deve no ato da ativação do serviço ser informada não só das tarifas, mas das condições em que elas serão cobradas e, principalmente, se terá um mecanismo de controle do gasto no exterior”, alerta a especialista. Fátima lembra que há um acordo internacional entre operadoras para que o consumidor seja informado quanto estiver próximo de atingir o limite do plano.
Antes de procurar o órgão de defesa do consumidor, o usuário deve tentar contestar a conta diretamente na operadora.
A Claro, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que em caso de contestação dos valores, o atendimento ao consumidor faz uma verificação baseada nas regras do serviço e tarifas cobradas. “Se não houver divergências, a cobrança será mantida”, diz a nota. A empresa afirma sempre orientar seus clientes para que, antes de viajarem, entrem em contato com a empresa por ligação gratuita ou consultem o site da operadora para saber as regras do serviço de roaming internacional.
A TIM afirmou em nota por meio da sua assessoria de imprensa que “qualquer valor na conta do cliente pode ser contestado, independentemente se relacionado ao roaming internacional’. Essa contestação deve ser realizada até 90 dias contados da data do vencimento da conta em questão, informou a operadora.
A Vivo informou por meio da sua assessoria de imprensa que seus clientes podem contestar as cobranças dos serviços utilizados em roaming internacional e que elas são avaliadas por “uma equipe especializada da operadora, que dará na sequência um retorno ao cliente sobre a validade da mesma”. O prazo para que isso seja feito também é de 90 dias após a apresentação dela pela prestadora.
A Oi não retornou o contato da reportagem.
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