Topo

Foxconn "melhora" vida de funcionários com aulas de tricô e cadeiras com encosto, diz NYT

Pu Xiaolan, 26, é responsável pela inspeção de qualidade de iPads na Foxconn, a maior empregadora privada da China - Gilles Sabrie/The New York Times
Pu Xiaolan, 26, é responsável pela inspeção de qualidade de iPads na Foxconn, a maior empregadora privada da China Imagem: Gilles Sabrie/The New York Times

Do UOL, em São Paulo

27/12/2012 13h38

A fabricante de eletrônicos chinesa Foxconn (que produz dispositivos como iPhone e iPad para a Apple) começou a apresentar melhorias no trato dos funcionários da companhia na China. De acordo com uma extensa série de reportagens do “The New York Times”, trabalhadores das plantas chinesas da companhia agora contam com cadeiras com encosto e até aulas de tricô em alguns casos.

Ao ser contratada no ano passado, Pu Xiaolan, que trabalha na inspeção de iPads na fábrica de Chengdu, trabalhava sentada em uma cadeira de plástico sem apoio. Em função da extensa carga horária, Pu mal conseguia dormir em função de dores nas costas.

O fato é que, recentemente, a empresa deu a ela uma cadeira de madeira e com um pequeno encosto. Em entrevista, ela supõe que os supervisores da fábrica acreditam que conforto acaba incentivando a preguiça entre os funcionários. A funcionária chinesa da Foxconn também passou a ter aulas de tricô nas horas vagas.

Apesar de parecerem pequenas melhorias, as mudanças parecem surtir grande impacto na autoestima dos funcionários da companhia. “Houve uma mudança neste ano. Eu estou percebendo meu valor”, disse Pu Xiaolan à reportagem.

A Foxconn começou a apresentar melhorias nas condições de trabalho dos funcionários na China após diversas denúncias feitas por ativistas e associações. No início do ano, a Apple, uma das clientes da Foxconn, se associou a FLA (Fair Labor Association), associação americana que defende os direitos trabalhistas, para investigar as condições de vida e trabalho dos empregados responsáveis pela fabricação de produtos da marca.

  • Gilles Sabrie/The New York Times

    Trabalhadores enfrentam fila para entrar em ônibus na fábrica de Chengdu (China) da Foxconn

Após a visita da FLA às fábricas da Foxconn, a empresa chinesa anunciou que até julho de 2013 nenhum trabalhador faria turno de mais de 49 horas por semana (que é o limite estabelecido pelas leis chinesas). Antes disso, funcionários chegavam a fazer até 100 horas por semana. Além disso, a companhia disse que não diminuirá os salários dos trabalhadores, apesar da redução da carga horária.

Mudança de postura

A reportagem relata que cada vez mais as companhias estão passando a se preocupar com as condições de trabalho de seus fornecedores. “Os dias de globalização tranquila acabaram”, disse um executivo da Apple sem se identificar.  “Nós sabíamos que algum dia teríamos que mexer na sujeira.”

Mesmo com pequenas reformas, problemas sérios ainda continuam como as horas em excesso de trabalho e de casos de funcionários em atividades que colocam em risco suas vidas.  Porém, as mudanças nas condições de trabalho na China podem ser tão transformadoras como o iPhone foi para o mercado de smartphones.

“Quando a maior companhia do ramo aumenta salários e reduz o tempo de trabalho, isso força todas as outras fábricas a fazerem o mesmo. Começou uma tempestade e essas empresas estão em evidência. Eles têm que melhorar para competir”, disse Tony Prophet, vice-presidente sênior da HP.

A HP também passa por uma situação parecida com a Apple. A companhia americana utiliza os serviços da Quanta, uma empresa chinesa responsável pela montagem de computadores. A companhia foi alvo de investigações e tem feito mudanças nas condições de trabalho dos funcionários, apesar de não ter resolvido completamente as más condições de trabalho e de alimentação.

(Com "The New York Times")