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Teste de fidelidade no Facebook diz ter atendido mil clientes em 20 dias

Fidelidade Face: conversa vai, conversa vem, a atendente captura as imagens do chat. Esse material é enviado para análise dos criadores do Fidelidade Face e depois à namorada-cliente por e-mail - Reprodução
Fidelidade Face: conversa vai, conversa vem, a atendente captura as imagens do chat. Esse material é enviado para análise dos criadores do Fidelidade Face e depois à namorada-cliente por e-mail Imagem: Reprodução

Ana Ikeda

Do UOL, em São Paulo

07/05/2013 06h10

Está namorando? Então, todo cuidado é pouco. Saiba que você pode ter passado por um teste de fidelidade e nem ficou sabendo. Por R$ 29,90, namorados podem contratar uma atendente que vai pôr à prova homens e mulheres usando o chat do Facebook. Algo parecido com o “popular” programa do humorista João Kléber, só que totalmente digital. Em 20 dias, o Fidelidade Face já fez cerca de mil atendimentos.

A exposição da infidelidade, no entanto, pode ter consequências jurídicas para quem contrata esse tipo de serviço.

O Fidelidade Face foi idealizado por Luís Vinícius Barreto, 21, e Flávio Estevam, 32, este último o criador do controverso Namoro Fake, serviço que aluga perfis no Facebook para se passarem por namorados. Eles afirmam que a ideia surgiu ao observar um casal de amigos que compartilhava a senha do Facebook. Ele tinha o costume de apagar as conversas do chat para a namorada não ler. “O Fidelidade Face oferece ao cliente a prova de fidelidade do parceiro, sem ele ou ela acessar a conta do namorado”, explica Estevam.

O serviço é feito por “atendentes” que, de acordo com a empresa, usam os próprios perfis no Facebook para adicionar o desprevenido (a) namorado (a) – pelo trabalho, eles ganham 50% de comissão sobre o valor pago à empresa.

No caso de uma namorada contratar o serviço, por exemplo, a atendente adiciona o homem como amigo e, se ele aceitar o pedido de amizade, tem início o exame. Pelo chat, ela conversa com ele, tentando obter provas de infidelidade “moral” (não física, à la programa televisivo). Conversa vai, conversa vem, a atendente captura as imagens do chat. Esse material é enviado para análise dos criadores do Fidelidade Face e depois à namorada-cliente por e-mail.

Legalidade
Para quem achou o serviço interessante, cabem alguns alertas. Se perfis falsos forem usados pelos atendentes, o serviço pode ser classificado como golpe, segundo Leandro Bissoli, especialista em Direito Digital do PPP Advogados. “Poderia ser caracterizado como um ilícito penal, até mesmo como estelionato. Você induz a vítima ao erro, usando dados falsos e obtendo uma vantagem financeira”, explica. 

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Estevam, do Fidelidade Face, alega que os atendentes usam perfis verdadeiros para obter as provas de fidelidade e que faz uma pré-seleção antes de contratá-los. “Eles se candidatam pelo site e passam por uma avaliação, onde normalmente 90% são reprovados.”

Outra questão é o destino das provas de “infidelidade”. Caso o namorado ou namorada resolva tornar públicas as imagens do chat, o parceiro flagrado sendo infiel pode processar o ex por danos morais. Isso vale tanto para a exposição do flagrante no mundo online (como em redes sociais) ou offline (ao mostrar para terceiros, como parentes e amigos). “A exposição da pessoa a uma situação ridícula, independente se a prova foi obtida licita ou ilicitamente, pode levar ao pedido de uma indenização por quem sofreu o dano moral”, afirma Bissoli.

Como exemplo, Bissoli cita o caso “Sorocaba”, em que uma mulher publicou no Orkut o vídeo em que desmascarava a amiga, suposta amante de seu marido. Cópias do vídeo foram parar no YouTube e o caso teve repercussão nacional.

Em primeira instância, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que a mulher supostamente traída pagasse à suposta amante R$ 67 mil de indenização.  A Justiça acatou a tese de que não se pode expor a privacidade de outra pessoa: considerou que ela praticou um ato ilícito ao ter planejado a ação. À imprensa, na época, ela disse que fez tudo por vingança.

Meio a meio
A proporção de pessoas fiéis e infiéis, diz Estevam, está equilibrada – são classificadas como infidelidade as conversas mais “acaloradas” com as atendentes. “Está bem dividido em 50% para cada lado. Normalmente, quem não tem interesse [em trair] já demonstra logo no início.” Mulheres e homens têm contratado o serviço na mesma proporção.

Estevam acredita que provas negativas (quando o namorado não responde à investida) podem ajudar o casal a diminuir brigas por ciúmes e evitar uma separação. Já as provas de quando namorado cai na tentação não necessariamente indicam, segundo ele, traição. “Apenas comprova o que ele tem vontade de fazer, aquilo que escreveu, mas não necessariamente faz no ambiente offline”, contesta.

Há casos curiosos como o de um cliente que contratou o serviço para testar a fidelidade de dois parceiros diferentes. “Outro caso recente é o de uma pessoa muito famosa que contratou teste de fidelidade para testar o namorado famoso também”, conta.