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Fotógrafo é acusado de vencer prêmio com imagem manipulada no Photoshop

Fotógrafo Paul Hansen posa com a imagem vencedora, em foto de fevereiro de 2013 - EFE
Fotógrafo Paul Hansen posa com a imagem vencedora, em foto de fevereiro de 2013 Imagem: EFE

Do UOL, em São Paulo

15/05/2013 10h47

Paul Hansen, o fotógrafo sueco vencedor do concurso World Press Photo 2012, foi acusado de manipular com Photoshop a imagem que lhe rendeu o prêmio. Eduard de Kam, um especialista independente de análise de imagens, publicou um post explicando os motivos de sua suspeita. O fotógrafo e a organização do concurso negam manipulação e dizem que a imagem é autêntica.  

A foto em questão foi tirada em 20 de novembro de 2012, quando duas crianças morreram após a casa onde moravam, na faixa de Gaza, ser atingida por um míssil de Israel. O pai também morreu, e a mãe ficou gravemente ferida. O clique de Hansen, feito quando as crianças eram carregadas pelos tios, lhe rendeu um prêmio de 10 mil euros (cerca de R$ 26 mil) na 56º edição do concurso de fotos.

Com uma análise detalhada do conteúdo, Eduard de Kam afirma que a imagem vencedora é resultado de várias fotos combinadas, que foram colocadas juntas para dar um efeito nítido no rosto das pessoas. Entre as evidências apontadas estão os dados relacionados à imagem (metadata), que registram a data e hora em que ela teria sido tirada – neste momento, o sol deveria estar em outra posição.

Kam diz ainda ter encontrado outras fotos daquela mesma cena. “O que me chama atenção é o fato de a criança no primeiro plano ter muito mais sujeira no rosto na ‘foto’ de Hansen do que em outras imagens”, aponta. O especialista diz ainda que o trabalho de Hansen é uma composição, enquanto o prêmio é dedicado a imagens de jornalismo.

O site do prêmio diz que as imagens não devem ser alteradas, mas podem ser “retocadas” de acordo com padrões aceitos pela indústria. Em caso de dúvida, a premiação pode solicitar o arquivo original, sem retoques, para fazer a comparação com o conteúdo entregue após tratamento. Segundo o site “Spiegel”, em reportagem que questiona a edição dessa mesma foto, Hansen disse ter esquecido de levar o arquivo original para a premiação.

Outro lado
Em entrevista ao site australiano “News.com.au”, o fotógrafo sueco negou as acusações. “Nunca tive uma foto examinada com tanto cuidado, por quatro especialistas e jurados de todo o mundo”, afirmou.

A fundação responsável pelo prêmio reforçou a autenticidade do conteúdo e disse ter submetido a imagem à análise de especialistas depois da polêmica. “Paul Hansen já havia descrito em detalhes como ele trabalhou a imagem, e a World Press Photo não tem motivos para questionar sua explicação”, diz o texto, segundo o qual o fotógrafo cooperou com a investigação feita por especialistas independentes.

“Analisamos a imagem original e a final. Fica claro que a foto inscrita foi retocada, respeitando os tons e cores. Apesar disso, não encontramos evidências de manipulação ou composição significante”, afirma a fundação. Neste mesmo texto, o grupo rebate as evidências apontadas por Kam, dizendo se tratar de uma análise cheia de falhas.