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Liquid S2: celular com gravação em 4K promete mais do que entrega

Juliana Carpanez*

Do UOL, em Berlim (Alemanha)

10/09/2013 13h59

Se a primeira impressão é mesmo a que fica, o smartphone Acer Liquid S2 terá problemas. O aparelho foi anunciado com muito alarde durante a feira de tecnologia IFA 2013, em Berlim, por causa de sua câmera que grava vídeos em 4K (ultra-alta definição). Mas um primeiro contato com o celular parrudo, de 6 polegadas, mostra que ele promete muito mais do que entrega.

É preciso dizer logo de cara, diante das expectativas em relação à supercâmera, que ela não pôde ser testada. Isso porque o recurso exige o uso de um cartão externo SD, que estava indisponível nos aparelhos (com 16 GB) exibidos na IFA.

Para se ter uma ideia de quão pesados são esses arquivos, um filme de 52 minutos em 4K chega a ocupar 120 GB. Então, mesmo que o Liquid S2 registre incríveis imagens, as limitações de seu armazenamento exigirão que o conteúdo seja sucinto.

Funções decepcionam
Impossibilitada de conhecer o recurso mais avançado do aparelho, a reportagem assumiu a postura do “é o que tem para hoje” e partiu para testes das funções mais simples. Que, por sua vez, também decepcionam.

Direto ao ponto

Acer Liquid S2
Tela: 6 polegadas Full HD com Gorilla Glass 3
Sistema operacional: Android Jelly Bean (4.2.2)
Processador: Quad-core de 2,2 GHz
Memória RAM: 2 GB
Armazenamento: 16 GB (compatível com cartão SD)
Câmeras: 2 e 13 megapixels
Resolução de vídeo: Full HD e 4K
Conectividade: Wi-Fi, 3G e 4G
Lançamento: Outubro por preço não divulgado

Um sistema de gravação chamada YouTube, por exemplo, não posta seu vídeo diretamente no site do Google. Ela simplesmente compacta o arquivo, que será salvo em uma pasta.

Cabe então ao usuário acessar aquele conteúdo e decidir se quer mesmo postá-lo no YouTube, no Google+ ou em outras redes sociais. Ou seja: não passa de um nome “pop” para designar um sistema que compacta vídeos e tem pouca relação direta com o Youtube.

Ainda sobre a câmera, o aparelho com 13 megapixels traseiros e 2 megapixels frontais parece sofrer para tirar fotos – o problema se apresentou nos dois modelos testados. Logo depois do clique, a imagem congela na tela por cerca de quatro segundos, até que seja enviada para a biblioteca. Com esse “engasgo”, são grandes as chances de se perder um bom registro.

Usabilidade
Há um bom recurso de zoom (com capacidade não especificada) na câmera, que é facilmente controlado na parte inferior da tela. Mas isso não salva sua usabilidade, já que o menu realmente se esforça para complicar a vida do usuário.

Quando se escolhe uma função da câmera (como “rec”), o aparelho não obedece ao comando. Ele abre um submenu cheio de outras opções (“normal”, “4k” e “câmera lenta”, no caso da gravação de vídeos).

Após a seleção, uma setinha para baixo executa aquilo que o usuário quer. Pela proximidade, são grandes as chances de abrir o submenu sempre que quiser acionar algum comando.

Outro exemplo da usabilidade truncada foi observado na visualização em grade (grid) da galeria de fotos. O aparelho exibe uma lixeira, mas não apaga o arquivo selecionado – é necessário mudar de tela para conseguir fazer isso.

As dificuldades podem estar ligadas a uma questão de hábito, impossível de ser adquirido durante um teste rápido. No entanto, o promotor do estande da Acer também “apanhou” do aparelho, enfrentando dificuldade para executar algumas funções.

De forma geral, o smartphone com Android Jelly Bean (4.2.2; a versão mais recente é a 4.3) parece não se esforçar para servir o usuário. Ele tem um jeito próprio de fazer – ou não fazer – as coisas, tornando-se muitas vezes irritante. Resumindo, a fluidez do aparelho fica restrita ao “liquid” de seu nome.

O Liquid S2 deve ser lançado em outubro, por preço ainda não divulgado.

* A jornalista viajou a convite da Philips