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Estudo indica queda de ciberbullying nos EUA e aumento de denúncia a pais

Sarah Ball, 18, que foi vítima de ciberbullying, mantém uma página no Facebook para ajudar jovens que sofrem a intimidação online - Brian Blanco/AP
Sarah Ball, 18, que foi vítima de ciberbullying, mantém uma página no Facebook para ajudar jovens que sofrem a intimidação online Imagem: Brian Blanco/AP

Do UOL, em São Paulo

24/10/2013 13h44

Mais jovens estão contando para a família que sofrem ciberbullying (intimidação online) e a prática também tem diminuído nos Estados Unidos. Os dados são de uma pesquisa feita em parceria entre o NORC (sigla em inglês para Centro Nacional de Pesquisa de Opinião), da “Associated Press”, e o canal de TV “MTV”.

De acordo com o estudo, o número de pessoas afetadas pelo abuso digital caiu de 2011 para cá. Menos da metade dos entrevistados disse sofrer ciberbullying em 2013, ante a 56% no ano de 2011.

Além disso, as formas de intimidação digital listadas e monitoradas pelo estudo também tiveram queda – 26 das 27 listadas apresentaram diminuição.

Das pessoas que disseram sofrer ciberbullying, cerca de 44% afirmaram buscar ajuda dos pais ou de familiares. Na pesquisa de 2011, apenas 25% das pessoas faziam isso. A maioria das vítimas (66%) afirmou ainda que falar com parentes tornou a situação melhor.

Os métodos mais citados para fugir da intimidação online citados pelos entrevistados foram: trocar o e-mail, login no programa de mensagem instantânea e senhas das redes sociais (73% das pessoas disseram que isso melhorou a situação).

Em segundo lugar veio a mudança de e-mail acompanhada da troca do nome no perfil e do número de celular (72%). Em terceiro, vem a exclusão do perfil na rede social (72%).

“Sinto que estamos fazendo progressos”, afirmou à “AP” Sameer Hinduja, codiretor do Centro de Pesquisa em Ciberbullying e professor da Universidade Atlantic, na Flórida (EUA). Segundo ele, os resultados positivos se devem a programas nas escolas contra a intimidação online e a maior conscientização dos adultos sobre como orientar jovens vítimas.

A pesquisa foi feita com 1.297 pessoas entre 14 e 24 anos entre 27 de setembro e 7 de outubro deste ano.

Sexting
A prática de sexting (compartilhamento online de conteúdo de cunho sexual) caiu cerca de 20% desde o último estudo, com apenas um quarto dos jovens entrevistados afirmando ter recebido ou enviado esse tipo de mensagem. Em 2011, esse número era de um em cada três jovens.

Desde 2009, o número de adolescentes e jovens que praticam sexting caiu mais que a metade. Os entrevistados também disseram sentir menos pressão para enviar imagens pornográficas de si mesmos, com queda de 40% desde 2011.

No entanto, os abusos envolvendo parceiros amorosos online continuam crescendo. Cerca de 40% dos entrevistados disseram ter sofrido algum tipo de abuso online de namorados – um em cada cinco disse que o parceiro checava múltiplas vezes durante o dia suas mensagens online ou que ele tinha lido mensagens no celular sem sua permissão.

Jovens se mobilizam
Sarah Ball tinha apenas 15 anos e estava no segundo período do colegial em uma escola em Brooksville, na Flórida, quando começou a sofrer ciberbullying. A primeira mensagem postada contra ela no Facebook dizia: “Eu odeio a Sarah Ball, e não ligo para quem sabe disso.”

  • Brian Blanco/AP

    Sarah acredita que muitos jovens não procuram ajuda por acharem que isso poderá tornar a intimidação ainda pior

Uma página chamada “Hernando Haters” pedia para que usuários dessem notas para a atratividade da garota. E-mails anônimos enviados a ela diziam que Sarah “era um desperdício de espaço”.

No aniversário de 16 anos, ela recebeu uma mensagem que dizia: “Nossa, você ainda está viva? Impressionante. Feliz aniversário de toda forma.”

Apenas quando a mãe de Sarah teve acesso às mensagens, descobrindo a senha do perfil da filha, foi que a jovem contou à ela sobre a perseguição online.

“Foi bem vergonhoso, para ser honesta. Mas se não fosse pelos meus pais, eu não acho que estaria onde estou hoje”, diz Sarah. Com a ajuda deles, ela enviou cópias das mensagens abusivas à direção da escola, jornais locais e políticos da cidade e organizou uma passeata antibullying.

Sarah acredita que muitos jovens não procuram ajuda por acharem que isso poderá tornar a intimidação ainda pior. É por isso que a ex-vítima mantém uma página no Facebook chamada  "Hernando Unbreakable”, em que orienta crianças e jovens a identificarem vítimas de intimidação online em suas escolas.

(Com AP)