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Voluntários na Campus Party conseguem empregos, promoções e até contratos

Rafael Odriozola, 24, engenheiro ambiental  - Larissa Leiros Baroni/UOL
Rafael Odriozola, 24, engenheiro ambiental Imagem: Larissa Leiros Baroni/UOL

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

07/02/2015 06h00

Muito mais do que poder participar de um dos maiores eventos de tecnologia do Brasil sem ter que pagar pelo ingresso, pelo alojamento ou mesmo pelas refeições, como voluntário da Campus Party há quatro anos consecutivos, o engenheiro ambiental Rafael Odriozola conseguiu um emprego e uma promoção. Já para o empresário Alex Benito, a experiência em seis edições acabou rendendo muitos contratos e, consequentemente, mais dinheiro para a sua empresa de social media.

Odriozola se voluntariou pela primeira vez em 2012 a pedido de sua universidade, que na época era patrocinadora intelectual do evento. A intenção era única e exclusivamente acumular horas em atividades extracurriculares mas, por ter gostado da experiência, acabou repetindo a dose nos anos seguintes.

Até ser recomendado por um diretor da IBM, o engenheiro não incluía a atividade voluntária no currículo com receio de ser taxado como "geek" ou "nerd". E não é que a orientação deu frutos? Odriozola conseguiu um emprego em uma das empresas incentivadoras do evento. "No dia da entrevista, o contratante afirmou que se eu era louco o suficiente para trabalhar na Campus, então tinha o perfil da organização."

Onze meses depois da contratação, ele conseguiu um novo emprego, mas como era novo de casa não teria direito a férias no período da Campus Party 2014. "Ou eles me liberariam nessa semana ou eu me demitiria. Acabaram me dando as folgas --compensadas nos dias seguintes com banco de horas--, fui para o evento e, no final, levei para a empresa diversos clientes. Atitude que me garantiu uma promoção em menos de seis meses de contrato", disse o engenheiro, que tirou férias só para trabalhar na edição de 2015.

Alex Benito, arquiteto e empreendedor - Larissa Leiros Baroni/UOL - Larissa Leiros Baroni/UOL
Alex Benito, arquiteto e empreendedor
Imagem: Larissa Leiros Baroni/UOL
Por ser empreendedor e ter um horário mais flexível, Benito não precisou tirar férias, tampouco pedir demissão do emprego para marcar sua presença pela sexta vez no evento e colaborar com o seu desenvolvimento. O arquiteto, que sempre se interessou por tecnologia, foi convencido pelos amigos a se candidatar como voluntário em 2010, e tem repetido o feito desde então. "Como voluntário, você consegue trocar ideia com diversas pessoas que como campuseiro não teria contato", relatou ele, que disse que esse contato já rendeu direta e indiretamente muitos contratos à sua empresa.

"Não é que fique fazendo propaganda de minha empresa enquanto trabalho na Campus Party. O assunto acaba surgindo naturalmente durante as conversas. Quando você ajuda alguém ou se mostra prestativo, as pessoas se interessam por você e querem saber mais sobre sua história." Apesar de dizer que o trabalho é árduo e cansativo, o arquiteto relata ser gostoso e recompensador viver a Campus Party. "E não há uma forma mais direta de viver o evento do que fazer parte dele."

Descobrindo talentos

Entre os 130 voluntários aprovados para trabalhar na Campus Party 2015 também está a veterana Denise Maria Mateus, 23. Segundo ela, foi no evento que ela descobriu sua profissão e aprimorou seu talento de fotógrafa. A primeira experiência como trabalhadora no evento foi em 2011, quando a irmã pediu que ela se inscrevesse na seleção junto com ela. "E não é que eu passei e ela não?", afirmou Denise, que já está em sua quarta edição. "Só não pude participar na edição de 2014 por causa do meu antigo trabalho." 

Denise Maria Mateus, 23, fotógrafa - Larissa Leiros Baroni/UOL - Larissa Leiros Baroni/UOL
Denise Maria Mateus, 23, fotógrafa
Imagem: Larissa Leiros Baroni/UOL

Como fotógrafa do evento, Denise trabalhou pela primeira vez em 2013. "Até então a fotografia era um hobby. Mas depois dessa experiência resolvi transformá-lo em profissão", disse a jovem que, mesmo após a profissionalização, continua a se candidatar como voluntária do evento para ampliar o portfólio e dar mais visibilidade a suas fotos.

Como voluntária pela primeira vez, a estudante Yolanda Rodrigues, 20, diz esperar usar a experiência adquirida na Campus Party para poder fazer um dinheiro extra com eventos em Natal. Segundo ela, a inscrição como trabalhadora foi uma forma de retribuir à organização os benefícios que colheu como campuseira na edição de 2013. "Meu orientador incluiu essa minha participação no evento em minha carta de recomendação para fazer um intercâmbio em uma universidade francesa. Fui aceita pelo programa Ciências sem Fronteiras e passei um ano na França. Tenho certeza que a Campus Party fez diferença nesse processo."

Todos os interessados em ser voluntário na Campus Party passam por um processo seletivo, que inclui o preenchimento de um formulário com perguntas relacionadas as suas afinidades e experiências. A comissão avalia o perfil dos candidatos de acordo com a área de trabalho de interesse, que pode ser conteúdo, comercial, comunicação, Campus TV e Open Campus (área de recepção dos campuseiros). As inscrições, geralmente, são abertas em dezembro e podem ser realizadas pelo site do evento