Topo

Mãe que deu origem ao 'o que faço no trabalho' nem sabia o que era Tumblr

"Se ela está feliz, é o que importa para mim", diz mãe da publicitária Guilhermina de Marco --uma das criadoras do Tumblr "mãe, o que eu faço no trabalho?" - Arquivo Pessoal
"Se ela está feliz, é o que importa para mim", diz mãe da publicitária Guilhermina de Marco --uma das criadoras do Tumblr "mãe, o que eu faço no trabalho?" Imagem: Arquivo Pessoal

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

10/05/2015 06h00

Quando foi questionada sobre o que a filha fazia no trabalho, a pensionista Leonilda Beatriz Vozzi, 72, jamais imaginava o tamanho da repercussão de sua resposta. Ela, que nem sabia o que era Tumblr, demorou para conseguir mensurar o sucesso de uma simples brincadeira divertida, que acabou motivando muitos outros filhos e mães.

Ainda que mãe sempre [ou quase sempre] sabe tudo, o Tumblr criado pelas publicitárias Guilhermina de Marco e Carla Said desmistifica um pouco esse senso comum e reúne respostas bem engraçadas quando filhos apenas indagam: "o que eu faço no trabalho?". A resposta da mãe de Guilhermina foi: "você se diverte com a Carla". Ainda assim, dona Leonilda faz questão de reiterar que sabe quais são as atividades profissionais da única filha.

"Achei que fosse mais uma das brincadeiras da Guilhermina e, como sempre vejo as duas aprontando nas redes sociais, resolvi brincar também. Mas, quem acabou trolada, fui eu", contou a pensionista, que jamais imaginou que sua resposta seria publicada, muito menos que daria origem a uma página.

"Fiquei um pouco assustada, principalmente quando minha filha chegava em casa e dizia ter recebido 100, 200, 300 contribuições para publicar e teria que trabalhar a noite inteira. Chegou a mais de 1.000 e-mails, e não só de publicitários", contou ela, que se diz bastante orgulhosa da filha, que foi reconhecida inclusive pelos parentes que moram na Argentina.

Leonilda faz questão de enfatizar que sabe o que a filha faz. "Quer que eu diga?", questionou repetidas vezes. A mãezona dessa vez se saiu bem. Conseguiu explicar com bastante detalhe as atividades de um publicitário, mas também reconheceu ser inevitável não conhecer todas as peculiaridades do trabalho. "A correria do dia a dia acaba sempre prejudicando o diálogo entre pais e filhos. Mas eu me considero bastante questionadora. Quero sempre saber se uma campanha foi ou não aprovada, assim como quais são os projetos novos que ela está tocando."

Errar ou não saber o que o filho faz no trabalho, para ela, não significa um distanciamento na relação familiar, tampouco falta de amor das mães. "A nossa maior preocupação está em torno da segurança, da estabilidade e até de coisas mais essenciais, como por exemplo, se eles comeram bem", afirma Leonilda, que também acrescenta as mudanças no mercado de trabalho com o advento da tecnologia. "Trabalhei como recrutadora de RH de grandes empresas, antes de vir para o Brasil [1981], quando o design gráfico ainda era feito na mão", aponta a mãe, que nasceu na Argentina.

Apesar de não pertencer à mesma geração de Guilhermina, dona Leonilda está presente nas redes sociais, embora não goste muito da exposição. "Tenho Facebook, por curiosidade mesmo, Skype, para falar com os parentes, e o WhatsApp, que facilita na comunicação com minha filha ao longo do dia", afirmou ela, que disse estar bastante contente por saber que Guilhermina está realizada. "Se ela está feliz, é o que importa para mim."