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Jovem muda foto no Facebook e passa a receber mensagens de suposto pedófilo

Ananda Souza, 22, mudou a foto de seu perfil no Facebook para a de uma criança e começou a ser assediada por um suposto pedófilo - Arquivo pessoal
Ananda Souza, 22, mudou a foto de seu perfil no Facebook para a de uma criança e começou a ser assediada por um suposto pedófilo Imagem: Arquivo pessoal

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

02/06/2015 14h32

Uma jovem de 22 anos recebeu mensagens de um suposto pedófilo após colocar uma foto de criança em seu perfil no Facebook. Na conversa, o homem pede para que ela leve o celular para o banheiro escondido da mãe e tire fotos tomando banho. O bate-papo já foi compartilhado por mais de 7.300 pessoas.

A estudante Ananda Souza, que vive em Manaus (AM), trocou a foto do perfil na rede social após sofrer ofensas pela internet por estar acima do peso. Ela, então, decidiu retirar todas as fotos pessoais e dos familiares do site. "Vi um documentário chamado 'A Ira de um Anjo' no YouTube, produzido no final dos anos 1980. Me identifiquei com a história da menina Beth Tomas e decidi homenageá-la com a fotografia."

A foto foi trocada na segunda-feira (25) e a estudante recebeu as mensagens na última sexta-feira (29). "Sem os retratos, fiquei praticamente anônima. Apenas os mais conhecidos sabiam quem eu era." Ananda conta que ela e o homem estudaram juntos no início da faculdade.

"Acredito que ele não tenha se lembrado de mim. Percebi a pedofilia quando ele me perguntou a idade e se eu estava sozinha. Então comecei a agir como se fosse uma criança." Nas mensagens, o homem pede para que Ananda tirasse foto do corpo inteiro e que depois apagasse os arquivos para sua mãe não ver.

Segundo Ananda, a decisão de publicar as conversas no Facebook surgiu da indignação pelo crime e do medo. "Ele poderia entrar em contato com crianças reais e fazer o que quisesse com elas. Espero que mais pessoas compartilhem para desmascararmos esse pedófilo."

Ela conta que denunciou o caso para a Depca (delegacia especializada em proteção à criança e ao adolescente). Entretanto, a Polícia Civil de Manaus diz não ter encontrado um registro da ocorrência sobre o caso.

"A delegada Joyce Coelho Viana nos informou que não há registro de denúncia sobre o caso na delegacia especializada. Ela reforça ainda que, para dar início a uma investigação, é necessário que a denúncia seja feita oficialmente através de um B.O. (boletim de ocorrência) ou preliminarmente por telefone. Nesse caso não houve nenhum dos dois registros", informou a assessoria da Polícia Civil por meio de nota.

Prova produzida não tem validade jurídica

De acordo com a especialista em crimes cibernéticos Suelen de Souza, mudar o perfil, marcar encontros e conversar como se fosse uma criança são provas produzidas que não têm nenhuma validade jurídica.

"Se houver um processo - por estupro, por ter relação sexual com menor ou por ter em posse imagens libidinosas com menores - contra alguém que cometa pedofilia e a ação for baseada somente nesse tipo de prova, é praticamente certa a não punição do autor."

Ela aconselha que, caso pais ou familiares suspeitem de pedofilia na internet, registrem um boletim de ocorrência em uma delegacia especializada antes de conversar com o acusado. "Quem deve investigar é a polícia. A partir das mensagens, a corporação irá apurar se a pessoa já cometeu estupro ou se tem fotos de menores no celular ou computador. Prova produzida não tem valor."

Para evitar situações como essa, a advogada Suelen de Souza adverte que pais e familiares devem seguir regras como não colocar informações pessoais em sites de relacionamento, não falar com estranhos e não mostrar fotos pessoais "Estimular os pequenos a navegarem em sites seguros e divertidos também é uma boa opção."