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Usuário ainda está entendendo serviço de música pela web, diz CEO do Deezer

Hans-Holger Albrecht, diretor-executivo global do serviço de streaming Deezer; plataforma foi lançada em 2013 no Brasil - Divulgação
Hans-Holger Albrecht, diretor-executivo global do serviço de streaming Deezer; plataforma foi lançada em 2013 no Brasil Imagem: Divulgação

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em Londres*

17/06/2015 06h00Atualizada em 17/06/2015 14h57

Os serviços de streaming de música foram criados para combater a pirataria e serem uma alternativa às plataformas de compra individual de faixas.

Apesar das intenções, a percepção do Deezer, o segundo maior serviço do mundo, é que os consumidores ainda estão entendendo a utilidade da plataforma e que este é um mercado em ascensão. 

“Creio que leva um tempo para que as pessoas compreendam o valor agregado dos serviços”, disse Hans-Holger Albrecht, diretor-executivo global do Deezer, em entrevista ao UOL. “É um processo de educação até que os consumidores entendam que têm acesso a uma vasta biblioteca de música e outros benefícios.”

Criado em 2007 na França e lançado oficialmente no Brasil em 2013, o Deezer tem o país como um mercado estratégico. A companhia não diz quantas pessoas usam o serviço localmente, apenas informa que ao todo tem 16 milhões de assinantes em todo o mundo — desses, 6 milhões são pagantes: têm direito a ouvir música sem propaganda e ainda a baixar os arquivos no tablet ou smartphone para ouvir sem conexão de internet.

Mesmo sendo um ramo relativamente novo no país, dados mostram que há ainda muitas oportunidades. De acordo com a OneRPM, empresa distribuidora de música digital, os serviços de streaming presentes no Brasil fizeram crescer em 500% esse mercado em um ano. Segundo a ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos), o mercado de música digital aumentou 53% no mesmo período.

Nos Estados Unidos, onde serviços de streaming estão presentes há mais tempo, essa categoria de consumo já superou a venda de música via CDs, de acordo com a Riaa (associação que reúne grandes gravadoras da indústria musical). Na Suécia, a atividade de música pela web é ainda mais relevante. Esse setor é responsável por 80% do faturamento, segundo a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica).

Para ganhar tração no Brasil, a empresa fechou uma parceria com a operadora Tim em outubro do 2014. De acordo com Albrecht, a plataforma de streaming ainda planeja outras negociações para se tornar mais popular localmente. 

Em conversa com a reportagem em Londres, durante o lançamento do recurso de podcasts no fim de maio, o diretor-executivo global do Deezer falou sobre o recurso de vídeos anunciado pelo Spotify (maior serviço de streaming de música do mundo), a importância do modelo de assinatura gratuito com propagandas e outros serviços de música na web. Confira nos tópicos abaixo os principais trechos do bate-papo:

Streaming passa por um processo de educação

O mercado de streaming tem crescido muito. Países como a Suécia reduziram drasticamente a pirataria de música com a popularização de plataformas de streaming.

Creio que leva um tempo para que as pessoas compreendam o valor agregado dos serviços de streaming. É um processo de educação até que os consumidores entendam que ele tem acesso a uma vasta biblioteca de música, conta com conteúdos exclusivos, sistema de recomendação de música e podcasts.

Interface web do serviço de streaming de música Deezer; plataforma disponibiliza músicas gratuitamente - Reprodução - Reprodução
Interface web do Deezer: plataforma disponibiliza músicas gratuitamente
Imagem: Reprodução

Importância das assinaturas gratuitas com propaganda

Quando pensamos em freemium [como é conhecido modelo de assinatura gratuito em que há propagandas], temos que considerar todos os aspectos.

Ao entrar nessa discussão, a gente tem que considerar o YouTube e outros serviços de rádio online, como o Pandora, nos Estados Unidos. É mais complexo do que discutir apenas os malefícios do modelo freemium.

Prefiro discutir o que é melhor para o consumidor. Não temos outra alternativa e também não posso dizer que vamos acabar com o freemium, pois isso nos faria perder oportunidades de fazer o consumidor aderir e entender o nosso serviço.

Nosso ponto-chave é tornar a música acessível de maneira simples aos nossos consumidores. Se isso for complicado, os usuários vão optar pela pirataria.

Após aquisição de empresa de podcasts, Deezer ganhará mais de 20 mil episódios - Divulgação - Divulgação
Após aquisição de empresa de podcasts, Deezer ganhará mais de 20 mil episódios
Imagem: Divulgação

Importância do Deezer no Brasil

O Brasil é muito importante para a gente. Nós chegamos em 2013 -- inclusive, antes do Spotify [considerado o maior serviço de streaming do mundo]. O país é um de nossos mercados-chave, assim como a França, o Reino Unido e a Alemanha.

Por que podcasts são importantes

É mais um passo em uma longa jornada. Se você reparar na experiência de rádio, vai perceber que boa parte do conteúdo é falado -- não é só música --, por isso a importância desse recurso. A ideia é integrar a experiência dos consumidores de ter músicas e podcasts em um mesmo local.

Podemos desenvolver programações específicas para os brasileiros de esporte, notícias e comédia, por exemplo.

Sobre o recurso de vídeos do Spotify

Nossa prioridade é ter a melhor plataforma de áudio disponível no mercado. Creio que o recurso de vídeo pode causar distração, pois som e imagem exigem níveis distintos de atenção.

Uma das vantagens do áudio é que você pode escutar enquanto faz outras coisas. Já o vídeo exige que as pessoas, por exemplo, peguem seus smartphones e prestem atenção só nisso. 

Soundcloud é uma ameaça?

Para mim, o Soundcloud [serviço de áudio pela internet no qual é possível ouvir músicas, podcasts e sets de DJ] fica em uma categoria mais próxima do YouTube. Por enquanto, eles não têm um modelo de negócio. Atualmente, a Sony mandou retirar músicas de seus artistas da plataforma. É necessário ver como eles vão lidar com isso.

Nosso foco atualmente é de criar valor aos nossos ouvintes.

* O jornalista viajou a convite do Deezer.