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Investimentos na moeda virtual Bitcoin superaram US$ 1 bilhão em 2015

Dimitris Michalakis/Reuters
Imagem: Dimitris Michalakis/Reuters

Olga Kharif

11/12/2015 16h08

Embora todo o alarde tenha diminuído um pouco, 2015 foi um ano agitado para o bitcoin. Os investimentos de capital de risco superaram US$ 1 bilhão pela primeira vez. As pessoas estão descobrindo que é mais fácil investir na moeda digital, graças ao surgimento de empresas como a Bitcoin Investment Trust. Grandes companhias financeiras - Nasdaq, American Express e Visa - investiram em startups de bitcoin, "um divisor de águas em termos de atitude em relação à tecnologia", disse Gil Luria, analista da Wedbush Securities.

Então, quais são as previsões para 2016? Provavelmente veremos a primeira empresa bitcoin avaliada em mais de US$ 1 bilhão, uma desaceleração autoimposta na produção de novos bitcoins (que vai tirar alguns mineradores do negócio) e mais instituições financeiras abraçando a moeda e sua tecnologia. As principais incógnitas são o preço, a adoção pelo consumidor e - como sempre - a verdadeira identidade do criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto.

"Esse deve ser um ano revelador para o bitcoin", escreveu Tim Draper, um capitalista de risco que comprou bitcoins e investiu em startups relacionadas, em um e-mail. "Espero que apareçam alguns aplicativos para os consumidores. Espero que o governo dos EUA finalmente reconheça o bitcoin como moeda. Espero ouvir falar do primeiro unicórnio de bitcoin (talvez a Coinbase)". Unicórnio é a empresa cujo valor ultrapassa US$ 1 bilhão.

Aqui estão alguns dos acontecimentos previstos para Bitcoin em 2016:

Corte pela metade

Novos bitcoins são gerados o tempo todo, quando os operadores de computadores de processamento de números, chamados mineradores, resolvem equações complexas e registram todas as transações. O número de bitcoins que podem ser gerados, no entanto, é limitado pelo design no software por trás da moeda digital. Uma vez a cada quatro anos, o número de bitcoins que os mineradores podem colher a cada 10 minutos é cortado pela metade. No terceiro trimestre de 2016 se completará quatro anos desde a última redução, e o limite deve cair para 12,5 bitcoins a cada 10 minutos. Essa é uma má notícia para alguns mineradores, especialmente para os que têm máquinas mais antigas. "Eles estão tentando extrair o máximo possível", disse Bobby Lee, CEO do grupo chinês de mineração e câmbio de bitcoin BTCC. Com menos bitcoins novos por aí, o preço da moeda virtual poderia subir de valor, disse ele.

Tamanho do bloco

Os dados na rede bitcoin são armazenados em pedaços chamados blocos. O problema é que alguns temem que, à medida que mais pessoas usarem e comprarem bitcoins, a rede tenha gargalos e fique muito mais lenta. Alguns propõem mudar o tamanho dos blocos para resolver o problema. "Uma das coisas mais importantes que eu gostaria que acontecesse é o consenso de todas as partes envolvidas no bitcoin sobre como devemos avançar", disse Charlie Lee, irmão de Bobby, que também é diretor de engenharia da Coinbase e criador do Litecoin, rival do bitcoin.

Indústria financeira

Barry Silbert, cuja empresa administra a Bitcoin Investment Trust, recentemente previu que Wall Street vai começar a negociar bitcoin, de acordo com um participante em um evento privado para investidores. Os bancos tradicionais, que nunca se aproximaram das startups de bitcoin, vão começar a trabalhar com essas empresas, ele disse.

As empresas financeiras também vão continuar a olhar para o blockchain, a tecnologia por trás do bitcoin, para usá-la em transações seguras. Apesar de que podem não usar diretamente o bitcoin, um blockchain poderia ajudar a verificar qualquer transação financeira, da venda de ações ao pagamento de cupons de um bond. R3, uma startup, reuniu 30 bancos, incluindo Citigroup e Bank of America, para desenvolver padrões e uma tecnologia que as instituições financeiras poderiam usar. Ela espera revelar os resultados iniciais no ano que vem, disse Charley Cooper, porta-voz da R3.

Ao mesmo tempo, mais investidores institucionais poderiam começar a negociar com bitcoins. "Como um ecossistema, nós só agora começamos a tangenciar o envolvimento institucional", disse Tyler Winklevoss, um investidor na empresa de troca de bitcoins, Gemini.

Explosão de startups

Com centenas de empresas de bitcoin competindo pelo negócio, não haverá dinheiro suficiente para continuar. Mais startups de bitcoin poderiam se fusionar ou sair do negócio, prevê Silbert.

Uma das causas disso será, provavelmente, a adoção mais lenta do que o esperado do bitcoin pelos consumidores. Oscilações bruscas no valor do dinheiro digital em comparação com o dólar e outras moedas continuarão a afastar os usuários e farão com que seja pouco prático para compras diárias.

Título em inglês: 'Bitcoin: What's in Store for 2016'

Para entrar em contato com o repórter:

Olga Kharif, em Portland, okharif@bloomberg.net