Mudaram o plugue dos carregadores de celular... sim, de novo!
Quem nunca sofreu com plugues e carregadores que não encaixam, quebram e são caros e difíceis de trocar? Sabe aquela sensação de que cada saída de fio tem um formato e nunca é o que você precisa? Pois temos uma péssima notícia: vai piorar. Desencane de investir muito em novos acessórios, especialmente se você pretende trocar de celular em breve.
Um novo formato chamado Type-C (ou Tipo-C) chegou para substituir a querida porta de energia e troca de dados MicroUSB (ou Micro-B), que era usada em todos os celulares Android e facilitava muito a troca entre carregadores novos, antigos, originais e alternativos.
O processo, inclusive, já começou. Os novos modelos de smartphones já estão sendo vendidos com o Type-C -- caso dos Galaxy A5 e A7 (Samsung), Moto Z e Moto Z Play (Lenovo), Xperia XZ (Sony), Zenfone 3 e 3 Deluxe (Asus) e G5 SE (LG).
O novo formato de plugue foi oficializado em 2014 pelo USB Implementers Forum (USB-IF) --sim, existe uma entidade que cuida desse assunto, formada por empresas como HP, Intel e Microsoft. A MicroUSB era usada desde 2007.
A principal diferença do Type-C para o conector antigo é que ele é reversível, ou seja, o plugue pode ser encaixado de um lado ou de outro na saída do celular --como já acontece com os cabos Lightning, patentados pela Apple. Na MicroUSB, existe um lado certo para o encaixe.
O lado bom é que ela suporta correntes maiores e, por isso, permite carregamentos mais rápidos.
O ruim é que sofreremos com carregadores e plugues incompatíveis, e a oferta de produtos com a nova saída será menor --pelo menos por um tempo. Por exemplo, seu celular pode não encaixar mais na sua caixa de som.
Mas por que o formato precisa mudar toda vez?
A MicroUSB transfere dados a 480 Mb/s, suporta até 5 volts e 500mA (2,5W), assim como o conector Lightning da Apple, pois ambos funcionam no padrão USB 2.0, mais lento para carregar e trocar dados. O Type-C usa o padrão mais novo, o 3.1, e por isso chega a 10 Gb/s, suporta até 20 volts e 5 Amperes, ou seja, 100W de potência.
Mesmo que um mercado inteiro de carregadores e acessórios tenha de ser adaptado toda vez, empresas e especialistas acreditam que o transtorno vale a pena, porque traz vantagens técnicas.
Os avanços das tecnologias são importantes. A velocidade, transmissão e redução no tempo da carga da bateria vão compensar o sacrifício
João Carlos Lopes Fernandes, professor de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia
Seria tecnicamente mais difícil manter o formato atual de conector e avançar nas taxas de transmissão e carga, porque mesmo que isso fosse feito, os aparelhos antigos não conseguiriam suportar as melhorias. "Se você bater muito tempo na mesma tecnologia, ela fica em um estágio de acomodação", explica Fernandes.
Transmitir dados com mais velocidade é importante porque arquivos muito pesados, como vídeos longos ou de alta resolução, estão se tornando comuns e são difíceis de serem levados para outro dispositivo sem a devida melhoria prometida pelo padrão USB 3.1.
E como uma mudança leva a outra, o consórcio que cuida dos padrões USB aproveitou para melhorar a entrada para que seja simétrica, impedindo que o usuário quebre o celular encaixando sem querer do lado errado.
Segundo o especialista, como os aparelhos que trazem a novidade são caros, o público que terá de se adaptar num primeiro momento "será diferenciado".
"Com o passar do tempo, quando o padrão se tornar 'popular', ninguém vai se chatear", diz.
Marcelo de Oliveira Parada, professor de Engenharia Elétrica do Centro Universitário FEI, também defende a mudança: "Pode ser um pouco desagradável por um período, mas logo estaremos acostumados. Por enquanto, o uso de adaptadores resolverá o problema sem maiores transtornos".
Foi o que fez a Samsung, por exemplo. A linha Galaxy A 2017, que conta com Type-C, vem com um adaptador.
"[A Type-C] tem uma comunicação mais avançada entre dois dispositivos. Você poderá, por exemplo, colocar o cabo no laptop e no celular. E, em vez do celular carregar, poderá ocorrer o inverso: o laptop ser carregado", diz Renato Cerquetti, gerente de negócios da Sony no Brasil.
O que ninguém parece considerar, no entanto, é que normalmente usamos mais de um carregador de celular, por exemplo --um no quarto, um no trabalho, um no carro, um na sala etc. É uma mudança que pode dar trabalho e custar caro para o usuário se adaptar.
Renato Arradi, diretor de produtos de celular da Lenovo no Brasil, ressalta ainda que não dá para saber quanto tempo vai demorar para a tal popularização da nova entrada.
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