Topo

Celular da Motorola de R$ 900 consegue aguentar até 5 dias longe da tomada

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

26/07/2017 04h00

O Moto E4 Plus chegou ao Brasil na esteira de um filão em ascensão: os celulares com super baterias. Galaxy A9 (Samsung), Moto Z Play (Motorola) e Zenfone 3 Zoom (Asus) fazem parte dessa mesma vertente, com baterias acima de 3.000 mAh, quantidade vista nos aparelhos mais comuns atualmente. O que eles vendem é a liberdade de te deixar longe do carregador por dois dias ou mais de uso moderado. Com uso de funções mais simples, dá para ficar quase cinco dias longe da tomada.

Os números da bateria do E4 Plus espantam: são 5.000 mAh em um produto que custa menos de R$ 1 mil -- cerca de R$ 900 na verdade -- para o consumidor. Mas sabemos que bateria não é tudo em um celular, e se você chegou a esse texto esperando mais surpresas nos outros quesitos relevantes em um smartphone -- câmera, desempenho, tela, etc. --adiantamos que ele não se destaca em nada disso e até decepciona um pouco em alguns deles.

Design e hardware

Ao pegar no aparelho é nítida a intenção de design da Motorola: seus celulares de 2017 que não são modulares (que agregam acessórios de luxo na traseira), como o Moto Z, Z Play e Z2 Play, trazem bordas traseiras curvas para ajudar na pegada, além da câmera de vidro protetor arredondado, que nem vimos nos Moto G5 e G5 Plus. Feito em metal e na cor dourada (há versões em titanium e azul safira), ele é de fato bonito.

Mas a beleza atrapalha também. Como aconteceu com os modelos da concorrência, a bateria gigante do E4 Plus prejudicou seu tamanho, deixando-o enorme e pesado, com 155 milímetros de altura e 198 gramas. Somado ao corpo em metal, ele ficou escorregadio demais: o nosso modelo de teste caiu bastante no chão.

E mesmo na mão, você vai ter problemas. Não apenas por causa do peso, que vai te cansar se usá-lo por minutos a fio sem apoiar o braço em alguma coisa. Mas além disso, você sofrerá um pouco para abrir a traseira pela primeira vez para incluir o cartão SIM: o encaixe é preso demais, mas pelo menos cede um pouco após conseguir abri-la. Cuidado com a unha.

A tela de 5,5 polegadas parece maior do que realmente é por causa da dificuldade de clicar em pontos mais extremos com os dedos. O touch também parece pouco responsivo. Pelo menos vem com uma tela bonita, levando-se em conta o perfil do E4 Plus-- vem na simples resolução HD, mas que passa bem.

Desempenho na prática

Por dentro, o processador Mediatek MT6737 roda a até 1,3 GHz. Isso é pouco, mas como são 2 GB de RAM, deu conta das tarefas básicas de forma satisfatória. Só vai devolver engasgos, alguns momentos de lentidão e ocasionais travadas. O armazenamento é de 16 GB, hoje em dia considerado pouco para quem gosta de instalar muitos apps e guardar muitos vídeos.

Com Android 7.1 quase puro, ele não difere muito do que vimos no Moto G5, mas o ponto negativo é que o app Moto, que traz algumas personalizações bacanas nos outros modelos recentes da Motorola, veio um pouco "capado" desta vez.

Câmera

Dois dos atalhos de gesto mais legais da marca, o de abrir a câmera girando o pulso duas vezes e o de agitar o celular duas vezes para ligar a lanterna-flash, estão ausentes. Restaram o de redução de tela com deslize de dedo, e a navegação no sistema Android via sensor de digital, que elimina da tela os botões virtuais Voltar, Home e Multitarefa --que na minha opinião são descartáveis.

A câmera de 13 MP é sem dúvida o ponto mais lamentável do E4 Plus. É lenta na velocidade do clique, na captação de foco e rende fotos com cores apagadas demais e luz bem irregular. Também não vem com o modo manual presente na linha Moto G. Veja alguns exemplos:

Foto tirada com o Moto E4 Plus  - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Imagem: Márcio Padrão/UOL
Foto tirada com o Moto E4 Plus - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Foto tirada durante a noite
Imagem: Márcio Padrão/UOL
 
Imagem tirada com o Moto E4 Plus - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Selfie
Imagem: Márcio Padrão/UOL
 
Foto tirada com o Moto E4 Plus - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Foto em dia ensolarado
Imagem: Márcio Padrão/UOL

Bateria monstra

E a bateria? Bem, quanto a isso não temos o que reclamar. Os 5.000 mAh fornecem uma autonomia ótima. Com uso alternando entre leve e moderado e no brilho de tela médio --duas horas de Netflix (com vídeos salvos offline na memória), duas horas de navegação de internet no Wi-Fi, algumas fotos, alguns jogos sem grande capacidade gráfica e a maior parte do tempo no modo de espera, ele rendeu cerca de cinco dias.

É claro que um uso mais intenso reduzirá essa carga mais rapidamente, mas dá para especular, com base na minha experiência, que no uso pesado --mais câmera, ele aguentaria dois dias inteiros ou um pouco mais, dependendo de cada situação.

E aí, vale?

Mas no pesar da balança, percebe-se que o Moto E4 Plus tem um objetivo bem específico: ser um celular barato para um público cansado de carregar celular todo dia. Para atingir esse feito, a Motorola baixou a bola em todas as demais especificações.

E ao fazer isso, acabou tendo como concorrente direto do E4 um outro celular fora desse perfil, mas dentro da mesma faixa de preço: o Moto G5, tão citado neste texto. Com câmera e desempenho um pouco melhores, além de ser menos trambolhento, o Moto G5 é um produto mais redondo para todos os gostos que o E4.

Por outro lado, a concorrência dos modelos de super bateria na Samsung, Asus e da própria Motorola são bem melhores no geral, mas também bem mais caras; o Galaxy A9 ainda não sai por menos de R$ 1.700; o Zenfone 3 Zoom, por RR$ 1.800nbsp;1.800; e o "irmão caro" Moto Z Play, R$ 1.900. Nesse sentido, o E4 Plus é o grandão voltado para as massas.

Ficha técnica: Motorola Moto E4 Plus

Tela: 5,5 polegadas HD (720 p)
Sistema Operacional: Android 7.1 Nougat
Processador: Mediatek MT6737, (quad-core, 1,3 GHz)
Memória: 16 GB de armazenamento (cartão de memória de até 256 GB) e 2 GB de RAM
Câmeras: 13 MP (principal) e 5 MP (frontal)
Dimensões e peso: 155 x 77,5 x 9,55 mm; 198 gramas
Bateria: 5.000 mAh
Pontos positivos: bateria gigante e preço acessível.
Pontos negativos: câmera ruim, aparelho grande e pesado.
Preço: R$ 900;