Entenda por que ter um fone de ouvido melhor (e mais caro) não é frescura
O sucesso dos smartphones na última década remodelou uma série de conceitos e hábitos de tecnologia, e um deles refere-se aos fones de ouvido. Quase todo celular passou não só a armazenar e tocar arquivos de música MP3 como trazer na caixa um fone do estilo "in-ear" --os que são "enfiados" nos ouvidos. A maioria das pessoas praticamente só compra um fone desses quando o original do celular quebra ou é perdido.
O que não está necessariamente errado. Afinal, se você comprar um celular de uma marca de renome, espera-se que o fone que acompanha seja um bom acessório para o cotidiano. Mas o problema está na hora de substituir. Para economizar, muita gente opta por produtos de má qualidade ou mesmo modelos piratas de camelô, que são bem baratos. Mas são também muito ruins.
Para saber o quão ruins são, o UOL Tecnologia procurou um expert em áudio --no caso, o técnico de som Fernando Narcizo, que já trabalhou com Arnaldo Antunes, Céu e Elza Soares -- para ouvir e analisar vários fones in-ear de marcas e modelos diferentes, do mais barato ao mais caro.
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Fanático por fones, o atual fone in-ear eleito por ele é o da Apple, que acompanhou um iPhone 5C, lançado em 2013. Por isso, quando começamos o teste por um fone vendido em um camelô de São Paulo, a R$ 20, Fernando foi taxativo após ouvir alguns segundos da música: "Esse fone é uma merda. Pode jogar fora", disse.
A explicação para a má qualidade do produto é que o som em um fone pirata fica "embolado" demais, como se o som estivesse mal gravado, com os timbres meio ocos e quase ausência de grave. O tal fone veio em uma caixa que informa se tratar de um suposto modelo chamado Superbass, da Samsung --a reportagem não encontrou esse modelo em buscas na internet.
Na caixa informa que ele alcança de 18 Hz a 21 mil Hz de frequência, o que o credenciaria com um bom alcançe das baixas (grave) às altas frequências (agudo). Mas para Fernando, as informações da caixa "são mentira", pois o resultado ouvido por ele não condiz com esses dados.
Nível sobe com fones mais caros
Ok, o de camelô não é bom. Mas a coisa já muda de figura quando testamos o fone seguinte, o SHE3010 da Philips. A boa notícia sobre ele é que é só um pouco mais caro que o modelo pirata --na faixa dos R$ 30-- mas a qualidade do som já melhora bastante.
"O som dele é melhor. Mais agradável de ouvir. Ainda tem pouco grave, mas perdeu um pouco daquela sensação de som embolado", diz Fernando. Sobre o fato da construção dele ser aparentemente frágil e similar ao de camelô, com fios finos, o técnico crê que isso não é determinante. "Alguns fones podem ser frágeis e funcionam bem. Tudo depende do manuseio do usuário", opina.
Outros modelos da Philips um pouco mais caros, o Vibes SHE3705 com preço médio de R$ 70, e o esportivo SHQ1405, por R$ 130, já trazem níveis bem melhores de grave e os instrumentos já soam mais nítidos. No segundo, há uma redução de volume, talvez por conta de ser um modelo que permite entrada do som ambiente.
Os modelos mais caros que testamos foram o Sony Extra Bass MDR-XB50BS, de R$ 360, que é dessa nova safra esportiva bluetooth ao redor do pescoço, com um fio entre os alto-falantes; e um Sennheiser CX 300 II, que não vende no Brasil pelo varejo convencional, mas pode ser encontrado no Mercado Livre por valores a partir de R$ 130.
Ambos foram elogiados por Fernando. "O da Sennheiser tem um ótimo grave. O Sony Extra Bass tem um grave melhor que os outros, mais redondo. Passa um pouquinho do ponto ideal, até. Mas é uma questão de perfil", diz.
Há modelos de in-ear ainda mais luxuosos no mercado, mais caros do que muito fone supra-auricular (os mais convencionais, que envolvem o ouvido externamente). Os Airpods da Apple, por exemplo, estão na faixa dos R$ 1.400.
Nem sempre fone de celular é ruim
Voltando à questão que abre este texto, é importante salientar que a qualidade do fone de ouvido que acompanha o celular varia conforme o modelo e costuma ser diretamente proporcional ao preço do smartphone; quanto mais caro, maior a chance do acessório ser bom. Vide o próprio fone da Apple elogiado pelo técnico.
Além dos fones avulsos, a reportagem levou para Fernando Narcizo o fone que acompanha o smartphone intermediário Galaxy A7 (2017), da Samsung, que foi testado pelo UOL Tecnologia há alguns dias. Ele também é usado em outros modelos, como o Galaxy A5 e o J7 Prime.
E o fone surpreendeu Fernando. "O isolamento deste é maior, por conta das coberturas de silicone que envolvem os alto-falantes e ajudam a entrar no ouvido. É um fone que eu gosto. Veste bem, tem um bom grave. É o mais próximo do fone do iPhone. Só acho as altas frequências do iPhone mais claras", analisou.
A visão das empresas
Para as fabricantes, investir em fones de camelô só trazem malefícios para o usuário. "A durabilidade dele vai ser muito baixa. Um fone que custou barato no camelô vai ter cinco vezes maior chance de quebrar do que um que custou R$ 50", diz Nicolas Fernandes Nascimento, gerente de marketing da Gibson no Brasil. Famosa por suas guitarras e amplificadoras, a Gibson é parceira da Philips no segmento áudio.
Marcelo Gonçalves, gerente de marketing e da Sony Brasil, crê que o sucesso dos in-ear vem de fatores como praticidade, discrição, abrangência (por acompanhar os celulares), o fácil encaixe e a qualidade sonora.
"Outras características como o microfone integrado, controle de volume e de reprodução também estão sendo valorizadas. Nos modelos esportivos, temos uma construção ergonômica e resistente à água e ao suor, além de microfone integrado e ajuste de volume", destaca.
Além disso, comprar um produto de uma marca reconhecida, no varejo comum, vai dar ao usuário uma nota fiscal que o cobrirá na garantia --de três a seis meses, dependendo do produto. É um pouco menor que os 12 meses de outros eletrônicos, mas é melhor que ficar descoberto, como seria comprar um fone pirata no camelô. "É um produto que o uso é mais contínuo e o cuidado é menor que com outros aparelhos", justifica Nascimento.
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