Sabia que a maioria do tráfego da internet brasileira não vem de pessoas?
Não é apenas você e seus amigos que acessam a internet todo dia. Outras máquinas também fazem isso, e de forma às vezes ilegal.
Uma pesquisa realizada entre as empresas ligadas à Abrahosting (Associação Brasileira das Empresas de Infraestrutura e Hospedagem na Internet) identificou que cerca de 60% de todo o tráfego de dados que atinge a estrutura dos provedores de internet no Brasil são constituídos por mensagens e interações geradas por códigos robóticos pré-programados, os chamados "bots" (corruptela de "robots", robôs).
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Este percentual inclui tanto mensagens de e-mail e solicitações de acesso originadas a partir de bots "benignos" quanto a partir de redes de máquinas escravizadas (as botnets). Essas últimas transformam computadores de usuários comuns --sem que estes saibam disso-- em estruturas "zumbis" para espalhar "malwares" (programas malignos) ou links de propaganda invasiva.
As empresas participantes da pesquisa, que responderam via questionário, concentram cerca de 60% de todo o tráfego da internet brasileira, de acordo com a Abrahosting. Algumas delas são o UOL Host, Locaweb e Hostnet.
Segundo elas, cerca de 45% do tráfego gerado por robôs são coisas permitidas, como gerenciadores de busca por palavras-chave ou verificadores de versões atualizadas de programas.
A maioria, entretanto (55%), vem de eventos maliciosos, como a disseminação de "spam" (propaganda excessiva por e-mail) ou a geração de links em cascata, seja para atrair descuidados ou para influenciar sistemas de medição de audiência e ampliar o número de acessos a certos sites e redes sociais.
Em 2014, o Twitter divulgou um documento apontando que cerca de 23 milhões de contas do serviço eram controladas por "bots". Essa quantia era, na época, aproximadamente 8,5% do total de perfis ativos mensalmente na rede social (271 milhões naquele ano).
No Instagram, perfis falsos normalmente usam engenharia de bots para espalhar curtidas e seguir o máximo de pessoas indiscriminadamente.
De acordo com Vicente de Moura Neto, presidente da Abrahosting, a presença de interações robóticas tende a crescer e predominar amplamente no tráfego da Internet, em comparação com as ações humanas.
Entre os motivadores da tendência estão o crescimento das redes sociais, os games robotizados e o rápido avanço dos sistemas de atendimento por "chatbots" ou bots de instrução, que emulam a linguagem humana para substituir atendentes (ou tutores) em áreas como vendas, suporte técnico, roteirização urbana e até ensino à distância.
Um sinal da tendência é que no ano passado, o Facebook implementou a possibilidade de empresas usarem "chatbots" no Messenger.
"Os bots já não interagem apenas com os humanos, pois há um crescente movimento de comunicações bot2bot (de bot para bot) que se tornará ainda mais visível com a proliferação da internet das coisas", afirma o executivo.
Outros malefícios dos bots afetam diretamente os usuários finais. Uma das modalidades que mais causam danos são as que realizam ações de "data mining", para mapear contas de usuários e clonar suas identidades para a prática de fraudes.
Há também os que empregam computação em "cluster" (apoiada em máquinas "zumbis") para violar chaves de acesso por estresse, ou seja, pelo uso de milhões de combinações por segundo até a quebra de uma senha.
Para manterem o controle do tráfego e se protegerem contra ameaças, as empresas associadas à Abrahosting estão investindo em soluções de segurança como analisadores de fluxo e de comportamento de uso da banda, farejadores de conteúdo e firewalls (espécie de proteção vistual) de aplicação, capazes de monitorar eventos de segurança tanto em nível local quanto na computação em nuvem.
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