Por que tem fila de espera para a nova câmera inteligente do Google?
O Google revelou no ano passado uma nova câmera inteligente chamada Clips. Funciona assim: você coloca a câmera em um local e a deixa fazendo seu trabalho sozinha. Ela vai tirar as melhores fotos do seu dia usando aprendizado de máquina e inteligência artificial.
A câmera custa US$ 249 (R$ 821) e finalmente começou a ser vendida nos EUA. Quer dizer, começou e já parou. Quem quiser uma precisa entrar numa lista de espera, porque a empresa parou de aceitar pedidos por ora.
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De acordo com o site de notícias "Engadget", aqueles que conseguiram completar o pedido receberam datas de entrega que variam de 27 de fevereiro a 5 de março. O Google não informou quando começará a receber pedidos novamente.
Por que alguém quer isso?
A Google Clips --seu nome faz referência a uma espécie de grampo que serve para ela ser fixada em diferentes locais-- é teoricamente capaz de saber exatamente o momento certo de tirar uma foto. Por exemplo, quando todos no ambiente estão compartilhando uma risada após uma piada feita por alguém do grupo.
Com um design muito semelhante às Polaroids, que são famosas por tirarem fotos instantâneas, a Google Clips aparenta ser um equipamento prático. De acordo com a fabricante, ela "não pesa quase nada", o que deve facilitar seu manuseio.
Mas o grande lance é que ela não precisa ser manuseada e funciona automaticamente o tempo todo.
As fotos são sincronizadas via Wi-Fi com o app Google Clips, disponível para Android e iOS. Basta rolar a tela e escolher os momentos que você quer salvar ou deletar. É possível também selecionar um frame individual de um vídeo para salvar como uma foto em alta resolução. Aí você pode mandar as imagens para sua galeria ou Google Fotos.
Algumas das especificações da câmera:
- 16 GB de armazenamento interno
- Mede 50 mm quadrados
- Lente de 12 MP que grava vídeos e fotos
- Campo de visão de 130 graus
- Salva até 3 horas de vídeo selecionado
O equipamento tem como foco pais e donos de animais de estimação. Assim, é possível capturar momentos espontâneos de suas crianças ou cachorros que dificilmente seriam flagrados.
A Clips funciona melhor com o Google Pixel, mas também pode ser usada com o Samsung Galaxy S7 e S8, além do iPhone 6 ou versões superiores do telefone da Apple.
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E a minha privacidade, como fica?
A grande questão que fica deste novo dispositivo é a seguinte: e minha privacidade? O tema é espinhoso.
A partir do momento em que a Google Clips é acionada, tudo é filmado. O Google até tenta responder a algumas perguntas pertinentes sobre este assunto de forma genérica. De maneira geral, a impressão para alguns é que o aparelho é "invasivo".
A empresa afirma, por exemplo, que o produto é idêntico a uma câmera e precisa ser ligado (aceso), assim todos ao redor sabem quando ela está filmando. Também diz que todo o aprendizado de máquina ocorre no próprio dispositivo, não em servidores do Google. E alega que nada sai do aparelho até que você decida o que salvar e o que compartilhar.
Há ainda mais uma recomendação importante feita pelo Google. A empresa, durante toda sua demonstração, exaltou a “privacidade” no uso do aparelho. A todo momento, o destaque é para como ele funciona bem em sua casa, para capturar momentos com sua família. Mas nada impede que ela seja usada em público, o que pode incomodar algumas pessoas.
Segundo o "The Verge", o Google alega ainda que a câmera não compartilha dados ou imagens com os serviços da companhia na nuvem automaticamente. Tudo, também segundo a companhia, é criptografado até você passar as imagens do app para seu celular. Essa afirmação, contudo, vem de uma companhia famosa por fazer dinheiro graças aos dados de seus usuários.
Outros produtos já foram questionados
A questão da privacidade com equipamentos eletrônicos não é nova. Atualmente, não damos conta (ou na maioria dos casos "fingimos que não sabemos") dos inúmeros dados pessoais que compartilhamos com empresas como Facebook e Google. Ao usar seus aplicativos, como Facebook e Google Maps, várias informações sobre você e sua localização ajudam as companhias a fazer (muito) dinheiro.
Essa preocupação foi ampliada com produtos semelhantes à Google Clips. O Google Home ou o Amazon Echo, por exemplo, são sucesso de vendas nos EUA. Eles são assistentes virtuais que interagem com o usuário pela voz e despertam a preocupação de as conversas nas casas de milhões de pessoas estarem sendo constantemente monitoradas.
Já houve caso de a Justiça americana ordenar que a Amazon entregasse arquivos de áudio capturados após um caso de homicídio no Arkansas.
As empresas costumam alegar que os dispositivos, que estão constantemente ligados, só são ativados após ouvirem a frase que desperta eles do stand-by (como "ok, Google"). Mesmo assim, não se sabe o que Amazon ou Google fazem com os dados da interação por voz do produto com o usuário.
A cada novo equipamento, as empresas buscam formas de passar confiança aos consumidores com assuntos sensíveis como a privacidade. As companhias parecem sérias sobre isso – principalmente quando envolve hardware. No fim, cabe ao consumidor acreditar ou não no que elas prometem – apesar de que o futuro aparenta ser cada vez menos “privado”.
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