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Apple vai ter que se explicar à Justiça dos EUA por lentidão nos iPhones

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Do UOL, em São Paulo

31/01/2018 10h23Atualizada em 31/01/2018 12h38

O Departamento de Justiça e a SEC (reguladora da bolsa americana) não esqueceram aquela história de a Apple não ter sido muito clara com seus usuários sobre um recurso que reduzia o desempenho dos iPhones mais antigos e confirmaram nesta terça-feira (30) o início de investigações para saber se houve má intenção.

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A investigação nos EUA quer determinar se os usuários foram advertidos, de maneira clara, sobre os efeitos concretos desta intervenção, ou seja, a desaceleração dos aparelhos durante um uso intenso.

Sobre o caso, a Apple enviou um comunicado à imprensa americana nesta quarta (31) reiterando o que disseram em dezembro. "Nós nunca faríamos nada para encurtar intencionalmente a vida de qualquer produto da Apple, ou degradar a experiência do usuário para impulsionar atualizações de clientes". A SEC e o Departamento de Justiça se negaram a comentar o assunto.

Entenda o caso

Em dezembro, a Apple admitiu que modificou os programas de alguns modelos de iPhone (iPhones 6, 6S, SE e 7) para impedir que parassem de funcionar de repente. 

Na versão da Apple, isso é algo que pode ocorrer quando as baterias começam a dar sinais de envelhecimento e que podem acarretar em desligamentos temporários do celular. As fabricantes rivais negam que fazem isso.

No último dia 17 de janeiro, o CEO da Apple, Tim Cook, disse em entrevista à rede de TV americana "ABC" que a empresa informou a mudança quando lançou o sistema iOS versão 10.2.1 há cerca de um ano, mas que as pessoas não deram bola na época. "Quando lançamos isso, dissemos o que era, mas acho que muitas pessoas não estavam prestando atenção, talvez também devêssemos ter sido mais claros".

Como parte da desculpa aos consumidores, a empresa deu um superdesconto para quem quiser trocar sua bateria velha por uma nova, e assim evitar que o recurso que traz lentidão de desempenho seja ativado.

Nos EUA, o preço cairá de US$ 79 para US$ 29; no Brasil, de R$ 449 para R$ 149. Mas nisso ela criou um novo problema: onde foi parar todo aquele discurso da companhia de cuidar do meio ambiente?

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A falta de transparência da Apple levou a processos de consumidores também na Austrália e em Israel. Nos EUA, o site "Patently Apple" contabiliza várias ações, sendo que uma delas pede US$ 999 bilhões de indenização.

No Brasil, o Procon-SP notificou em 3 de janeiro a Apple Brasil para obter mais informações sobre a mudança no software e detalhes sobre o novo programa de troca de baterias.

A Justiça francesa também abriu uma investigação contra a Apple por "obsolescência programada" (desenvolver produtos feitos para ter queda de desempenho após alguns anos). Grupos de usuários acusaram a companhia de ter ocultado a modificação nos aparelhos e de ter feito isso com o objetivo de impulsar as vendas de seus modelos mais recentes.

João Carlos Lopes Fernandes, professor de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia, disse ao UOL que não acredita nessa teoria da obsolescência, pois a marca só teria a perder se tirasse rapidamente do mercado toda a sua linha antiga de produtos. 

"Os processadores antigos costumam ficar um bom tempo no mercado. Quando surgem os novos, cai o preço do processador mais antigo, que pode chegar a metade do preço. Quando veio o iPhone X, o iPhone 7 teve queda de preço, por exemplo", diz Fernandes. (Com agência AFP e Bloomberg)

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