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Quer um trabalho com mais significado? Movimento maker pode ser a solução

Mitch Altman acredita que as pessoas precisam encontrar coisas significativas para fazer em suas vidas e não só ter trabalhos para pagar as contas. - Pablo Raphael/UOL
Mitch Altman acredita que as pessoas precisam encontrar coisas significativas para fazer em suas vidas e não só ter trabalhos para pagar as contas. Imagem: Pablo Raphael/UOL

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

06/02/2018 04h00

Alto, magro e com longos cabelos brancos e roxos, o norte-americano Mitch Altman não passa despercebido nem no ambiente alternativo da Campus Party. Hacker e inventor, Altman é um dos pensadores do movimento maker. 

Você pode não ter ouvido falar deles ainda, mas com certeza já viu algumas de suas criações, como drones, impressoras 3D e muitos dos apps que usa no seu smartphone.

O que diferencia Altman e outros makers das grandes empresas de tecnologia é a mentalidade hacker e a busca por criar coisas que tenham importância e significado pessoal para os inventores, mais do que a busca por lucros. Um "faça você mesmo" ampliado --ou, como Altman aponta, "faça junto com os outros".

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Mais do que programadores, o movimento reúne pessoas inventivas, que querem criar novas tecnologias e fazer coisas eletrônicas, mas também arte, música, ciência e até comida.

O que começou como um grupo de 14 pessoas, agora conecta milhares ao redor do mundo. "É uma comunidade, e as pessoas precisam disso para encontrar algo que dê sentido para suas vidas", diz Altman.

O movimento continua crescendo porque as pessoas aprendem e crescem, encontram formas de ganhar a vida fazendo coisas que tem significado ao invés de só ter um trabalho para fazer dinheiro

Ganhando o mundo

Impressoras 3D são um ótimo exemplo de coisas que vieram do movimento maker. Altman lembra que seu inventor, Bree Pettis, era um obcecado pelo assunto num espaço hacker em Nova York. Então conseguiu ajuda de pessoas, de todos os cantos do mundo, que estavam trabalhando nessa tecnologia muito antes dele.

"Todos se ajudaram, mas Bree foi o primeiro a ter todos os elementos para fazer uma [impressora] que pudesse ser disponibilizada como um kit para outras pessoas. Ele fundou a MakerBot, que rapidamente se tornou uma grande empresa e foi vendida por quase meio bilhão de dólares alguns anos depois".

MakerBot - Divulgação - Divulgação
Impressora 3D doméstica da MakerBot
Imagem: Divulgação

Outra criação de makers que se popularizou são os drones. Eles vieram de um grupo de hackers alemães que mostraram o primeiro drone voador, que eles chamavam de Microcopter, em 2006. "Era uma coisa fantástica, feita com hélices computadorizadas e chips de computador. Não era bonito, mas voava! Era uma coisa incrível e por isso conquistou a imaginação de muitas outras pessoas".

"São coisas que as pessoas que estão fazendo acham incríveis, e esse sentimento faz com que outras pessoas queiram fazer também. Isso se espalha: apps para celulares, programas para computador, arte, quadrinhos, eletrônicos que você usa na roupa, o que quer que seja":

Pegue as ideias que você tem, as coisas que quer e faça você mesmo, faça junto com outras pessoas

Ideias criativas que ganham o mundo e dão lucro. Ou seja, viram alvo fácil para investidores. Esse é o pior pesadelo de Altaman: "Ver os criadores sendo explorados por gente que quer apenas ganhar muito dinheiro é uma fantasia sombria, mas acontece".

"Minha maior fantasia é imaginar todas as pessoas sendo incentivadas a fazer o que querem e a ver o que os outros estão fazendo", diz.

O dinheiro viria da admiração que as pessoas têm pelos projetos. É o princípio por trás dos "crowdfundings".

"Se existirem centenas de milhares de pequenos negócios sustentáveis crescendo assim, isso seria a base para uma grande quantidade de pessoas em nosso mundo vivendo vidas que valem a pena e também a base para uma economia incrível para todos", afirma.