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Smart TVs também precisam de antivírus?

Márcio Padrão

Do UOL, em Barcelona *

07/03/2018 04h00

Pouca gente se dá conta, mas as smart TVs são dispositivos primos de computadores e celulares. Elas têm interface com ícones, acesso à rede Wi-Fi e baixa conteúdos da internet, incluindo programas e websites. E, por isso mesmo, é curioso que ninguém tenha nos avisado que existe antivírus para elas.

A ESET, empresa de segurança digital, aproveitou a feira MWC de Barcelona para vender seu peixe e nos assustar: sua Smart TV pode, sim, ser infectada com malware. Então, previna-se;

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Segundo a ESET, a solução passa por proteger aparelhos com sistema operacional Android TV de quatro formas:

  • antivírus
  • anti-ramsomware (impedindo bloqueios de tela externos)
  • escaneamento multidispositivos, incluindo aí pendrives acoplados à TV
  • anti-phishing (contra roubos de dados pessoais e informações sensíveis)

Este último recurso, a empresa só disponibiliza na versão paga, que custará cerca de 10 euros por ano, mas as demais são gratuitas. 

Na demonstração da MWC, pudemos ver em ação o sistema resolvendo três situações: um pendrive infectado em uma das portas USB do televisor, um site com código malicioso --que poderia, por exemplo, inscrever o usuário em um sistema de SMS pago-- e um programa instalado por um app indevido que passaria a usar o processamento da TV para minerar bitcoins.

Os casos de ataques desse tipo são raros, mas não podemos esquecer que TVs inteligentes já são tema de brechas de segurança há alguns anos.

É possível controlar remotamente o televisor, trocar de canal, visualizar o histórico de navegação, verificar informações pessoais do usuário, além de acessar os arquivos de um pendrive ou HD externo.

Em 2012, a LG inclusive foi acusada de ter modelos que vasculhavam arquivos de pen drives para mostrar publicidade customizada sem o consentimento dos usuários. A empresa admitiu o erro e lançou uma atualização de sistema para quem não quisesse liberar essas informações.

Além disso, um vazamento sobre espionagem digital revelou que a agência de inteligência americana, a CIA, conta com um arsenal de ferramentas hackers e explora falhas de segurança do tipo "dia zero" (jargão para falhas desconhecidas pelos fabricantes). Com softwares e vírus, consegue invadir os microfones das smart TVs da Samsung. O documento do WikiLeaks citava um mecanismo para comprometer os televisores modelo F8000 chamado "Weeping Angel" ("Anjo chorão", em português).

As conversas seriam transmitidas pela internet para servidores da CIA assim que as televisões voltassem a ser ligadas. A Samsung corrigiu a brecha, mas outras sempre podem surgir.

"Monitoramos continuamente os riscos de segurança em todas as nossas plataformas de Smart TV e, se encontrarmos um risco, cuidamos imediatamente. A melhor ação que os consumidores podem tomar para garantir a segurança de qualquer dispositivo é manter sempre seu software e aplicativos atualizados”, disse a empresa, na época.

Quer dizer, se a CIA ou um hacker vão ouvir o que estamos falando ou acessando nossos dados não dá para saber, mas o fato é que estamos vulneráveis. Talvez falte pouco tempo para os problemas começarem a surgir aos montes.

Para Camillo di Jorge, presidente da ESET no Brasil, o problema com as TVs inteligentes é algo que deve crescer com a penetração cada vez maior da chamada Internet das Coisas, com objetos conectados e cada vez mais inteligentes.

"Se vai conectar uma TV à internet ou o celular a uma rede desconhecida, vai correr riscos", diz, reforçando que não existe um sistema 100% seguro.

O jeito é se prevenir.

Então, além de ficar de olho em pacotes de antivírus para TVs, ative a atualização automática do seu aparelho. Use um roteador configurado de forma segura e use unidades USB, como pendrives e HD externo, com cautela (se você não tem antivírus na sua TV, cheque antes o estado das unidades usando um computador).

Veja também: aprenda a deixar sua TV "esperta"

UOL Notícias

* O repórter viajou à MWC a convite da Motorola