Quais são as startups que estão criando a cena tec de Manaus
Diga rápido: o que vem a sua cabeça quando falamos do Amazonas? Os mais apressados vão falar da flora e da fauna. Outros podem citar a rica cultura da região. Talvez, um grupo menor também se lembre que Manaus também representa um dos mais importantes polos industriais do Brasilzão.
Regulamentada em 1957 e criada em 1967, a Zona Franca abriga pelo menos 700 indústrias, incluindo televisão, informática, bens de consumo e motocicletas. Além de fábricas, há também os polos comercial e de agronegócio. A região gera pelo menos 500 mil empregos, e cada vez mais abre as portas para iniciativas tecnológicas que atingem o resto do país. Assim, entre a selva e as fábricas, uma nova cena de startups começa a brotar na cidade.
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É difícil precisar o quanto está sendo investido nessas companhias emergentes, mas um único programa bancado pela Samsung rendeu R$ 2,5 milhões para diversas startups, incluindo algumas da região. Em média, as startups locais recebem até R$ 100 mil de investidores-anjos, segundo do Antônio Junior Pinheiro, investidor-anjo local.
No começo da década, a local Ingresse, facilitadora de venda de ingressos, chegou a receber um aporte de mais de R$ 2 milhões para estabelecer seus serviços, o que permitiu a companhia a chegar em São Paulo em 2013. Outro nome local que está num momento de bater asas para fora é a produtora de games Flying Saci.
Pode parecer inimaginável para alguns, mas não é difícil entender como Manaus pode ser um terreno fértil para uma nova geração de companhias tecnológicas.
Cultura tecnológica
Graças à Zona Franca, a cidade sempre teve portas abertas para uma cultura de empresas tecnológicas. Em maio de 2013, a Sony passou a produzir o console PlayStation 3 em seu parque industrial. Enquanto isso, a Microsoft teve por um tempo a planta da Nokia, uma das mais antigas na região, e vendeu para a Flextronics no ano de 2015.
Os games, por exemplo, ficaram entre os artigos mais vendidos na região até 2015, segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Somada à infraestrutura e à mão de obra já existentes, a proximidade com grandes nomes globais da tecnologia acabou inspirando novos negócios.
Temos algumas vantagens, como ter acesso a grandes multinacionais aqui
Bárbara Nicolau, a presidente da DreamkidStudio
Por outro lado, a região ainda apresenta desafios locais que pedem soluções inteligentes. Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2016 do Cetic.br, órgão do Comitê Gestor da Internet nacional, 54% dos brasileiros estão online de alguma maneira – sobretudo através de smartphones. No entanto, segundo o mesmo levantamento, a região norte e as áreas rurais em geral possuem menos de 30% de suas populações conectadas.
Os empreendedores locais têm a oportunidade de criar aplicações e programas que podem melhorar a qualidade de vida em cidades que não são tão urbanizadas quanto as metrópoles de outras regiões. Os segmentos das startups locais é variado: inteligência artificial,saúde e bem-estar, educação digital, fintech (startups financeiras) e internet das coisas.
A primeira aceleradora de Manaus é a FabriQ Aceleradora, da fomentadora de startups Jaraqui Valley que foi criada em 2014. A fundação dela foi seguida pela UP Aceleradora, que chegou à capital amazonense somente em abril de 2017.
Pessoas, cidades e serviços
Entre as startups que focam em pessoas estão a Dreamkid Studio, que desenvolve apps de realidade aumentada com função educativa. Assim, consegue oferecer aulas personalizadas.
"Vimos a possibilidade de explorar esta tecnologia para ajudar psicólogos, educadores e pais a trabalharem a educação emocional com crianças ou a identificar conflitos internos”, diz Nicolau.
No outro extremo, olhando para a população mais velha, está a Engenho Soluções e Inovações Tecnológicas, que desenvolveu um app chamado SeniorsApp. Ele aglutina mapa com geolocalização, números de emergência e pequenas ferramentas digitais para verificar pressão arterial e glicose. Ou seja, é basicamente um cuidador eletrônico para o idoso que precisa ter atenção redobrada com a saúde, que muitas vezes pode estar frágil.
"A ideia para o app surgiu quando fazia mestrado em Recife. Minha mãe adoeceu e senti essa dor bem de perto. Tinha necessidade de acompanhar a saúde dela, poder saber se tinha tomado os medicamentos", diz Dalvanira Santos, presidente da Engenho.
Entre as empresas focadas casas conectadas estão a Amazon Smart, que produz a iZBox, uma caixa emite sinais infravermelhos para controle de eletrodomésticos, iluminação e climatização de casas. Ele é um dispositivo de manutenção automática dos objetos domésticos.
Na mesma linha, o Buy Messenger da empresa amazonense Maker Company permite a busca e compra de produtos através de programas como Messenger e Telegram, criando um ambiente de marketplace lucrativo através das trocas de mensagens que já fazemos hoje.
Exemplo
Um dos objetivos das startups de Manaus é sair da cidade para oferecer seu trabalho no resto do país, como fez o estúdio Flying Saci, que produz jogos focados na educação. Seu principal app é o Matemagos, jogo dinâmico com o propósito de ajudar crianças do ensino fundamental no aprendizado da matemática.
O estúdio, que conta com três professores no time, tornou-se a startup do ano no Prêmio Jaraqui Graúdo, um dos principais de Manaus. O jogo Matemagos contribuiu para o reconhecimento do governo estadual do Amazonas.
Além disso, a Flying Saci foi a segunda escolhida numa rodada de investimentos da Samsung. Assim, o investimento e o prêmio ajudaram a pequena empresa desenvolver planos para internacionalização dos seus negócios em 2018.
Se tudo der certo, o resto do mundo ficará sabendo que entre a selva e Zona Franca é possível florescer pequenas empresas tecnológicas.
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