Fique esperto: você pode ser cobrado mesmo com o 4G desligado
A rede 4G chegou com a promessa de tornar a nossa internet móvel mais rápida e mais estável, mas o que “ninguém” tem contado é que junto com ela existe um problema: o consumo de dados mesmo com o 4G desligado.
Talvez você não tenha percebido, mas não é de hoje que usuários reclamam sobre o fato de que seus créditos de celular diminuem mesmo com a conexão 4G desabilitada nas configurações do celular.
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Além deste ano, encontramos reclamações de 2015, 2016, 2017... Os relatos envolveram, principalmente, as operadoras Claro, Tim e Vivo. Por conta disso, entramos em contato com elas para tentar entender como tudo isso funciona.
Ao que tudo indica, o problema ocorre em planos pré-pagos em celulares Android e no iPhone.
A Vivo reconheceu que o consumo de internet existe e argumentou que isso ocorre por conta de uma característica dos smartphones. Mesmo com a rede móvel desabilitada, o aparelho continua trafegando dados (ainda que pequenos) com a rede da operadora.
A empresa informou também que desde o início deste ano não cobra pelos primeiros 100 Kb de todos os clientes de aparelhos com conexão 4G e 3G.
"A tarifação da internet diária pode acontecer em celulares com a função 4G desabilitada. Isso ocorre devido uma especificidade da maioria dos smartphones que, mesmo após a desativação da rede móvel, não encerra o consumo em sua totalidade, mantendo um pequeno tráfego de controle entre o aparelho e a rede da operadora. Já no modo 3G, quando os celulares têm a opção de dados móveis desabilitada, a conexão é desativada totalmente, sem tráfego entre a rede e o aparelho do cliente", informou em nota.
Então, para usuários a Vivo, é melhor mudar a conexão do 4G para o 3G para garantir que não haverá consumo.
Já a Claro, mesmo tendo algumas reclamações, informou que o cliente só é cobrado ou tem desconto na franquia se a conexão com a internet está ativada. A Tim ainda não retornou o pedido de resposta.
O UOL Tecnologia também procurou o Google, responsável pelo sistema Android, e a Apple. Até o momento as empresas não comentaram sobre o caso e o argumento de que são os smartphones os responsáveis pelo consumo de dados.
Não é bem assim
Apesar dos argumentos destacados pela Vivo, o professor de telecomunicações Daniel Andrade Nunes, do Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações), discorda de que a “culpa” seja dos celulares.
Segundo o docente, é improvável que os dispositivos sejam os responsáveis pelo consumo de dados com a rede 4G desativada e que não há nada de errado com a distribuição da rede 4G.
Para ele, o problema está na forma como que as operadoras tarifam seus serviços.
“A medida da quantidade de dados consumido não é característica do telefone. A operadora tem um sistema de tarifação que faz essa cobrança e, se existe um problema, me parece ser nele”, explica Nunes.
O professor acrescenta que o sistema de tarifação é bem complexo, e tem uma infinidade de detalhes e configurações. Por conta disso, as operadoras talvez nem soubessem que isso acontecia.
“Algumas podem ter tomado conhecimento à medida que os usuários foram reclamando. Por isso, talvez, a Vivo tenha decidido não cobrar os primeiros 100 Kb”, sugere.
Atenção ao contrato
Independentemente de qualquer coisa, o professor faz um alerta: leia todo o contrato na hora de fechar com um plano de celular, já que eles podem determinar formas diferentes de tarifação.
“Pré-pago é um negócio complexo para a operadora porque ela não tem como prever a receita com esse serviço. Para ela ter uma certa segurança financeira, ela cria diferentes formas de tarifas e elas costumam ser informadas no contrato”, explicou Nunes.
Por isso, é importante ler todo o contrato para evitar essas “surpresinhas”.
E, caso você tenha passado por algo parecido e se sinta prejudicado, você pode entrar em contato com a sua operadora para verificar o que pode estar acontecendo.
Além disso, existem os órgãos de defesa do consumidor que podem auxiliar na melhor resolução da questão.
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