Motorola lança "primeiro" celular 5G do mundo, mas ele depende de acessório
A infraestrutura para a próxima evolução na conexão móvel, a 5G, ainda engatinha em muitos países. No Brasil, o lançamento está previsto para 2020. Mas de olho no mercado americano, que deve receber o 5G no próximo ano, a Motorola anunciou nesta quinta-feira (2) o smartphone top de linha Moto Z3.
No evento de anúncio, a empresa confirmou o lançamento do smartphone para o próximo dia 16 de agosto, custando US$ 480 (cerca de R$ 1.800 na conversão atual). O 5G, no entanto, só chegará com o Snap no ano que vem, sem data ou preço definidos por enquanto.
A Motorola optou por uma direção curiosa, mas coerente com seu plano atual: criar, em vez de um celular com 5G, um acessório que futuramente traga o 5G para vários modelos.
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Como se trata de uma parceria com a fabricante de chips Qualcomm e a operadora de telefonia americana Verizon --que venderá o produto com exclusividade nos EUA-- a empresa precisa acertar os detalhes do lançamento com ambas.
A Motorola pretende que este seja o primeiro dispositivo lançado comercialmente capaz de realizar transferência de dados na quinta geração das redes móveis. Mas sua compatibilidade com o 5G depende de um Moto Snap, acessório modular que se fixa magneticamente nas costas do celular.
A concorrência também está de olho no 5G. As fabricantes que estão mais perto disso são as chinesas ZTE, que mostrou o protótipo chamado Gigabit na feira MWC do ano passado, a One Plus e a Huawei --ambas prometem seus celulares do tipo para o ano que vem.
O Moto Z3 é praticamente idêntico ao intermediário premium Moto Z3 Play, lançado no Brasil no começo de junho. Por dentro, o Z3 também é bem parecido com o Z3 Play: 4 GB de RAM, e 64 GB de armazenamento. As diferenças estão no processador Snapdragon 835 (no Z3 Play é o 636), além da câmera dupla de 12 MP + 12 MP (no Z3 Play é 12 MP + 5 MP).
Pude mexer um pouco no Moto Z3 e de fato ele parece um celular ótimo na categoria premium, mesmo que esteja com um processador defasado, o Snapdragon 835. Na prática com os meus poucos minutos usando o Z3, tudo fluiu bem.
Apresentou desempenho rápido, uma tela brilhante e colorida de 6 polegadas e uma câmera dupla que me pareceu ligeiramente melhor do que a que testei no Moto Z3 Play, lançado há pouco tempo no Brasil. Talvez graças ao seu sensor de 12 MP monocromático, que tecnicamente tende a melhorar o contraste e captação de luz quando combina suas imagens com as do sensor colorido.
De negativo, os fãs da Motorola ainda terão que lidar por mais um tempo com um celular grande na mão por causa do casamento da linha com os Moto Snaps, que restringe o formato do aparelho. E a bateria de 3.000 mAh me parece escassa para aguentar o tranco por mais de um dia. Mas, claro, tudo isso depende de um teste mais preciso.
Já sobre 5G não tenho muito a dizer porque simplesmente não pude testar eu mesmo. Tive sim um Moto Snap do 5g na minha mão, mas como ainda não dispomos da cobertura 5G atualmente, nem mesmo nos Estados Unidos, o máximo que pude absorver disso foram demonstrações de laboratório que a Motorola fez para jornalistas.
Do ponto de vista do Brasil, agora teremos que esperar não apenas o lançamento do Moto Z3 com o Snap de 5G como ainda aguardar que a infraestrutura de 5G esteja em funcionamento. A previsão é de que só em 2020 ela esteja disponível para os usuários.
Esse último passo é o mais importante, e se demorar demais, é possível que estes produtos da Motorola se tornem obsoletos nesse meio tempo. Pelo menos o Moto Z3 parece um bom produto por si só. Tomara que chegue a nós por um preço competitivo.
Por que não o Snapdragon 845?
Segundo Doug Michan, diretor de produto na América do Norte da Motorola, o processador mais avançado encareceria o produto. "O nosso foco está no 5G, então o 835 já é suficiente para alcançar esta banda", diz.
Já o Moto Snap de acesso ao 5G virá com um chip à parte compatível a essa internet móvel: o modem Snapdragon X50, da Qualcomm. Ele também terá uma bateria própria de 2.000 mAh. No Moto Z3, haverá uma atualização de software que o torna compatível com o Snap, e é por isso que por enquanto ele será o único da linha que acessará 5G, ao contrário dos Moto Z anteriores.
A Motorola não adiantou se lançará uma variante do Moto Z3 em outros países, como o Brasil.
Tá, mas e a velocidade do 5G?
Fala-se em conexões que vão de 1 Gbps (gigabit por segundo) até 20 Gbps. Na prática, estima-se que seria 100 Mpbs [megabits por segundo].
Para você ter uma ideia, hoje, no Brasil, os valores típicos de 4G ficam em 12 Mbps. Ou seja: o 5G terá velocidade ao menos oito vezes maior que o 4G.
A Motorola disse que a expectativa do Moto Z3 é alcançar cerca de 5 Gbps. A Verizon deve começar a cobertura 5G em três cidades americanas no ano que vem: Los Angeles, Sacramento e Houston.
Assim, baixar um filme duas horas (1,5 GB) no celular vai ficar muito mais rápido: 21 minutos no 4G contra cerca de 2 minutos no 5G.
Se o mesmo arquivo for de alta definição (4,5 GB), os tempos vão de uma hora e quatro minutos para pouco mais de seis minutos.
Além da internet móvel melhor, para que serve?
O 5G vai abrir as portas para a chamada internet das coisas (IoT, na sigla em inglês). São objetos conectados à internet, como TVs, alto-falantes e relógios inteligentes. Eles podem dispensar comandos físicos dos usuários e conversarão entre eles, criando casas, prédios e cidades inteligentes.
Em um exemplo simples, a luz do quarto pode ir acendendo gradualmente até acordar o usuário. Quando isso acontecer, a lâmpada envia um comando para a cafeteira começar a funcionar.
Vai ser mais caro?
Ainda não há estimativa de quanto um plano 5G custará para o usuário. Mas é provável que seja mais caro que o 4G, como sempre acontece com a chegada de lançamentos. As operadoras farão investimentos para implementar essa tecnologia e, possivelmente, os custos serão passados aos clientes.
Também será necessário trocar de aparelho para acessar a conexão ultrarrápida, pois se trata de uma nova frequência. Também foi assim com o 3G e o 4G.
Ficha técnica: Moto Z3
Tela: 6 polegadas Full HD+ (1.080 x 2.160 pixels)
Sistema operacional: Android 8.1
Processador: Snapdragon 835 (até 2,35 GHz)
Memória: 64 GB de armazenamento e 4 GB de RAM
Câmeras: 12 MP e 12 MP (principal) e 8 MP (frontal)
Dimensões e peso: 156,5 x 76,5 x 6,8 mm; e 156 g
Bateria: 3.000 mAh
Preço: US$ 480,00
*O repórter viajou a convite da Motorola
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