Anatel faz mudança na cobertura do sinal e promete 4G melhor. Será?
O que o brasileiro quer mesmo é uma internet 4G rápida e de qualidade, mas a gente sabe que em muitas regiões do Brasil o sinal tem graves falhas, principalmente para quem mora longe dos grandes centros.
Três pontos definem um sinal de qualidade: cobertura, velocidade e latência. Isso significa não apenas ter o sinal presente, mas uma navegação com rápida transmissão de dados e um menor tempo de espera entre o momento que você faz um comando e ele é respondido. Para ter tudo, um único elemento é fundamental: infraestrutura que comporte a demanda.
Segundo a consultoria Teleco, a rede 4G já funciona em 94,2% (4.071) dos municípios brasileiros. Mas, dizem os especialistas, a infraestrutura não acompanhou esse crescimento vertiginoso. Com tanta gente usando o 4G ao mesmo tempo, o sinal não funciona bem.
Para tentar resolver isso, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) anunciou na última semana uma mudança que deve ajudar bastante.
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A Agência antecipou em quase um ano o uso da faixa de frequência de 700 MHz para o funcionamento da banda larga 4G em São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. Progressivamente, outras regiões receberão a mudança.
E os especialistas concordam que o uso da faixa de 700 MHz será fundamental para a melhoria da rede.
O que uma coisa tem a ver com a outra?
A frequência funciona como uma grande avenida dividida por várias faixas que permitem que os dados trafeguem entre a operadora e os nossos celulares. Imagine que cada conjunto de dados é um veículo. Quando uma das pistas fica com muitos carros, os motoristas mudam de faixa e o trânsito flui melhor. É mais ou menos assim que acontece com as faixas de frequência de internet.
Hoje, o 4G funciona nas faixas de 1.800 MHz e 2.500 MHz.
A faixa de 700 MHz foi por muitos anos usada pelo sinal da TV analógica que chegava em nossas casas. Com a transição para a TV digital, iniciada em 2015, a faixa foi ficando livre.
A grande diferença é que, quanto menor a faixa, maior seu poder de penetrar em ambientes fechados e menor a necessidade de antenas retransmissoras. E, por falar nas antenas de transmissão, a falta delas é uma das causas por problemas na rede de internet enfrentados hoje em dia.
Em São Paulo, por exemplo, a maior parte das antenas está localizada em regiões do centro expandidos. Com isso, o sinal do celular nos bairros mais afastados é sempre pior.
Usar a faixa de 700 MHz pode então ser uma boa saída para problemas assim, já que as teles poderão expandir o 4G pelo país com mais rapidez e a um custo mais baixo, usando uma estrutura que já existe.
Segundo a Anatel, a nova frequência permite a transmissão da banda larga móvel a uma velocidade três vezes maior do que o 4G atual, chegando a 45 Mbps (megabits por segundo). Calcula-se que no Brasil, a velocidade média do 4G é de 12 Mbps.
Com isso, a transmissão de áudio, texto, foto e vídeo ficarão mais rápidas e com uma qualidade maior.
Para o engenheiro eletricista José Roberto Soares, professor de telecomunicações do Mackenzie, a mudança na faixa de frequência vai permitir que muito mais pessoas usem a rede simultaneamente:
A migração para o 4G na nova faixa foi feita para poder atender aos centros onde a telefonia convencional não conseguia atender. Com a nova frequência, o sinal vai muito mais longe. Então, consegue atender muito mais gente em uma cidade sem precisar colocar novas antenas de transmissão
Além do 4G, a expectativa é que as operadoras utilizem a mesma faixa para implantar os já populares 4,5G.
"Liberando uma nova faixa de frequência se divide o fluxo, quem é 3G vai ficar na faixa mais alta, enquanto usuários do 4G e 4,5G vão migrar para as faixas mais baixas, aumentando a velocidade", explicou Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, em uma entrevista dada ao UOL recentemente.
Pelo cronograma da migração da faixa de frequência, até junho deste ano 97 cidades tiveram o 4G ativado na faixa de 700 MHz. A previsão é de que outros 92 municípios integrariam a lista ao longo de julho.
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