Saiu do ar! Por que o Gab, rede social pop de direita, virou 'vilão' da web
A rede social Gab, que virou o refúgio de simpatizantes de direita, virou a nova pária da internet após descobrirem que o atirador acusado de matar 11 pessoas em uma sinagoga de Pittsburgh, nos Estados Unidos, tinha um histórico de publicações antissemitas no site.
A plataforma sofreu uma série de reveses no fim de semana: saiu do ar após o domínio de internet encerrar o contrato; deixou de ser atendida por ferramentas de pagamento online e teve a conta em uma plataforma de publicação cancelada.
Neste fim de semana, o Twitter também foi criticado por ter ignorado os alertar de que o homem acusado de enviar bombas nos Estados Unidos fazia ameaças pela rede social.
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Cortejando Bolsonaro
O Gab foi criada em 2016 como uma resposta às ações do Twitter, que derrubou perfis por disseminarem discurso de ódio. O autointitulado "site para a liberdade de discurso e nada mais" foi adotado por supremacistas brancos, neonazistas e adeptos da direita alternativa, movimento que ganhou força nos EUA. Por isso, a rede social foi apelidada de "Twitter para racistas" pelo site "Salon".
Segundo o Gab, mais de 150 mil brasileiros viraram usuários antes das eleições. No começo de outubro, informou, 30% do tráfego vinha do Brasil.
Depois de o PSL abrir uma conta na rede social, o fundador e CEO do Gab, Andrew Torba, cortejou o candidato do partido que foi eleito presidente, Jair Bolsonaro:
Quando Bolsonaro se juntar ao Gab, o Twitter vai morrer no Brasil e a mídia vai entrar em pânico
Bolsonaro não aderiu à rede social norte-americana e passou boa parte da campanha utilizando seus perfis no Twitter, Facebook e YouTube para falar a seus eleitores.
Atirador na sinagoga
Um dos usuários do Gab era Robert Bowers, o suspeito de matar as pessoas na sinagoga. Bastante ativo, ele compartilhava diversas postagens ofensivas contra judeus. A última delas foi publicada antes de entrar na sinagoga.
"Eu não posso sentar e assistir ao meu povo ser massacrado", escreveu. "Dane-se seu ponto de vista. Eu vou entrar."
E entrou. Armado com três revólveres e um fuzil semi-automático AR-15. Deixou mortas 11 pessoas, com idade entre 54 e 97 anos (três mulheres e oito homens). Enquanto fazia isso, gritava: "Todos os judeus devem morrer". Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, ele foi indiciado com 29 acusações e pode ser condenado à morte.
O atentado aconteceu no sábado (27). Desde que se descobriu a atuação de Bowers no Gab, a rede social passou a ser desplugada por diversos serviços conectados. Primeiro, foram os meios de pagamento online, PayPal e Stripe, que suspenderam a integração de sua plataforma com o site.
"Quando um site é explicito em permitir a perpetuação de ódio, violência e intolerância discriminatória, nós tomamos uma ação imediata e decisiva", informou o PayPal no mesmo dia do tiroteio.
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Em resposta a reclamações recebidas no fim de semana, a GoDaddy investigou e descobriu numerosos conteúdos no site que tanto promovem quanto encorajam a violência contra as pessoas
GoDaddy
Nesta segunda, quem tentava acessar o site dava de cara com um comunicado em inglês. Inicialmente, o Gab dizia estar "sob ataque":
Estamos sendo sistematicamente tirados de plataformas como lojas de apps, provedores de hospedagem e processadores de pagamento
Depois, o Gab amenizou o discurso, modificou o texto e passou a relatar como está colaborando com o Departamento de Justiça e o FBI:
Por causa dos dados que nós fornecemos, eles agora têm bastante evidência para o caso deles
Ainda assim, aproveitou para atacar a mídia e a "oligarquia do Vale do Silício": "a internet não é realidade. TV não é realidade", afirmou Andrew Torba, CEO da Gab, em nota.
As pessoas estão acordando, então, por favor, continuem a apontar o dedo para as redes sociais em vez de apontar o dedo para o suposto atirador que sustenta sozinho a responsabilidade pelas ações dele. Tirem-nos das plataformas que vocês quiserem. Vocês não podem parar uma ideia
Andrew Torba
Não é a primeira vez que o Gab vira alvo de empresas de tecnologia. No ano passado, ela já foi banida das lojas de aplicativos de Apple e Google. A Microsoft chegou a ameaçar excluí-la de seu serviço em nuvem Azure devido a publicações antissemitas feitas na rede social - com a exclusão dos posts, o contrato foi mantido.
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