Não é só fotinho! 6 coisas úteis que você não nota que os drones já fazem
Poucos avanços tecnológicos têm se mostrado tão versáteis quanto os drones. Usados inicialmente para filmagens aéreas, os novos modelos ganharam maior capacidade de carga, atingem distâncias maiores de seus pontos de controle e diversificam os tipos de aparelhos acoplados, como câmeras de infravermelho. Com isso, ganharam também ampla serventia, por exemplo, em tarefas de risco executadas por profissionais.
Nesta semana, especialistas e representantes de empresas do setor reuniram-se na Expo Robótica, no Centro de Pesquisas (Cenpes) da Petrobras, na Ilha do Fundão, zona norte do Rio, para apresentar muitas outras possibilidades para esses equipamentos voadores, que podem até vir a transportar pessoas.
Alguns modelos apresentados ali têm a aparência de mini avião não-tripulado, outros são à prova d'água e podem de fato boiar. Mas essas inovações ainda são pequenas perto de experimentos feitos pelas gigantes da tecnologia no exterior. A expectativa é de que eles possam no futuro fazer entregas e mercadorias nas residências e até substituir o automóvel. Basta saber se haverá espaço para tantos drones no espaço aéreo.
"Hoje o maior obstáculo para o uso dos drones é a nossa regulamentação, que ainda é bastante restritiva. Temos mantido conversas com a Anac para a revisão de algumas regras", afirma Cícero Martelli, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Um dos entraves é que os drones devem ser controlados por pilotos quando fazer voos comerciais.
Confira abaixo alguns usos dos drones que já acontecem no Brasil:
Buraco na pista ou acidente na estrada
Martelli apresentou os avanços já alcançados com o emprego de drones no monitoramento de rodovias, por exemplo. Eles são, segundo ele, extremamente eficientes para verificar se a pintura no asfalto está gasta, se há buracos na pista ou se as margens estão ocupadas irregularmente.
O acompanhamento de acidentes ou bloqueios também ficou mais fácil, especialmente quando os carros de polícia ou da concessionária demoram para chegar a esse tipo de evento. A UTFPR já tem projeto em andamento com a concessionária Concebra, do Centro-Oeste.
Diminuição de pragas
A diretora comercial da Xmobots, empresa de São Carlos, no interior paulista, Thatiana Miloso, diz que 80% de suas encomendas são atualmente para o agronegócio. Os drones ajudam muito na produtividade do campo, tanto no setor sucroalcooleiro quanto no de grãos, fazendo o mapeamento das áreas plantadas. Isso facilita o posicionamento de colheitadeiras, por exemplo, evitando perdas.
Com isso, a atividade ganha também com um melhor controle sobre o surgimento de pragas.
Monitoramento e delivery em áreas gigantes
"Sem dúvida, uma demanda que deve crescer muito é de delivery. É muito difícil prever se teremos um dia uma pizza entregue em casa por um drone, mas com certeza em pouco tempo haverá autorização para transporte de carga em rotas preestabelecidas", afirma Miloso.
A Petrobras não só está empregando com cada vez mais frequência os drones, como estuda novas aplicações, conta o coordenador do evento, Hércules Padilha. As maquininhas, equipadas com câmeras, já são adotadas para monitoramento ambiental (em simulações de vazamento de óleo, por exemplo), para vigilância da chamada "flare" (aquela chama constante das plataformas) e para melhorar a eficiência na colocação das barreiras de contenção que evitam a propagação de poluentes na água, pois permitem uma visão mais ampla e rápida das áreas afetadas.
O ganho, diz a empresa, é duplo. Sem o perigo de colocar profissionais, o monitoramento fica muito mais fácil e não atrapalha a produtividade. "Agora é possível realizar todo esse trabalho preventivo e de segurança, sem interrupções na produção", explica Padilha.
A companhia também ganhou eficiência ao usar drones para transporte de carga entre plataformas em alto mar, o que dispensa os caros helicópteros. Cada drone aguenta até mais de 10 quilos em carga.
Outros usos possíveis citados pelo pesquisador da UTFPR na mesma linha: monitoramento de linhas de transmissão de energia e inspeção das hélices de torres de geração de energia eólica. A principal vantagem dos drones nestes casos é tornar as atividades mais baratas e destinar equipes só quando de fato for necessária uma manutenção.
Já Miloso ressalta que os drones são cada vez mais procurados para prevenção de incêndios e no monitoramento de desmatamentos.
Drone-bombeiro
Há também empresas de diversos países que estão treinando seu pessoal para empregar drones em eventuais incêndios em suas instalações. Eles podem ajudar na localização de pessoas sobreviventes em meio às chamas com mais facilidade e menos risco para brigadistas ou bombeiros.
O uso deles pelas corporações pode ser também vantajoso. Até no resgate a pessoas perdidas em florestas ou lugares de difícil acesso tende a ser facilitado, segundo Rodrigo Vieira, representante da empresa carioca Drone Inspector.
"Muitas das aplicações ainda estão em teste, por se tratar de uma tecnologia nova. A legislação ainda é recente e cada avanço precisa de regulamentação", ressalta Vieira.
Segurança e vigilância noturna
Outro setor que tem muito a ganhar com o emprego dos drones é o de segurança. Empresas privadas têm encontrado muitas vantagens no uso dos equipamentos, por exemplo, na vigilância noturna de suas instalações. Eles podem carregar câmeras com sensores infravermelhos com capacidade de visão noturna.
"Em vez de realizar rondas noturnas com seguranças, as empresas podem fazer o sobrevoo. Os aparelhos emitem pouco ruído e podem ajudar na detecção de invasores", explica Boaz Teixeira, consultor de Novos Negócios da CPE Tecnologia, empresa com sede em Belo Horizonte (MG).
Inspeção de bueiros
Um exemplo de diversificação de modelos veio da empresa suíça Flyability, que disponibiliza no mercado brasileiro o Elios. Ele tem uma estrutura de hastes em fibra de carbono que protege o drone de eventuais colisões. Isso permite que o aparelho entre em dutos, galerias de fibra ótica, bueiros e outras estruturas de difícil acesso, onde a inspeção humana é muito mais complicada.
"Estamos no começo de nossa operação no Brasil e já conseguimos clientes importantes, como a Petrobras", diz o gerente de contas, Mathieu Noirot-Cosson.
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