Motorola One é um pequeno e fofo Android disfarçado de iPhone
Na disputa entre os celulares da Apple e da Samsung, a Motorola vem se consolidando no Brasil como uma terceira via interessante, ao aliar modelos com bom custo-benefício a uma experiência do sistema Android próxima da pura. Mas seus modelos foram pouco criativos nos últimos dois anos. O Motorola One é uma tentativa curiosa de mudar isso.
Pegue dois celulares recentes da Motorola e compare-os entre si. Você verá que um Moto Z3 Play é quase igual ao Moto G6, que por sua vez parece com o Moto E5. São retângulos grandes com pontas arredondadas. Por isso, a mudança de design é o ponto mais positivo deste One. Além do sistema operacional, do qual falarei depois.
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Design
Primeiro o visual, que mais me chamou a atenção no One. Tanto no corpo quanto na tela com entalhe, podemos tirar o elefante da sala: claro que o iPhone X foi a principal inspiração aqui, por mais que a Motorola negue. Comparamos o One com um iPhone X na redação e tirando a pequena diferença de tamanho, os dois modelos têm corpos idênticos até nos detalhes.
Mas, tirando isso, é fato que o tamanho enxuto ajuda muito na usabilidade. Na altura, ele é um centímetro menor que o Moto G6 Plus, e três centímetros menor na largura também. Cabe muito bem na mão, mesmo com a capa de silicone que vem na caixa, e seu aproveitamento de tela é ótimo.
O visor, por sinal, tem um bom tamanho (5,9 polegadas), mas não tem boa resolução (HD+) —modelos melhores são Full HD ou Quad HD. A tela é um pouco escura sob sol forte.
E tem o entalhe, que permite os ícones de notificação, bateria e relógio mais no alto. Mas, em certos apps que fazem uso da tela cheia, como no Instagram, o entalhe fica em branco, o que é meio esquisito. Acho que faz falta uma configuração opcional, para tirar o entalhe, deixando essa parte preta sempre.
Desempenho
Mas o que mais me incomodou no One foi o desempenho irregular. Ele é dotado de um processador Snapdragon 625, que roda a até 2 GHz, além de 4 GB de memória RAM e 64 GB de armazenamento. É um conjunto teoricamente ok para um celular intermediário, mas o processador é meio velhinho para os padrões da indústria —foi lançado no começo de 2016.
Na prática, essa dupla não conseguiu impedir que minha experiência ficasse prejudicada. Várias vezes o disparo de câmera não respondeu ao meu comando, o Facebook e o jogo "Dead Effect 2" fecharam durante o uso. Um processador mais novo, como o Snapdragon 636, talvez tivesse impedido isso. Já em tarefas mais comuns —WhatsApp, Twitter, Netflix— tudo correu bem.
Sistema
É ótimo que ele venha ainda com o Android 8.1 quase puro, por fazer parte da iniciativa Android One em parceria com o Google. E após o seu lançamento no Brasil, já recebeu o Android 9, sendo o primeiro modelo brasileiro com a versão mais nova do sistema, que tem uns controles de gesto curiosos. Eu me perdi um pouco neles no início, depois peguei o jeito, mas preferi voltar aos botõezinhos virtuais depois de um tempo.
De modificação mais relevante, além do app de câmera próprio de sempre, a Motorola pôs aquelas ativações por gestos comuns em seus celulares, como chacoalhar o celular duas vezes para ligar o flash como lanterna, e rodar o pulso duas vezes para ativar a câmera.
Câmeras
A câmera traseira, com 13 MP, também é mediana. Não tem uma abertura de luz muito boa (f/2.0) e tende a distorcer algumas cores em certas situações. Como de praxe em muitos celulares, à luz do dia costuma ir bem, mas à noite os pontos de iluminação artificial saem borrados, e a granulação na imagem é evidente.
O ponto positivo da câmera traseira dupla é que traz um sensor exclusivo de 2 MP só para melhorar o modo retrato (de fundo desfocado), e nesse último ponto ele se sai relativamente bem para um celular intermediário. Traz ainda uns efeitos engraçados de seleção de cor e um tipo especial de GIF chamado Cinemagraph, visto no Moto Z3 Play, em que o usuário pode editar quais partes da imagem vão mexer depois do clique.
A câmera frontal é simples, de 8 MP, mas felizmente traz alguns dos truques da traseira, incluindo um modo retrato criado por software, o Cinemagraph e o time lapse (aquele que cria vídeos acelerados). A qualidade das fotos é na média, no mesmo nível da traseira.
Bateria e áudio
Apesar de capacidade baixa, de 3.000 mAh, a bateria dá bem para o gasto, com umas 26 horas de uso moderado, ou quase dois dias em uso baixo. No uso mais intenso, deve te deixar com carga até o final da tarde.
No mais, vale apontar que o áudio do Motorola One é Dolby, e deu para sentir um sonzinho de qualidade e volume um pouco acima da média, além de experimentar alguns tipos de equalização. Mas infelizmente ele não é estéreo. Também é mais um modelo a vir com o conector USB-C, cada vez mais comum entre celulares novos.
E aí?
O Motorola One começou a ser vendido neste ano por R$ 1.500. É uma boa opção custo-benefício, apesar do desempenho abaixo do esperado. Mas nessa mesma faixa de preço você consegue um Galaxy A8 da Samsung ou o Moto Z3 Play, que estão nesta mesma faixa de preço e são intermediários-premium, bem melhores em desempenho e câmera.
Na mesma categoria e preço do One, temos o Galaxy J7 Pro, lançado há quase um ano, mas que manda bem apesar de ter 3 GB de RAM, um processador mais lento (1,6 GHz) e ter câmera simples (13 MP). E está mais barato (R$ 1.130). Mas é bem provável que o Motorola One fique um pouco mais barato daqui a uns meses e assim se torne uma compra melhor em custo-benefício.
Ficha técnica: Motorola One
Tela: 5,9 polegadas HD+ (720 x 1.520 pixels)
Sistema operacional: Android 8.1 (atualizado para Android 9)
Processador: Snapdragon 625 (2 GHz)
Memória: 64 GB (armazenamento) e 4 GB (RAM)
Câmeras: 13 MP + 2 MP (traseira); e 8 MP (frontal)
Dimensões e peso: 149,5 x 72,2 x 7,97 mm; e 160 g
Bateria: 3.000 mAh
Pontos positivos: design bonito e compacto; tela grande; câmera com modo retrato e outros recursos
Pontos negativos: design pouco original; câmera não é boa em cenas de pouca luz; desempenho aquém do esperado
Preço: R$ 1.499
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