Morte de atleta por choque com iPhone reacende risco de celular no banho
A jovem atleta russa Irina Rybnikova morreu nesta segunda-feira (10) por uma fatalidade que, apesar de ainda pouco comum, vem acontecendo apesar do risco. Segundo relatos da imprensa do país, a menina de 15 anos, sofreu um choque elétrico após seu iPhone cair durante o banho, em sua casa em Moscou.
O jornal britânico "Daily Mail" disse que Irina teria colocado o celular para carregar, mas o objeto caiu e o contato com a água resultou em um choque elétrico fatal. Ela era campeã russa de pankration, uma arte marcial da Grécia antiga e tratada como a precursora do MMA moderno.
Um retrospecto rápido aponta um padrão: as pessoas ainda curtem usar celulares no banheiro. O que já não é recomendado porque o vapor da água quente danifica o aparelho a longo prazo. Mas usá-lo com o carregador conectado à tomada, e ainda próximo de uma banheira para fazer selfies ou checar notificações, é algo mortal.
Em fevereiro deste ano, também na Rússia, Evgenia Sviridenko, de 24 anos, também morreu eletrocutada após seu iPhone plugado ao carregador cair na banheira. Dias antes, a russa Kseniya P, de 12 anos, faleceu com o celular caindo dentro do box do banheiro. No ano passado, a americana Madison Coe, de 14 anos, teve o mesmo destino, da mesma forma.
Até mesmo fora do banheiro há riscos de fatalidades com o celular na tomada.
Lucas Jean Marsola, de 22 anos, morreu em Taubaté apenas jogando com o celular carregando no seu quarto. Um destino semelhante ao de Iago Aguiar, de 16 anos, em Fortaleza, em junho deste ano, quando o celular foi plugado ao computador da escola. A bombeira Gislene Martins Goulart, 36, morreu em abril em um incêndio que teria começado após um curto-circuito no celular que estava carregando, ao lado da cama onde ela dormia.
Mas é no banheiro em que aumentam consideravelmente os riscos de se usar celular enquanto está plugado no carregador. As leis da Física explicam isso.
Danos irreversíveis
A água (não pura) funciona como um bom condutor de eletricidade. Por isso, é importante ficar longe dela enquanto usamos dispositivos eletrônicos. Já ouviu aquele conselho para tomar cuidado com enchentes e raios em dias de chuva forte?
A corrente elétrica funciona com base em elétrons se movimentando de um ponto a outro. Para isso dar certo, é importante ter um meio de propagação, e a água da banheira ou do chuveiro funciona como um desses caminhos.
Quando estamos molhados, os sais existentes em nossa pele propiciam esse caminho de propagação (são chamados de eletrólitos) necessário para a corrente elétrica. Por isso, a chance de choque é bem maior do que se estivéssemos secos.
Segundo João Carlos Lopes Fernandes, professor de engenharia elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia, a água conduz a energia elétrica e distribui essa energia pelo corpo humano, que também passa a funcionar como condutor. Em casos assim, a pessoa pode ter uma parada cardiorrespiratória e morrer.
Se ela não tivesse ligado na tomada, podia ter caído na água e até ter estragado. Mas o choque teria sido muito difícil. Já ligado na tomada, o risco aumenta e isso funciona para qualquer dispositivo eletrônico
Apesar do perigo real, o professor alerta que não é sempre que um celular ligado na tomada vai resultar em choque ao cair na água. Existem carregadores que possuem recursos antichoque e anticurto, segundo Fernandes.
Riscos para os aparelhos
Boa parte dos aparelhos danificados que chegam nas assistências técnicas é por conta da oxidação de componentes causada pelo vapor.
Em situações mais graves, o vapor da água durante o banho ou o fato de o aparelho ficar submerso pode resultar em curtos-circuitos e até explosões.
O bom é que hoje já existem aparelhos resistentes à prova de água e a tendência é que os novos modelos também tenham certificados assim. O que ajuda caso ele caia na banheira.
Neste caso, só se lembre de não usar os aparelhos com água quente. Segundo Fernandes, isso pode danificar o dispositivo.
* Colaborou Bruna Souza Cruz
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