Inovador que não pegou: celular precursor do entalhe do iPhone chega ao fim

Nem todo mundo sabe, mas a moda dos entalhes nas telas dos celulares não começou na Apple. Embora o iPhone X de 2017 tenha tornado o recurso popular, foi um celular chamado Essential Phone que foi pioneiro na ideia. Criado por Andy Rubin, cofundador da Android Inc., empresa que criou o sistema operacional de mesmo nome, o Essential vai parar de ser fabricado após menos de dois anos de vida.

A equipe do site "9to5google" percebeu que o Essential havia ficado sem estoque na maioria das lojas americanas, incluindo o próprio site da Essential. Com as recentes ofertas de final de ano, a suspeita era de que estavam limpando o estoque. Mas a empresa confirmou que não irá fabricar mais unidades do PH-1 (nome técnico do Essential)

"Estamos esgotando o Essential Phone no site essential.com e não adicionaremos nenhum novo inventário. Estamos trabalhando duro em nosso próximo produto móvel e continuaremos a vender acessórios e fornecer atualizações rápidas de software e suporte ao cliente para nossa comunidade existente", disse um porta-voz da empresa.

O Essential Phone saiu em maio de 2017 foi a primeira grande investida de Andy Rubin na fabricação de smartphones. Para se sobressair em um mercado tão disputado, Rubin colocou algumas pequenas novidades no seu novo celular, além de seguir tendências bem recentes do segmento top de linha.

Na época as grandes fabricantes como Samsung e LG já estavam investindo em "telas infinitas", isto é, celulares cuja tela enorme ficam bem próximos de "expulsar" as bordas da parte frontal, tal qual o LG G6 e o Galaxy S8. Para estar à altura dos rivais, o Essential veio com uma tela de 5,71 polegadas com resolução Quad HD (2.560 x 1.312 pixels) em proporção 19:10.

O que foi curioso é que a tela ficou com um "buraco" na parte superior para que o sensor da câmera frontal permanecesse aberto.

Na época era exótico, mas quando a Apple fez o mesmo com o iPhone X por causa tanto da câmera quanto dos sensores da tecnologia de reconhecimento facial --a Face ID-- a indústria reconheceu o pioneirismo do Essential, mesmo que essa de solução seja esteticamente polêmica. Uns não ligam para o buraco, outros acham horrível.

Na parte traseira superior do Essential Phone, havia outra invenção: dois conectores magnéticos que tinham o objetivo de conectar acessórios exclusivos para o aparelho --na linha de celulares como o Moto Z (Motorola) e G5 SE (LG). 

O primeiro acessório anunciado no Essential Phone foi uma câmera 360º, que ficava protuberante no alto do celular. A empresa disse na época: "Outras câmeras de 360° são grandes, volumosas e complicadas de usar. Nós achamos que já era tempo de alguém fazer uma câmera 360° para o resto de nós. Basta clicar na câmera de 360° em seu telefone para apontar, filmar e compartilhar. É assim fácil".

O corpo do Essential prometia ainda fazer com que a concorrência reveja seus conceitos de durabilidade, pois ele foi construído em titânio, além da traseira de cerâmica e a tela com vidro Corning Gorilla Glass 5 (mais resistente que o comum).

Com câmera traseira dupla, com 13 MP cada uma, uma delas era monocromática (sem cores) e servia para melhorar a sensibilidade de luz. O modelo prometeu até 200% mais entrada de luz que as câmeras de celulares convencionais. A frontal era de 8 MP e consegue gravar vídeos em alta resolução 4K. Mesmo com essas especificações uma das maiores críticas ao modelo era de que as fotos ficavam muito aquém do esperado.

Disponível em quatro cores (preto, chumbo, branco e verde), o Essential Phone era vendido no ano passado nos EUA com a 360 Camera por US$ 749, e sozinho por US$ 699 -- preços cobrados por outros celulares top de linha mais respeitados daquele ano, como o iPhone 7 e o Galaxy S8. Por esses motivos, o inovador Essenstial nunca foi um grande sucesso de vendas.

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