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Tá podendo? Apple cutuca rivais com outdoor gigante na CES

Apple, de Tim Cook, tem provocado rivais na CES 2019 - Noah Berger/AFP
Apple, de Tim Cook, tem provocado rivais na CES 2019 Imagem: Noah Berger/AFP

Felipe Germano

Colaboração para o UOL, de São Paulo

07/01/2019 16h36

Os visitantes da CES, a maior feira de tecnologia do mundo, não esperavam nada da Apple em 2019. A empresa de Tim Cook não comparecerá ao evento deste ano, deixando o terreno livre para concorrentes como Google, Samsung e Huawei brilharem. Quer dizer, mais ou menos. A fabricante do iPhone causou furor entre os participantes ao colocar um outdoor tão gigante quanto audacioso, bem em frente ao local onde acontece a feira.

"O que acontece no seu celular, fica no seu celular", foi a frase escolhida pela Apple para estampar o anúncio.

Como a CES acontece em Las Vegas, o texto poderia ser lido como uma simples brincadeira ao slogan da cidade. O jogo de palavras, no entanto, se refere menos aos cassinos e mais à segurança digital.

Eis que privacidade é um fator importante para a empresa de Tim Cook. Nos últimos anos, a Apple tenta se vender como a produtora dos aparelhos mais seguros do planeta.

Uma das tentativas mais notáveis de provar esse ponto, se deu um uma disputa com o polícia americana: em 2016, o FBI pediu para a fabricante compartilhar com o governo dos EUA dados encriptados do celular de Syed Farook, um atirador responsável pela morte de 14 pessoas em San Bernardino, Califórnia. A empresa se negou e disse que a liberação de informações dos seus clientes, principalmente os armazenados em seus aparelhos, feria suas políticas.

O governo americano resmungou, mas a Apple se manteve irredutível. O impasse durou semanas, e só terminou quando o FBI revelou que tinha conseguido, por conta própria, quebrar os algoritmos de segurança do celular.

A mensagem do outdoor dá a entender que os concorrentes não levam a privacidade de seus usuários tão a sério.

Não é à toa. O Android, por exemplo, permite com mais facilidade que desenvolvedores de aplicativos tenham acesso a dados do seu celular. É exatamente por isso que vazamentos de informações são mais comuns entre os usuários do celular-do-robozinho. Foi usando esse tipo de brecha que em 2017 mais de 30 milhões donos de Android tiveram seus dados roubados por um aplicativo que mudava o layout do teclado. Outro exemplo é o dos aplicativos que também usavam as falhas do Android para roubar dados bancários.

A alfinetada ainda recebe uma nova camada durante curtos períodos de tempo. Para se divulgar no evento, a Google envelopou trens de monotrilho que se deslocam nos entornos da feira. Os vagões exibem os dizeres "Hey, Google" (utilizados para ativar a assistente digital da marca). De tempos em tempos, os vagões passam ao lado do anúncio formando a frase "Hey, Google o que acontece no iPhone, fica no iPhone".

A provocação ainda atinge a Huawei, gigante chinesa que está sendo acusada pelo governo americano de espionagem. Órgãos como o FBI, CIA e NSA clamam que os aparelhos roubam entregam informações de seus usuários ao governo da China.

O local para exibir a provocação, no entanto, é um pouco contraditório. O anúncio da Apple foi exibido em uma das paredes de um hotel Marriott. No mês passado, a rede de hotelaria confessou ter, justamente, vazado dados de seus hóspedes. Foram mais de 5 milhões clientes expostos.

O que acontece em Las Vegas, não necessariamente fica lá.