Qual a tecnologia por trás do elevador inteligente, que organiza o fluxo?
Foi-se o tempo em que o elevador do prédio do trabalho ia parando de andar em andar, levando muitos minutos para que você chegasse ao seu destino. Nos últimos anos, os principais centros comerciais do país têm renovado o meio de transporte dos edifícios com sistemas mais inteligentes, que distribuem os passageiros de uma forma lógica.
Hoje já é comum chegar a um prédio e se deparar com elevadores sem botões do lado de dentro das portas --você deve informar para onde vai antes de entrar. E é isso que muda tudo.
A chamada antecipada é um sistema permite que computadores organizem todo o fluxo de pessoas que chegam aos saguões do edifício com destinos diferentes.
Isso faz toda a diferença em prédios grandes, que num passado recente deixavam certos elevadores servindo exclusivamente um grupo de andares. Esta organização em setores já ajudava nas viagens se compararmos com a maioria dos prédios residenciais, onde os elevadores serviam a todos andares, mas ainda assim causavam viagens lentas.
Com inteligência artificial e aprendizado de máquinas, os elevadores modernos organizam essas "zonas" de passageiros de uma forma dinâmica, que poupa tempo e energia ao otimizar viagens.
"Você informa o destino e o sistema interpreta a posição que você está fazendo o chamado do elevador que poderá te atender no menor tempo", afirma Reinaldo Paixão, diretor de engenharia da Thyssenkrupp.
Ele explicou uma situação hipotética em que uma pessoa gostaria de ir ao 15º andar de um prédio, saindo do térreo. Além dela, outras duas também pediram para subir, mas para o 14º e 16º andar. Com estas informações, o sistema decide reunir o trio em um só elevador que passará reto pelos 13 primeiros andares, enquanto, em paralelo a isso, também determinará que outro elevador sirva passageiros que ficarão entre o quarto, quinto e sexto pisos.
Ele tem informações básicas de concentração por destino para determinar o melhor elevador. É isso que determina o menor tempo de espera para o usuário, a predefinição
Reinaldo Paixão
Os computadores (e inteligências que os acompanham) fazem cada sistema de elevadores operar de uma maneira particular em diferentes prédios.
Horários de pico, eventos repetidos ou certos andares mais movimentados alteram o comportamento dos elevadores, que podem funcionar com menos tempo de parada em cada andar e acelerar mais (ou menos) na subida e descida.
Para Fernando Madani, coordenador de engenharia de controle e automação do Instituto Mauá de Tecnologia, o salto propiciado por esses sistemas em relação aos seus antecessores é enorme.
"Antes tinha um controle, mas os dos botões acionados. Quantas vezes você esquecia que tinha apertado o andar? E quando você estava descendo para garagem, mas o elevador parava no térreo, te perguntavam se ele estava descendo, para fecharem a porta depois de dizerem que iam esperar ele subir de volta?", lembra.
Madani diz que as inteligências responsáveis por esses sistemas nem precisam ser muito avançadas para fazerem a diferença: "Hoje eu não diria que tem nada com uma extrema inteligência. Colocam um pequeno raciocínio lógico dentro da decisão, enquanto antes não havia nada."
Outro exemplo dado por Paixão de como funciona esse raciocínio é o de um edifício que tenha um restaurante em um andar intermediário. Perto do horário do almoço, o movimento na direção deste piso será maior do que em outros, então o sistema se programa para atender a demanda direcionando mais elevadores nesta direção.
As formas de aprendizado do sistema vão além das sinalizações que eu ou você damos ao chamar o elevador, afinal nem sempre fazemos isso direito.
Se só passageiro um chamar, existe o fator carona acionado - ele detecta que o peso é muito maior do que o número de chamados, gerando uma inconsistência
Reinaldo Paixão
Isso significa que, na hora de descer para o almoço com a galera do escritório, mesmo que nem todos apertem o botão chamando o elevador para o térreo, o elevador saberá por meio do peso que o número de passageiros é maior do que o informado.
Então se você quer saber quais são as engrenagens que escolhem o elevador que vai fazer você subir até o trabalho, deve considerar dois pontos principais: o aprendizado do fluxo do prédio e de quais andares há maior concentração de pessoas.
"Quando você faz uma viagem em um elevador com destino antecipado, você estará com as pessoas que vão para o mesmo andar ou algum próximo de onde você vai", conclui o engenheiro.
Se você ainda não usou um elevador desses, pode se preparar que deve fazê-lo em breve. "É muito fácil enxergar que esse é o caminho", opina Fernando. Ele aponta as informações fornecidas por crachás de pessoas entrando em prédios comerciais ou mesmo a presença de celulares em um ambiente como fatores que ajudarão a organizar ainda mais esse fluxo de passageiros de elevadores.
Bom para quem pega elevador, que viajará cada vez com mais conforto.
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