Google quer "acabar" com a URL de sites; como isso muda a internet?
A URL --você sabe, aquele endereço que digita na barra de cima do navegador para entrar em sites-- da maneira como conhecemos atualmente pode estar com os dias contados. O Google, dono do Chrome, já deu os primeiros passos para que a forma como usamos a internet mude. Mas por que e como?
Por trás da ideia da empresa que tem o navegador mais usado do mundo está uma tentativa de dar mais segurança à conexão dos usuários. A intenção é diminuir a proliferação de golpes onlines e notícias falsas, que normalmente ocorrem em sites falsos com nomes semelhantes aos originais para que o usuário seja enganado.
Essa ideia de alguns engenheiros do Google começou a ser tratada abertamente no último mês de setembro, mas agora, segundo a revista Wired, o projeto andou. Por mais que já tenha feito modificações ao longo de sua vida, como forçar os sites a adotarem a criptografia HTTPS, a mudança radical de acabar com a URL pode ser polêmica e não deixar todos felizes.
Afinal, nós estamos acostumados há anos com o atual funcionamento da internet, correto? Se você quiser acessar o UOL ou qualquer outro site, é só ir na barra de endereços e digitar o endereço do site ou parte dele para abrir a página. Mas até isso vem mudando aos poucos nos últimos anos: reparou que nem precisa mais digitar o "www"?
O que o Google começou a fazer
Os pesquisadores da empresa não estão pedindo, na verdade, uma mudança na estrutura geral da internet. Mas querem repensar a maneira que navegadores carregam o site que você está olhando, para que você não tenha que lidar com URLs incrivelmente longas e inteligíveis --ou com as possíveis fraudes com sites falsos.
Na última terça (29), o Google já deu os primeiros detalhes de como essa mudança vai ocorrer. Segundo a líder de segurança do Chrome, Emily Stark, o Google não quer introduzir o caos por eliminar as URLs. Na verdade, a intenção é tornar mais difícil que hackers ganhem dinheiro ao confundir o usuário sobre a autenticidade de um site.
"As pessoas deveriam saber facilmente o site em que estão e não deveriam ficar confusas ou pensar se estão no correto. Não deveríamos necessitar de um conhecimento avançado de como a internet funciona para descobrir isso", apontou Stark à Wired.
Por enquanto, os engenheiros do Chrome estão focados em como detectar URLs que fujam dos padrões normais. Para isso, criaram uma ferramenta colaborativa chamada TrickURI, que ajuda desenvolvedores a checarem se o seu software está mostrando URLs consistentes. A intenção é dar aos desenvolvedores algo para testar, para que eles saibam como as URLs vão parecer a usuários em diferentes situações.
Outro passo inicial tomado por Stark e seus colegas é criar avisos no Chrome que serão mostrados quando um usuário visitar uma URL que potencialmente pode ser uma tentativa de phishing. Por enquanto, essa funcionalidade está em testes internos, já que é complicado desenvolver uma ferramenta que descubra corretamente sites maliciosos sem afetar os legítimos.
"Nossa estratégia para detectar URLs falsas envolve comparar caracteres que se parecem entre si e domínios que variam só um pequeno número de caracteres", explica Emily Stark.
Por enquanto, a URL continua
No curto prazo, é provável que a maneira como você navegue em sites não mude e que as URLs continuem por aí. O foco inicial do Google é na parte de segurança - na qual Stark diz que ainda há muito trabalho a ser feito antes de seguir para passos maiores.
Uma ideia é focar nas partes importantes dos endereços de sites e refinar a maneira que o Chrome apresenta isso aos internautas. O desafio é mostrar às pessoas as partes das URLs que são relevantes para a segurança e para as decisões online, enquanto de alguma forma filtra todos os componentes extras que fazem os endereços serem difíceis de entender.
É um desafio grande porque as URLs funcionam muito bem para certas pessoas e muitas pessoas amam
Emily Stark
O grande problema ao mexer em uma questão tão básica como a URL é que isso pode ser bom para o Chrome, mas não para o universo geral da internet. Por exemplo: todos os navegadores passariam a mudar para a decisão do Google também? Caso contrário, não ficaria ainda mais confuso para os usuários?
Com a massificação da internet, as URLs ficaram mais difíceis de serem entendidas --e em celulares muitas vezes elas sequer são mostradas em sua totalidade, o que hackers e golpistas aproveitaram com prazer.
Não acho que as URLs estão funcionando bem para transmitir a identidade dos sites. As pessoas têm trabalho para entender URLs, são difíceis de serem lidas e de saber qual parte delas dá para confiar. Queremos avançar para que a identidade na web seja entendível para todos
Adrienne Porter Felt, gerente de engenharia do Chrome.
Nos últimos anos, pesquisadores acadêmicos já analisaram outras opções que poderiam substituir as URLs, mas o problema ainda não teve uma resposta satisfatória. Até mesmo os engenheiros do Google estão divididos sobre qual direção seguir e, por isso, só estão dando pequenos passos por enquanto. Eles sabem: a mudança vai gerar polêmica.
"Não sabemos como vai ser, porque é uma discussão ativa ainda, mas sei que qualquer coisa que propusermos vai ser polêmica. É importante fazer algo porque todo mundo está insatisfeito com as URLs. Elas meio que não prestam", afirmou em setembro Parisa Tabriz, diretora de engenharia do Chrome.
Em 2014, o Google chegou a fazer um teste com uma URL que só mostrava o nome do domínio principal do site para assegurar que usuários soubessem em que domínio estavam --se você quisesse ver a URL completa, você teria que clicar na caixa que mostrava o domínio. O teste gerou elogios e críticas e foi cancelado logo depois.
Poder e base de usuários o Chrome tem para forçar mudanças na internet. Mas, por outro lado, o site tem que se preocupar em manter a usabilidade satisfatória para evitar uma migração em massa para outras plataformas --foi dessa forma, por sinal, que o Chrome virou o rei da internet: após as pessoas abandonarem o Internet Explorer.
É aguardar para ver.
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