Pra que tanta câmera? Você vai amar o Nokia 9 Pureview - depois vai odiar
Resumo da notícia
- Nokia 9 Pureview tem uma câmera quíntupla
- Parte de trás do celular ainda traz o flash e um medidor de tempo de luz
- Celular deixa que você ajuste o foco depois de tirar fotos, mas ferramenta é instável
O Nokia 9 Pureview, novo smartphone da HMD Global, causa duas sensações nas pessoas: a primeira é a surpresa por ele ter cinco câmeras, o que anima os fãs de fotos; a segunda é a pulga atrás na orelha que pode ser resumida com a seguinte pergunta:
"Pra que tanta câmera?"
O UOL Tecnologia deu uma olhada no aparelho durante o Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, e responde o questionamento acima. Spoiler: Você vai amar o que essa câmera é capaz de fazer e logo depois vai odiar, mas já já explicamos o porquê.
Antes de tudo, vamos a uma sucinta descrição dos sete pontos presentes na traseira do novo celular da Nokia:
- Cinco são câmeras, duas para imagens coloridas e três para imagens monocromáticas
- Um é um medidor de tempo de luz
- Outro é o flash das câmeras
Quando uma foto é tirada, as cinco câmeras registram a mesma imagem. Depois disso, o celular usa as informações presentes nelas para calcular uma imagem final. Até aí, nada de surpreendente.
Só que essa fusão das imagens no Nokia Pureview dá maior riqueza de detalhes à foto e amplia a compreensão sobre a profundidade da cena. Segundo a Zeiss, empresa por trás das lentes do smartphone, sistemas tradicionais de câmeras de celular podem criar fotos que têm entre 10 e 12 camadas de profundidade. O novo smartphone da Nokia permite ter até 12 mil - de 7 centímetros a 4 metros de distância da câmera.
É a manipulação dessas camadas que produz o modo retrato (imagens com fundo desfocado) e o efeito bokeh.
Há duas maneiras para chegar a resultados como esse. Uma delas é usar softwares de inteligência artificial que entendam a composição da imagem para conseguir desfocar uma parte da imagem. Essas ferramentas têm de "ver" a imagem e mensurar a que distância estão os elementos dispostos na foto. Dessa forma é que o celular entende se algo está no fundo ou na frente, a fim de decidir o que será borrado ou não. Mas você já deve ter percebido que isso nem sempre funciona lá muito bem.
Já o modo ótico de tirar fotos com o efeito bokeh usa uma combinação das lentes para captar com maior precisão quais objetos estão no primeiro plano e quais estão no fundo. Segundo a Zeiss, esse método é capaz de entender a que distância cada elemento na foto estava um do outro e transfere essa informação para os pixels que irão compor a imagem.
Ficou difícil? Funciona assim: imagine um retrato de uma pessoa na frente de uma árvore. Os pixels usados para compor o rosto dessa pessoa carregam não só a informação de que cor devem ter, mas também a distância até a câmera. Esse dado, por sua vez, é diferente do de um pixel usado para compor a imagem da árvore.
Com essas informações, o celular permite que você, ao editar uma foto, agisse como quem diz o seguinte: "quero desfocar tudo que está a 2 metros da câmera".
Só que, ainda assim, pode acontecer de um mesmo objeto acabar borrado em uma parte e não em outra, porque a câmera entendeu que nem todos os pixels que representam tal objeto estão no mesmo plano. Pense em uma bandeja de morangos: seria como se aqueles na parte da frente ficassem nítidos e os de trás, borrados. Bizarro.
Mas aí entra um sistema de inteligência artificial que entende que determinados pixels pertencem a um só objeto (a bandeja de morangos, por exemplo) e, por isso, não podem ser desfocados separadamente.
Também presente na traseira do Nokia 9 Pureview, o sensor de tempo de luz ajuda a ampliar a noção de profundidade em uma imagem. Ele mede a que distância algo está da câmera ao projetar luz sobre um objeto e calcula o tempo que ela demora para voltar.
Todo esse aparato ajuda a desfocar a foto depois de tirada em qualquer ponto. Parece ótimo, certo? E é. Só tem um problema.
Na teoria, tudo isso é lindo. Mas, na prática, todo o processo pode demorar tempo suficiente para deixar você bastante irritado.
Usamos quatro celulares para aplicar o efeito bokeh em fotos de uma feira livre, repleta de frutas e verduras supercoloridas. Três deles demoraram tanto - mais de dois minutos - para carregar a ferramenta de edição que a organização do stand da HMD prometeu reiniciá-los para resolver o problema.
O recurso funcionou em apenas um deles, mas a alegria não durou muito. Após idas e vindas, desfocando ora o fundo, ora a frente da foto, a edição simplesmente travou. Depois de alguns segundos, foi possível voltar à versão original da foto, mas, a partir daí, não foi possível ativar mais a edição da foto novamente.
A ideia do novo sistema de câmeras do Nokia 9 Pureview é revigorante, já que não só pensa em acrescentar mais e mais sensores, mas fazer com que trabalhem juntos. O problema parece ser que a capacidade do aparelho não acompanha as poderosas câmeras. Isso pode fazer com que você prefira um aparelho com câmeras pobrezinhas, mas que, ao menos, mostre suas fotos da última festa.
*O jornalista viajou a convite da Huawei
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