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Como foi o Big Bang? Esta versão interativa é feita com a câmera do celular

Experiência dura pouco mais de cinco minutos e termina com "selfie estelar" - Big Bang AR/Google Arts & Culture/Reprodução
Experiência dura pouco mais de cinco minutos e termina com "selfie estelar" Imagem: Big Bang AR/Google Arts & Culture/Reprodução

Rodrigo Trindade

Do UOL, em São Paulo

06/03/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Aplicativo Big Bang AR mostra transformação do Universo do Big Bang até o dia de hoje
  • Programa está totalmente em inglês, sem legendas ou narração em português
  • App faz parte do programa Once Upon a Try, da plataforma Google Arts & Culture

O começo do Universo na palma da sua mão. É o que você consegue com o app de realidade aumentada Big Bang AR, desenvolvido pelo Google em parceria com o CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) e lançado nesta quarta (6) para Android e iOS.

Tudo começa com você esticando sua mão aberta, com a palma para cima, diante da câmera traseira do seu smartphone. Ao fechar e abrir a mão, sua tela registra a explosão que deu origem a nós, nosso planeta, galáxia e Universo - mas essas explicações vêm depois.

Primeiro você é rodeado de cores e de elétrons, neutrinos, quarks e fótons, as primeiras partículas que surgiram após o Big Bang. E aí que começa a narrativa central do aplicativo: mostrar que nós, seres humanos, somos compostos dessas partículas primordiais.

O conteúdo é dividido em cinco capítulos interativos, que usam realidade aumentada (aquela do Pokémon Go) para simular essa formação, combinando tela e câmera. Então, você deve ficar em pé e andar enquanto seu celular exibe as transformações do Universo.

Vira e mexe o app te pede para mexer na tela para receber mais informações sobre o que está sendo mostrado. Um exemplo, do terceiro capítulo, é quando começam a surgir os primeiros átomos de hélio e hidrogênio - cutucando a tela, cada um deles é devidamente indicado.

Enquanto você interage, a atriz Tilda Swinton narra os acontecimentos da história do Universo, do Big Bang à formação do nosso Sistema Solar. Só tem um porém para quem for usar o aplicativo no Brasil: tudo é falado em inglês e português não é uma das opções de legendas.

Na apresentação do produto, Luisella Mazza, chefe de operações do Google & Culture, informou que será assim de início, mas há a intenção de expandir a oferta de idiomas. A falta de uma opção com legendas em português certamente faz falta para usuários brasileiros, mas a experiência pode ser aproveitada pelo que é demonstrado visualmente.

Big Bang AR - Reprodução - Reprodução
Que tal esse filtro de selfie?
Imagem: Reprodução
O app ainda deixa que você fotografe as cenas de realidade mista e termina com um convite para que você tire uma "selfie estrelada", um filtro que coloca seu rosto no meio de astros.

Além da foto diferentona, você fica sabendo o quanto por cento do seu corpo é composto de átomos que vieram do Big Bang ou de estrelas espalhadas pelo universo.

Mas, fora não entender o que Tilda Swinton narra durante a experiência, a falta do português impede que usuários brasileiros possam se aprofundar no que o app mostra de uma forma interativa. Isso porque cada capítulo possui pequenos textos que respondem perguntas como "quais foram os anos sombrios do universo?" e "como os átomos se formaram?".

A experiência, porém, é divertida e prende a atenção, ensinando e entretendo quem decidir fazê-la. A duração é curta: você vê um resumão de 13,8 bilhões de anos em pouco mais de cinco minutos repletos de animações com belos visuais. Os mais interessados podem se aprofundar com as descrições incluídas em cada capítulo, que são mais detalhadas do que a rápida apresentação narrada.

Once Upon a Try 3 - National Museums Scotland/Google Arts & Culture/Divulgação - National Museums Scotland/Google Arts & Culture/Divulgação
Lembra da ovelhinha Dolly? A história dela está no Once Upon a Try
Imagem: National Museums Scotland/Google Arts & Culture/Divulgação

Conhecimento democratizado

O Big Bang AR foi apenas a parte mais interativa de um projeto maior do Google Arts & Culture, que revelou o programa Once Upon a Try. Acessível pelo app e pelo site do Arts & Culture, o projeto também é fruto de parcerias da gigante da internet com mais de 100 instituições e fundações culturais, científicas e tecnológicas, que vão desde o Museu do Futebol até o CERN e a Nasa (agência especial americana).

O conteúdo, neste caso, é mais denso que o da experiência feita especialmente para celulares, mas mistura diferentes mídias para desbancar mitos e destacar histórias da criatividade humana. O material é bem diverso e apresenta figuras desconhecidas responsáveis por invenções fundamentais ao nosso dia a dia.

Sabe quem inventou o vaso sanitário? Historiadores acreditam que os primeiros resquícios históricos de algo do gênero estavam em um assentamento britânico na idade da pedra, cerca de 2500 antes de Cristo. Mas existe a possibilidade disso ter sido criado antes pela Civilização do Vale do Indo, estabelecida em um território na fronteira entre a Índia e o Paquistão. Agora, os primeiros desenhos de uma privada com descarga são de Sir John Harington, feitos no final dos anos 1500 no Reino Unido.

Essa historinha, que também inclui os vasos sanitários modernos da Ásia, é contada em vídeo, montado com imagens do acervo do British Museum ou do Smithsonian's National Air and Space Musem, entre outras fontes.

Once Upon a Try - Museo Naval/Google Arts & Culture/Divulgação - Museo Naval/Google Arts & Culture/Divulgação
Acervo tem desde artigos históricos de cartografia, como o primeiro mapa das Américas, até itens de astronomia
Imagem: Museo Naval/Google Arts & Culture/Divulgação

As invenções e inventores têm suas histórias narradas com uma diversidade de mídias, misturando textos, imagens históricas, fotos tiradas com a ferramenta Street View e vídeos em formatos variados, desde uma sequência de slides até textos corridos. É muita informação disponível, mas, como é comum na internet, a apresentação nem sempre facilita a exploração.

Partes do acervo estão em destaque, como um incrível arquivo de 127 mil imagens da Nasa, organizadas com tecnologia de aprendizado de máquina - é a cereja do bolo do Once Upon a Try.

O sistema agrupou as fotos em torno de palavras-chave, como "superlua", "espaçonave" e até "pássaro". São dezenas de milhares de fotos, mas todas que exploramos traziam legendas que variavam entre simples descrições e, em alguns casos, explicações e contextualizações do material. Curiosos podem passar dezenas de hora fuçando a plataforma e sempre aprender algo novo.

Once Upon a Try 2 - Nasa/Google Arts & Culture/Divulgação - Nasa/Google Arts & Culture/Divulgação
Aprendizado de máquina organiza as 127 milhões de imagens da Nasa
Imagem: Nasa/Google Arts & Culture/Divulgação

As fotos da Nasa são a maioria, mas o acervo do Once Upon a Try, como um todo, tem mais de 200 mil imagens distribuídas em 419 exposições virtuais. Para montar tudo num pacote bonitinho foi necessário bastante trabalho.

"Estamos trabalhando nesse projeto há mais de dois anos, é uma forma de começar com algumas das histórias, ver como esse tema pode crescer nos próximos anos e qual é o feedback dos nossos usuários. Começamos dia 6 de março e continuaremos a investir por muitos anos", afirmou Luisella Mazza.

A plataforma traz muito conhecimento, mas tem um problema semelhante ao Big Bang AR. Assim como o app, o conteúdo está, em sua maioria, disponível em inglês. Exposições pontuais, como a da história de chuteiras, montada pelo Museu do Futebol, ou a do líder indígena Almir Suruí são contadas em português.

O lado positivo do Once Upon a Try, em relação ao aplicativo, é que a ferramenta Translate pode ser acionada em parte dos conteúdos escritos. Desta forma, quem não entende inglês tem como aproveitar o material: é acionar a tradução e sair aprendendo.