Quem é Jade Raymond e por que você deve conhecer a nova executiva do Google
Resumo da notícia
- Jade Raymond foi contratada como vice-presidente do Google
- Ela tem longo currículo como líder de empresas de games
- Google anunciou a Stadia, serviço de streaming para games
- Na GDC, executiva disse que vai liderar a 'revolução' que virá com a plataforma
Ela virou figura conhecida dos jogadores por suas passagens pelos maiores estúdios da indústria dos games, liderou a Ubisoft (de Assassin's Creed) e a Electronic Arts (The Sims, Battlefield e Fifa), e agora ganhou um novo desafio: vice-presidente de uma nova empreitada do Google.
A função de Jade Raymond na gigante das buscas foi revelada na terça-feira (19), mas os mais antenados já tinham ligado os pontos: a canadense é a nova líder da divisão de jogos da empresa.
Na GDC (Game Developers Conference), evento para desenvolvedores da indústria de games, ficou claro que a empresa está apostando pesado no mercado de jogos. Ali, foi anunciada a plataforma de streaming Stadia e a atuação da nova chefe de jogos e entretenimento nos estúdios de games originais do Google.
O gigante das buscas não é bobo. Nos Estados Unidos, videogames tiveram uma receita maior do que toda bilheteria da indústria do cinema em 2018, US$ 43,8 bilhões contra US$ 41,7 bilhões, respectivamente. No mundo todo, os games para smartphones, consoles e computadores arrecadaram US$ 134,9 bilhões no ano passado, segundo a consultoria Newzoo.
Veterana dos games
Apesar do tamanho da empresa ser maior, o cargo não é novidade para Raymond, veterana com longa experiência na área.
A executiva de 43 anos se formou em ciência da computação em 1998 e tem longa experiência no trabalho com games. Logo que se formou, começou a trabalhar como engenheira de software da SOE (Sony Online Entertainment), braço da fabricante do PlayStation que cuida de produtos online. Na função, atuou na programação do game de perguntas Jeopardy Online.
De Nova York, onde ficava a SOE, Raymond se mudou para a Califórnia para trabalhar como produtora da versão online do fenômeno "The Sims", aquele jogo em que você constrói casas e tenta fazer uma família dar certo - ou brinca de sadista, prendendo as pessoinhas em uma sala fechada sem janelas e portas. Foi a primeira passagem dela pela EA, de 2000 a 2002, empresa que a contrataria de volta como executiva mais de uma década depois.
Retorno com 'Assassin's Creed'
Ela passou dois anos fora da indústria dos games e voltou com estilo, na Ubisoft. Foram mais de cinco anos como produtora-executiva, quando supervisionou a criação do primeiro motor gráfico para jogos de mundo aberto da empresa e ajudou na concepção de outras séries como "Watch Dogs".
Mas a grande legado de Raymond na Ubisoft foi, é claro, a criação da franquia "Assassin's Creed". O game fez tanto sucesso que, desde 2007, quando saiu o primeiro game da série, ganhou outros dez títulos "principais" e mais outros 11 spin-offs.
Todo esse brilho fez com que a canadense ganhasse um novo desafio: fundar um estúdio do zero em Toronto, já com o cargo de gerente-geral e vice-presidente. Esse braço da produtora chegaria a 350 desenvolvedores, se tornando o segundo maior estúdio da Ubisoft e o principal quando o assunto era a captura de performance, técnica usada para levar mais realismo aos jogos, tanto nas faces quanto nos movimentos corporais dos personagens.
Ah, de quebra ela foi a produtora-executiva da tradicional franquia "Splinter Cell", enquanto preparou o estúdio para tocar cinco projetos ao mesmo tempo.
O sucesso atraiu a EA, que contratou Raymond como vice-presidente sênior e gerente-geral de grupo responsável pela montagem de um (mais um) novo estúdio em Montreal. Chamada EA Motive, a produtora passou dos 300 funcionários sob a tutela da executiva. Raymond ficou responsável pela estratégia de como a EA usaria as propriedades intelectuais Star Wars e Plants vs. Zombies HD.
Foram três anos e um estúdio montado, mas as sementes plantadas por ela ainda não deram frutos, já que a EA Motive só teve dois projetos oficiais: o criticado "Star Wars Battlefront II" e outro projeto cancelado de Star Wars. Justiça seja feita, este segundo era uma parceria com a Visceral Games, outra produtora da EA que acabou fechada em 2017. O projeto foi repassado para a EA Vancouver, mas foi cancelado este ano.
Revolução nos games?
O que esperar de Jade Raymond, agora vice-presidente do Google? Ela chega em um momento que diversas empresas sinalizam um salto para o streaming na indústria de games, inclusive gente de fora dela, como a gigante de buscas.
O Google iniciou, em outubro passado, os testes do "Project Stream". Pouco se sabia da plataforma até terça-feira, quando a empresa revelou a Stadia, que ganhou o slogan "sem caixas, sem downloads, sem limites".
Além de um controle, que pode ser o do Google ou os que já estão no mercado, a plataforma só precisará de internet (boa) para fazer o streaming de jogos com qualidade de imagem melhor do que a dos consoles mais poderosos do momento, Xbox One X e PlayStation 4 Pro.
Hoje vocês viram uma tecnologia incrível. Espero que, como eu, vocês acreditem que estamos para ver uma enorme revolução nos videogames, uma que irá destravar um novo nível de criatividade para os desenvolvedores. Não há limites para a imaginação humana agora que o data center é a plataforma e o poder de processamento é igualmente sem limites
Raymond, na apresentação do Stadia
Com o evento na GDC, o Google foi o primeiro a dar as cartas, mas ele não é o único a trabalhar em um serviço desse tipo. Além dele, a Amazon trabalha em sua própria plataforma, com a intenção de lançá-la antes de 2020. Os pesos pesados ainda terão a concorrência da Microsoft. Entre as empresas tradicionais da indústria dos games, a fabricante do Xbox é a mais avançada neste campo, tendo revelado seu ambicioso projeto xCloud em 2018.
Raymond já revelou sua nova empreitada, com a missão de "reimaginar a nova geração dos games", mas a concorrência talvez apresente sua resposta já nesta quarta-feira (20). É nesta data que a Microsoft fará a apresentação "Xbox Live: crescendo e engajando sua comunidade de jogadores através plataformas".
A expectativa é que seja revelada a expansão da rede Xbox Live para iOS, Android e Nintendo Switch. Também é possível o anúncio de um Xbox One sem disco. Será?
Essa GDC 2019 já entregou o que prometia, uma nova forma de pensar os videogames. Agora no Google, Raymond aposta em uma revolução, que começará com o lançamento da Stadia nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e partes da Europa ainda em 2019. Para o Brasil, não há previsão de quando o serviço chegará.
Currículo e experiência ela tem. Resta saber se a tecnologia ambiciosa da empresa corresponderá às promessas, especialmente em mercados onde as conexões de internet não são lá essas coisas. Se a Stadia funcionar tão bem como o Google prometeu, a indústria dos jogos terá seus parâmetros redefinidos com essa mulher no comando da revolução.
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