Anatel escolhe 5G que garante de carros conectados a cirurgia à distância
Resumo da notícia
- Equipe técnica da Anatel define detalhes da licitação do 5G no Brasil
- As faixas escolhidas são: 700 Mhz, 2.3 Ghz, 3.5 Ghz e 26 Ghz
- A surpresa é faixa de 26 Ghz, com alta capacidade de transmissão
- Chamada de onda milimétrica, ela permite aplicações que exigem muitos dados
- Entre esses serviços, estão o de carros autônomos, cirurgia à distância e videogame sem console
Os técnicos da Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) concluíram na quinta-feira (4) o modelo de como será a licitação do 5G, a tecnologia que promete revolucionar as conexões. A informação foi dada ao UOL Tecnologia pelo superintendente de competição do órgão, Abraão Balbino da Silva. Isso quer dizer que eles deram um passo fundamental e definiram quais serão as bandas ofertadas no processo, que deve ocorrer em março de 2020.
As bandas (ou faixas de frequência) funcionam como grandes avenidas aéreas pelas quais trafegam dados de internet. Como algumas vias podem estar ocupadas por outras tecnologias e outras não são usadas para evitar interferência, a escolha das bandas é fundamental para garantir o fluxo dos dados da internet ultrarrápida. Alguns serviços são melhor oferecidos quando transmitidos em determinadas "avenidas", caso de algumas das aplicações mais charmosas do 5G, como a Internet das Coisas (IoT, internet of things, que dá vida à famosa casa inteligente, por exemplo).
Segundo o superintendente da Anatel, as faixas definidas para o leilão da quinta geração de banda larga móvel são as seguintes:
- 700 Mhz
- 2.3 Ghz
- 3.5 Ghz
- 26 Ghz
As três primeiras faixas já são conhecidas de quem acompanha as discussões sobre a nova tecnologia. O presidente da Anatel, Leonardo Euler, já havia informado que parcelas dessas frequências iriam ser combinadas para tornar o leilão mais atrativo. Já a inclusão da frequência de 26 Ghz é uma novidade.
A faixa pode ajudar a tirar do papel parte das promessas sofisticadas do 5G, que não só vai oferecer altas velocidades mas também contará com baixíssimo tempo de espera, a chamada latência.
O 5G é uma verdadeira revolução digital
Abraão Balbino da Silva
Ainda que a indústria calcule que o 5G vá ter velocidades superiores a 20 Gigabit por segundo, as baixas taxas de latência são elementos cruciais para algumas das aplicações mais aguardadas. Isso porque a latência é o tempo que um pacote de dados na internet demora para ser transmitido do servidor onde o conteúdo está hospedado até o terminal do internauta.
Quer um exemplo? É a latência que faz um jogador online de "Counter Strike" perceber a aproximação de um adversário algumas frações de segundos depois do movimento ter ocorrido. O superintendente da Anatel cita três aplicações que devem deslanchar com o 5G, mas que hoje são praticamente impossíveis hoje: videogame sem console, carros que dirigem sozinhos e cirurgias à distância.
Videogame sem console:
O 5G habilita por exemplo que eu não precise mais ter um console de videogame na minha casa. Se você gosta de jogar e tem um PlayStation 4, não vai mais precisar dele. Só vai precisar do controle e todo resto estará na internet. Tudo é tráfego instantâneo, porque a latência é pequena
Carros que dirigem sozinhos:
O 5G permite você ter conectado todos os dispositivos da sua casa, das roupas às lâmpadas. E você vai controlar tudo isso pelo celular e de forma automática. Vai permitir também que todos os carros sejam autônomos, conversem entre si para fazer controle de tráfego sem você fazer intervenção nenhuma.
Telemedicina:
O 5G permite ainda que um médico lá na Austrália faça uma cirurgia em você aqui, no Brasil, e toda a sensibilidade durante o procedimento seja preservada.
5G nas alturas
Como essas aplicações vão exigir alta capacidade de transferência de dados, a indústria passou a buscar frequências que sejam capazes de dar conta de todo esse fluxo. A saída encontrada foi recorrer espectros acima dos 6 Ghz, as chamadas ondas ou bandas milimétricas. A faixa dos 26 Ghz, que será licitada pela Anatel para o 5G, é uma delas. "As bandas milimétricas são as que habilitam toda essa loucura tecnológica mais visionária que eu falei", afirmou o superintendente Abraão Balbino da Silva.
Ari Lopes, analista da consultoria da Ovum, explica que as bandas milimétricas passaram a ser consideradas pela indústria porque a capacidade de transferência de dados aumenta quanto mais altas no espectro são as faixas exploradas. Ainda que tragam vantagens, essas altas frequências impõem desafios às operadoras. Quanto maior a faixa, maior é a necessidade de instalar antenas para transmitir o sinal.
Você não vai colocar uma torre de celular enorme e esperar que ela cubra vários quilômetros, como ocorre hoje. Nas ondas milimétrica, a gente está falando de distâncias curtas, de algumas dezenas de metros
Ari Lopes
Para contornar o problema, as empresas que vencerem o leilão terão que instalar mais antenas. Esses pequenos receptores terão de ser posicionados tanto nas vias públicas quanto em espaços internos. Outra adversidade é que há maior ruído, diz Lopes.
A gente vai ter velocidade altas, parecida com a da fibra ótica, mas se tiver algum obstáculo no meio, como uma parede, esse sinal pode se deteriorar
Quanto vai custar o 5G?
Além das faixas, outros detalhes acertados pela equipe técnica da Anatel foram os lotes dentro de cada frequência (espécie de faixas dentro das avenidas) a serem leiloados, os compromissos de investimento a serem assumidos e a projeção de como ficará a concorrência após o resultado do certame. Silva preferiu não dar maiores detalhes sobre estes itens.
Leonardo Euler, presidente da Anatel, no entanto, já havia adiantado em março quais lotes poderiam ser colocados à venda. Dentro da faixa de 3.5 Ghz, há uma fatia de 200 Mhz a ser leiloada. Na faixa de 2.3 Ghz, há uma porção de 100 Mhz, e nos 700 Mhz, há duas parcelas de 10 Mhz.
O modelo da concessão do 5G ainda será submetido a uma consulta pública e terá de ser aprovado pelo conselho da agência. A etapa que falta é a elaboração dos preços a serem cobrados pelas concessões.
Abraão Balbino Silva, superintendente de competição da Anatel, diz que o valor depende da definição dos modelos de negócio que poderão ser aplicados com o 5G. Ele explica que, apesar de ser uma tecnologia de banda larga móvel como 3G e 4G, a forma como as operadoras poderão ganhar dinheiro com ela será bastante diferente do que ocorre atualmente.
Hoje, a operadora vende um plano de serviço e você paga um valor por mês. Isso se traduz na chamada receita média por usuário, que é um dos elementos para se chegar ao preço [no leilão]. Acontece que o 5G não vai ser majoritariamente ofertado apenas pela operadora, vai poder ser ofertado por outros agentes econômicos também.
As operadoras poderão, por exemplo, negociar parte de sua capacidade com outras empresas. A agência ainda avalia como medir esses novos modelos. "Há uma infinidade de possibilidades, mas não temos muito claro quais são os casos de viabilidade econômica", diz Silva.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.