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Metade dos brasileiros espiona seus parceiros; veja como se proteger

Descobrir a senha de desbloqueio é uma das formas mais comuns de ter acesso ao celular de alguém - Getty Images/iStockphoto
Descobrir a senha de desbloqueio é uma das formas mais comuns de ter acesso ao celular de alguém Imagem: Getty Images/iStockphoto

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

15/04/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Pesquisa indica que metade dos brasileiros admite espionar online os seus parceiros
  • Apesar de uma prática comum, a invasão de privacidade pode ser considerada crime
  • Do lado da vítima, existem práticas que podem ajudar na proteção. Uma delas é trocar a senha de acesso ao aparelho periodicamente
  • Ter um programa de segurança digital instalado também é fundamental

Se você tem medo de que algum hacker invada o seu celular e tenha acesso aos seus contatos, fotos, conversas no WhatsApp e toda a sua vida digital, lembre-se que o perigo pode estar ao lado. Uma pesquisa feita pela empresa de segurança Kaspersky no ano passado mostrou que 49% dos brasileiros admitem espionar online os seus parceiros.

A forma mais fácil para ter acesso ao celular de alguém é usar a senha para desbloquear o aparelho. Não vou aqui dar detalhes de como consegui-la, mas todo mundo sabe que não é lá muito difícil decorar o número.

Em posse dela, os detetives de plantão iniciam o seu trabalho sorrateiramente, sem que o(a) parceiro(a) saiba. Alguns "apenas" vasculham emails, redes sociais, conversas no WhatsApp, acessam fotos, e se encontram satisfeitos.

Outros já são mais invasivos. Partem para a segunda fase do plano que é: instalar programas espiões que vão monitorar 24h por dia o que o dono ou dona do celular faz no aparelho. São os chamados popularmente de stalkerware, junção das palavras "stalker" (perseguidor) e "malware" (programa malicioso).

Infelizmente, eles podem facilmente ser encontrados na internet e muitos possuem a habilidade de se esconder dentro do celular. Por isso, é possível que o usuário nem se dê conta de que o seu aparelho foi invadido.

As ações mais comuns desses sistemas são o rastreamento da localização, o acesso as mensagens trocadas e o registro de chamadas telefônicas. Outros mais avançados conseguem até capturar imagens das câmeras do celular no momento em que desejam.

É muita invasão de privacidade, não?

Pelo menos existem algumas práticas que podemos fazer para nos proteger desse tipo de ação. A primeira delas é trocar a senha de desbloqueio do aparelho de tempos em tempos.

Outra dica é ir nas configurações do aparelho e analisar quais aplicativos instalados possuem permissão para acessar o microfone, câmera, fotos e serviço de localização. Se encontrar algum programa desconhecido, desinstale.

Quem tem celular com o sistema operacional Android pode ainda instalar o aplicativo Hidden Apps Detector. O programa faz uma varredura no celular e exibe os app ocultos instalados no aparelho.

Depois disso, o usuário pode tentar desinstalar o programa. Caso o programa não permita a desinstalação, será preciso formatar o celular e restaurar as configurações de fábrica.

Ter antivírus, antispyware e outros sistemas de segurança instalados no dispositivo também é importante. Algumas empresas oferecem sistemas que conseguem identificar se o celular possui um programa espião e emite um alerta ao usuário.

Espionar pode ser crime

Muita gente não se deu conta ainda, mas vascular o celular alheio pode ser configurado crime.

A Lei Carolina Dieckmann (12.737/13) proíbe a invasão de celulares, tablets e computadores, conectado ou não a rede de computadores, mediante violação de segurança com o fim de obter informações sem autorização.

Se ficar comprovado o posterior roubo e vazamento de dados, a pena pode chegar a dois anos de prisão.

Já a Lei 9296/96 determina regras sobre interceptação telefônica. Ela prevê multa e pena de dois a quatro anos de prisão para quem acessar indevidamente "comunicações telefônicas, de informática ou telemática" sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Ou seja, é crime espionar, por exemplo, as ligações telefônicas feitas pelo(a) parceiro(a).

Outras dicas de segurança

Para maior proteção, a Kaspersky ainda recomenda que o usuário:

  • Instale aplicativos apenas de lojas oficiais, como Google Play e Apple Store;
  • Evite divulgar a senha ou o código de acesso ao seu dispositivo móvel, mesmo que seja com alguém da sua confiança;
  • Nunca instale aplicativos desconhecidos em seu dispositivo, pois eles podem prejudicar sua privacidade. Em alguns casos, um link recebido esconde a instalação de programas que nunca ouvimos falar. Na dúvida, não instale nada. Faça uma pesquisa para verificar a procedência do programa;
  • Nunca salve arquivos recebidos sem saber o que eles são. Recebeu um vídeo? Pergunte para quem o enviou do que ele se trata. Se certifique de que é mesmo um vídeo antes de fazer o download em seu celular.
  • Altere todas as configurações de segurança em seu dispositivo móvel se estiver saindo de um relacionamento. Um ex pode realizar tentativas de adquirir suas informações pessoais para te manipular.

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