Como prédios e outras construções são demolidos? Entenda a tecnologia
Quando falamos de demolições de construções, logo pensamos nas implosões. Além de ser visualmente impressionantes, essas intervenções são as mais eficientes para se colocar grandes estruturas, como prédios, no chão.
As implosões, no entanto, ocorrem em casos muito específicos. "É um processo de demolição bastante rápido, mas que exige cuidados com o entorno da construção a ser demolida para não prejudicar a estrutura de prédios e casas vizinhos", explica Marcos Monteiro, professor do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia.
Demolição manual
Quando a implosão não é possível ou não compensa financeiramente - como ocorre na maioria dos casos -, há a demolição manual. Monteiro explica que há formas diferentes de realizar esse procedimento, que influenciam, basicamente, o custo e o tempo necessário para a demolição.
O método mais simples envolve trabalhadores munidos de ferramentas como marretas e talhadeiras e tem como principal vantagem o custo. É possível otimizar esse processo utilizando equipamentos com maior poder destrutivo, como britadeiras, ou tratores equipados com pinças de demolição, que lembram um alicate e funcionam cortando partes da estrutura.
Independentemente do método utilizado, a demolição manual segue uma ordem específica, visando tornar o processo seguro: sempre de cima para baixo, com a demolição dos pisos superiores e uma descida gradual -- num processo contrário ao feito na construção, já que primeiro são quebradas as lajes, depois as vigas de sustentação das lajes e por últimos os pilares.
Essa é uma maneira de evitar que a estrutura caia enquanto há trabalhadores dentro dela.
E a implosão?
Caso haja a decisão por implodir uma estrutura, um especialista nesse tipo de procedimento avalia a construção que será colocada abaixo e determina a quantidade de explosivos utilizada em quais pilares e vigas. Normalmente, não são colocados explosivos em todos os andares de uma construção.
Esse profissional precisa ter um treinamento de blaster, que é o nome dado ao técnico que realiza o plano de fogo, ou seja, o projeto da detonação.
No caso de prédios, um dos pontos que mais merecem atenção é o fosso do elevador. Essa estrutura acaba servindo como um grande pilar de sustentação.
Segundo o engenheiro civil Mauricio Luiz Minarini, da Roma Engenharia Diagnóstica, hoje os explosivos mais usados são as emulsões gel e granulados, em atividades de mineração, e as emulsões na forma de banana, que são usadas em estruturas de concreto, caso das implosões de construções.
O equipamento envolvido em uma implosão é composto pelos seguintes elementos:
- iniciador (ou detonador), que pode usar espoleta comum ou elétrica
- cordel detonante
- retardo explosivo
- dinamite, feita de nitrato de amônia e óleo mineral
Uma vez instaladas as dinamites nos pontos desejados, elas são ligadas ao detonador por meio do cordel detonante, que é composto por um produto químico que queima com a faísca produzida pelo detonador.
A ligação a esse "fio principal" ocorre por meio de uma fiação secundária, ligada individualmente a cada explosivo.
Ligando os fios menores aos explosivos, por sua vez, estão espoletas, que atuam como iniciadores da detonação das dinamites. Imagine, portanto, algo como a cabeça de um fósforo.
Monteiro explica que, ao contrário do que se imagina, os explosivos não são detonados ao mesmo tempo durante uma demolição. Há uma diferença de milésimos de segundo, o que ajuda a criar uma demolição controlada. "O intuito é fazer com que o processo ocorra de fora para dentro da construção, daí o nome implosão e não explosão".
Para garantir que a explosão ocorra na ordem planejada, são utilizados retardos, que são peças plásticas que aumentam a distância entre os explosivos, e há uma variação no comprimento do cordel detonante.
Sobre essa diferença de tempo entre a detonação de cada explosivo, os primeiros a explodirem são os localizados próximos ao centro da construção, e o procedimento ocorre de baixo para cima. Isso que causa aquele efeito visual da edificação "se recolhendo" durante uma implosão.
Ainda que seja um processo controlado, toda implosão requer cuidados. Além da instalação de telas ao redor da construção a ser demolida, para evitar que detritos causam danos a estruturas, objetos e pessoas nas imediações, também é criada uma área de evacuação ao redor do prédio.
Por fim, especialistas utilizam sismógrafos - aparelhos capazes de medir tremores - para medir a vibração produzida pela implosão e, com isso, averiguar se as estruturas próximas acabaram danificadas.
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