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Celular chinês com câmera potente chega para bater tops de linha no Brasil

Helton Simões Gomes

Do UOL, em São Paulo

30/04/2019 04h00

Para evitar um tombo logo de cara, algumas empresas escolhem levar para um novo mercado produtos menos ousados, mas mais capazes de comer pelas beiradas por fatias significantes das vendas. Isso é tudo o que a Huawei não está fazendo em sua reestreia no Brasil.

Com planos grandiosos, a chinesa pretende dominar a cena de smartphone no país. Para isso, em vez de um intermediário, ela vai apresentar nesta terça-feira (30) ao mercado brasileiro o mais potente celular feito por ela até agora: o P30 Pro, para bater de frente com outros tops, como Galaxy S10, da Samsung, e iPhone XS, da Apple.

E a briga parece ser boa, já que o smartphone é dono de características que vão do incrível (câmera com zoom de 50 vezes) à utilidade doméstica (vira controle remoto da TV), passando pelo altruísmo camarada (recarga sem fio de outros aparelhos).

Ainda não sabemos o preço, mas o "segredo" será revelado a partir das 17h de hoje. O UOL Tecnologia vai acompanhar o lançamento de perto. Por isso, fique ligado(a).

Enquanto isso não acontece, você pode conferir a seguir a análise completa sobre o aparelho. Pude testar o P30 por algumas semanas e as câmeras são incríveis.

Câmera

Se hoje você compra celulares com três câmeras e não sabe o que fazer com elas, culpe (ou agradeça) a Huawei. Ela começou com essa história quando lançou o P20 no ano passado. O P30 Pro, que chega ao Brasil, deixou as coisas mais complicadas: ganhou uma lente a mais e chegou a quatro câmeras traseiras (uma grande angular de 40 megapixels, uma ultra grande angular de 16 megapixels, uma de telefoto de 8 megapixels e um sensor de time-of-flight, que calibra melhor a profundidade de uma cena para tirar melhores retratos). Mas para quê tudo isso?

A combinação delas produz imagens com mais nitidez, detalhe e profundidade. A diferença para outros celulares é notável quando são feitas fotos de retrato (aquelas que focam um plano e desfocam o outro). Os elementos desfocados não são apenas borrões. É possível notar seus contornos. Além disso, a imagem não tem aquele ar de recortado —acontece principalmente com cabelos: alguns celulares fazem retratos que parecem colocar um molde é colocado sobre as cabeças das pessoas e desfocam tudo que está fora dele; o P30 Pro parece tratar cada fio individualmente.

Outro trunfo do celular é o zoom sem comparação no mercado, que ocorre graças a um periscópio dentro da câmera de telefoto. Típica de submarinos, a tecnologia é, de forma resumida, um cilindro equipado com diversas lentes. A manipulação delas permite que alguém olhando por uma de suas extremidades veja as imagens captadas do outro lado aumentadas diversas vezes. Essa estrutura é capaz de dar zoom óptico de cinco vezes. A combinação entre esse arranjo óptico e o trabalho do software de processamento de imagem faz o poder do zoom subir para 10 vezes. Quando só os algoritmos estão em ação, o zoom vai a 50 vezes.

E qual a potência de tudo isso? Bom, eu consegui ver quais eram os números e letras da placa de um carro que estava a mais de 500 metros de distância. E tudo isso aconteceu à noite, com pouca luminosidade. O único problema é que quanto maior o zoom maior a desestabilização para registrar a imagem.

A câmera de selfie produz fotos com resolução de até 32 MP e também pode tirar retratos competentes.

Inteligência artificial na câmera

Outro detalhe digno de nota o sistema de inteligência artificial da câmera. Os algoritmos identificam algumas características na cena para ajustar a forma como a foto vai ser tirada. Pode ser uma planta, o céu ou até mesmo a lua. Tudo isso é feito ao acionar o modo assistente de inteligência artificial. Mas cuidado!

Ativar essa função é colocar a foto na mão de um robô, o que pode ser uma boa ideia caso você não seja um fotógrafo tão bom. Mas pode ser ruim se você for um craque da foto, porque o nível de interferências no seu clique não vai ser desprezível.

O foco automático da câmera do celular é rápido, o que ajuda a não perder algumas cenas. E o modo noturno melhora sensivelmente as imagens captadas com baixa ou nenhuma iluminação.

Tela multiuso

A tela Full HD é recortada em cima por entalhe de gota para acomodar a câmera de selfie. Encostando no display, é possível destravar o celular usando a impressão digital.

É também por meio da tela que é possível transformar o celular em um controle remoto para manipular de TVs a aparelhos de ar-condicionado. Isso porque tem um sensor de infravermelho para enviar sinais a esses aparelhos.

Bateria

A bateria é sempre algo que dá dor de cabeça. No P30 Pro, ela pode virar a solução até de outros aparelhos. O smartphone conta com uma bateria de 4.200 mAh, que foi mais do que suficiente para eu passar um dia sem colocar a mão no carregador. Acessei redes sociais e apps de mensagem de forma intensa e joguei e assisti serviços de vídeo moderadamente.

O carregamento rápido do celular faz com que sua bateria vá de 0 a 70% em meia hora. Para isso, porém, é preciso usar o carregador oficial que vem com o aparelho. Perder ou esquecer esse acessório, no entanto, é um problema, porque carregar o P30 Pro com outro é um processo bastante demorado.

A bateria dele pode ser usada para dar aquela carga a outros aparelhos. É a chamada ?carga reversas sem fio". Basta acionar essa opção e encostar o outro dispositivo nele.

Processamento

O processador é um Kirin 980, feito pela própria Huawei, que não é um Snapdragon, da Qualcomm, que costuma equipar diversos celulares top. Ainda assim, o processador aguenta o tranco sem travar, ainda que a demanda seja jogar games pesados e com muitos detalhes gráficos.

P30 Pro

  • Tela: 6,47 polegadas de OLED
  • Câmera: traseira quádrupla (wide de 40 MP, ultra wide de 20 MP, telefoto com periscópio de 8 MP e sensor "Time-of-flight); selfie de 32 MP
  • Memória: 128 GB, 256 GB, 512 GB / 8 GB de RAM
  • Bateria: 4.200 mAh
  • Processador: HiSilicon Kirin 980