Google x Facebook: as gigantes apostam em futuros opostos para tecnologia
Resumo da notícia
- Google e Facebook apresentaram suas novidades nos últimos dias
- Elas mostram qual é a visão de cada empresa para o futuro
- O Facebook quer manter as pessoas ainda mais tempo em seus apps
- Já o Google criou recursos para as pessoas lidarem melhor com o celular
Conferências para desenvolvedores são aqueles momentos em que grandes empresas de tecnologia mostram a diversos profissionais as várias mudanças que eles terão de fazer para seus aplicativos continuarem funcionando. Para o público geral, é uma oportunidade para ver como essas companhias querem moldar, com seus produtos, o futuro.
No intervalo de dez dias, três das Big Tech realizaram seus eventos. Com exceção de uma iniciativa para checar o resultado de eleições e novidades para o navegador Edge, a Microsoft apresentou novidades sobretudo para computação em nuvem. Já as novidades anunciadas por Google e Facebook são, em sua maioria, voltada a consumidores -- e elas não poderiam mostrar visões mais distintas do que as duas planejam para a tecnologia nos próximos anos.
O futuro integrado do Facebook
Vamos começar pelo Facebook. Durante o F8, principal evento da rede social no ano, Mark Zuckerberg, o CEO da empresa, anunciou as diversas mudanças que estão por vir. Como há novidades para os quatro principais serviços da companhia, é melhor listá-la individualmente.
Novidades no Facebook:
- Sai o layout azul, entra um visual branco que leva para o topo da página informações como "Amigos" e "Fotos";
- Comunidades viraram o foco e agora grupos e eventos ganharam uma aba única e postagens sobre isso aparecerão com maior frequência;
- Chega a mais lugares, com o Brasil, o Dating, serviço de relacionamento rival do Tinder.
Novidades do WhatsApp:
- Serviço de pagamentos pelo app será levado a mais lugares;
- Empresas poderão criar catálogos de produtos e serviços no WhatsApp Business.
Novidades do Instagram:
- App ganhará uma aba de shopping para facilitar a compra de produtos mostrados por lá;
- Câmera do Stories vai deixar começar uma sequência só com stickes;
- Exibição pública de curtidas em posts deve acabar e até o número de seguidores deve ser mostrado apenas ao dono da conta.
Novidades do Messenger:
- Ganhará app para desktop, além do app que já funciona nos smartphones;
- Aba "Friends" mostrará conteúdos publicados por amigos no Facebook e Stories, no Instagram;
- Em breve, será possível conversar com pessoas que só usam outros aplicativos, como WhatsApp e Instagram.
A ideia de Zuckerberg com tudo isso é integrar de diversas formas todas as suas plataformas e intensificar ainda mais o uso delas. Só que houve uma guinada na forma como a rede social mantém as pessoas ativas na plataforma. Se, até agora, os usuários eram incentivados a se manifestarem publicamente em lugares como o feed de notícias de Facebook e Instagram, a partir de agora o foco é outro: estimular que as interações sejam feitas de maneira privada, por meio de grupos temáticos, eventos, conversas privadas entre pessoas selecionadas e por aí vai.
"O futuro é privado" é o novo mantra de Zuckerberg.
Apesar de as palavras serem similares, privado não pode ser confundido com privacidade. É bom deixar isso claro porque a ideia de Zuckerberg é mudar a lógica de "praça pública", que sustentou a rede social por 15 anos, para a de "sala de estar", em que as conexões são mais íntimas e aparentemente mais privadas. Pelo discurso, a simples mudança de manifestações em caráter público para o privado assegura o restabelecimento da privacidade dos usuários.
O futuro sem celular do Google
Já o Google I/O foi o espaço para as novidades do Android. O sistema operacional de três em cada quatro smartphones de todo mundo ganhou novos recursos como:
- as janelas dos aplicativos poderão ser sobrepostas às dos outros serviços, como em um computador, para ampliar o caráter multitarefa do sistema;
- as notificações exibirão possíveis ações; se forem avisos de mensagens, por exemplo, já surgirão possíveis respostas dependendo do conteúdo;
- serviços como o de legendas instantâneas para qualquer vídeo serão processados dentro do celular e não precisarão de internet; com isso, os dados da operação ficam apenas no aparelho;
- o modo escuro poderá ser ativado para poupar bateria e a capacidade visual de quem olhar para o aparelho;
- o modo focado desabilitará notificações de apps específicos;
- o controle parental permitirá que pais controlem com maior precisão a que serviços seus filhos têm acesso e por quanto tempo os utilizam.
- entender os comandos com maior rapidez;
- preencher formulários online para as pessoas;
- personalizar respostas de acordo com o conhecimento que tem sobre alguém.
Google x Facebook
Não pense que você não está pagando para usar WhatsApp ou o YouTube só porque o boleto não chegou. As informações pessoais são a forma como qualquer um paga para acessar os serviços de Google e Facebook.
As duas precisam que o fluxo dos seus dados continue jorrando para dentro de servidores. Sem isso, elas não conseguiriam antecipar suas preferências a fim de refinar quais publicidades enviar a você. Mas, diante do que foi apresentado nas duas conferências, o caminho escolhido pelas empresas não poderia ser mais diferente.
As novidades do Facebook são todas voltadas para que você continue na plataforma. Ou melhor: em qualquer plataforma da empresa, já que Instagram, Messenger e WhatsApp estão sob o mesmo grande guarda-chuva. E, caso alguém torça o nariz para algum desses serviços, não tem problema: a integração entre todos eles, promovida por Zuckerberg, permitirá que alguém no WhatsApp envie mensagens para uma pessoa no Instagram.
Além dessa integração, que fará com que a hoje fragmentada vida social de qualquer um seja unificada, o Dating e o enfoque em grupos são uma aposta para sugar ainda mais a atenção que as pessoas dispõem.
Na contramão a isso, o Google tenta criar meios para que as pessoas se livrem da armadilha em que ele mesmo ajudou a colocar muitos usuários: o vício em celular e a falta de controle sobre dados pessoais. É claro que essa estratégia não vem sem interesse, já que um dos componentes principais é o uso do Google Assistente para gerenciar por voz todas as interações com o celular. Ou seja, não é preciso checar o celular a todo momento, basta um "Hey, Google".
O que pode explicar a estratégia distinta das duas empresas é a fonte de dinheiro que as abastece. Enquanto o Facebook depende da receita publicitária que vêm de seus aplicativos mais famosos, o Android, para o Google, é um serviço dominante, mas não a galinha dos ovos de ouro. É a ferramenta de busca que continua levando para casa boa parte das receitas - talvez por isso, foi ela que ganhou o recurso com maior potencial de ampliar o tempo gasto pelas pessoas: uma demonstração em realidade aumentada de objetos pesquisados.
Como o celular é o ponto de contato de muitas pessoas com a tecnologia, a decisão do Google pode apaziguar a ansiedade gerada por cada um dos estímulos do aparelho e dos serviços instalados ali. Toda essa sobriedade e desprendimento, porém, deve ruir assim que a chuva de mensagens no WhatsApp aumentar, já que poderão daqui para frente partir também de Messenger e Instagram.
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