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Bezos resolveu ir para a Lua; por que o espaço virou o fetiche dos ricos?

A maquete da cápsula Blue Origin, de Jeff Bezos, executivo da Amazon - Saul Loeb/AFP
A maquete da cápsula Blue Origin, de Jeff Bezos, executivo da Amazon Imagem: Saul Loeb/AFP

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

10/05/2019 16h12

"Esse é o Blue Moon", disse o executivo-chefe da Amazon, Jeff Bezos, em uma apresentação para a imprensa na quinta-feira (9) em Washington, mostrando uma enorme maquete de sua cápsula de pouso capaz de transportar material e até humanos ao polo sul da lua até 2024.

Projetado nos últimos três anos, a cápsula, em seu formato final, seria capaz de levar 3,6 toneladas de material e até 6,5 toneladas na versão mais pesada.

Bezos não estipulou uma data para o primeiro lançamento do veículo, mas disse que estaria pronto para cumprir com o objetivo estipulado pela administração de Donald Trump, que prevê enviar humanos à Lua até 2024.

"Podemos ajudar a cumprir esse prazo, mas somente porque começamos há três anos", declarou Bezos. "É hora de voltar à Lua, mas dessa vez para ficar". E qual seria a intenção? Com a palavra, Jeff Bezos:

O trabalho da minha geração é construir infraestrutura. Construiremos um caminho espacial
Jeff Bezos

O objetivo do Blue Moon é pousar no polo sul da Lua, região onde há água, que pode ser explorada para produzir hidrogênio. Este, por sua vez, serviria como combustível para desbravar o Sistema Solar. O modelo poderá carregar instrumentos científicos, quatro pequenos rovers, além de um veículo pressurizado para humanos.

A apresentação incluiu um monólogo de Bezos sobre sua paixão pelo espaço, descrevendo colônias espaciais futuristas imaginadas pelo físico Gerard O'Neill, mundos artificiais que poderiam proporcionar à humanidade a fuga de uma Terra com recursos limitados.

A semana do dono da Amazon foi bem agitada. Ele também anunciou há pouco o projeto Kuiper, uma constelação de 3.236 satélites, instalados a 600 km de altitude, para levar internet de alta velocidade até os locais mais remotos da Terra.

Espaço, a fronteira final da grana

Mas Jeff Bezos não é o único bilionário que quer passear pelas estrelas. Um antigo companheiro de sonhos --e concorrente-- é Elon Musk, dono do Falcon Heavy, foguete poderoso reutilizável que no ano passado jogou um carro no espaço.

A empresa de Musk, a SpaceX, quer trabalhar com a Nasa no desenvolvimento de base na Lua. Enquanto isso, planeja também seu plano de 12 mil satélites para prover internet, o Starlink. Que, por sua vez, financiará seu plano mais ambicioso: conhecer e colonizar Marte nos próximos 20 anos.

Outras empresas também visam o plano de internet rápida por satélites, como a empresa OneWeb, que almeja uma constelação de 600 deles, com previsão para 2021.

Parece um plano já traçado: monta-se e testa-se primeiro a infraestrutura de lançamento --no caso, os foguetes-- que depois levarão não apenas os satélites que renderão muito dinheiro, mas os materiais e astronautas para missões ambiciosas na Lua e em Marte. Unir o útil --o lucro com novos campos de negócios-- ao agradável --o pioneirismo de conhecer outros pontos do espaço-- é o "caminho espacial" de Bezos, Musk e companhia.

* Com agência AFP