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Novo estudo diz que uso de apps como Uber pioram trânsito em cidade dos EUA

Estudo alega que apps de mobilidade geraram aumento de trânsito em San Francisco - Getty Images
Estudo alega que apps de mobilidade geraram aumento de trânsito em San Francisco Imagem: Getty Images

Thiago Varella

Colaboração para o UOL

16/05/2019 04h00

O trânsito em San Francisco, na Califórnia (Estados Unidos), piorou com a entrada no mercado de aplicativos de transporte como a Uber e a Lyft, segundo estudo publicado pela revista Science Advances.

Os congestionamentos na cidade aumentaram em 62% de 2010 para 2016. A Uber e a Lyft são responsáveis por mais da metade desse crescimento no trânsito, de acordo com o estudo feito por pesquisadores do departamento de engenharia civil da Universidade do Kentucky em parceria com a San Francisco County Transportation Authority (Autoridade de Transporte do Condado de San Francisco).

Como as empresas não compartilham suas informações com terceiros, os pesquisadores usaram um programa de computador para simular pedidos de corridas que indicam o número de viagens, além do local onde elas começaram e onde terminaram.

Para descobrir o impacto, eles utilizaram um modelo de simulação de tráfego incorporando fatores como o aumento populacional e as obras rodoviárias. Os pesquisadores estabeleceram o modelo para 2010 - antes da chegada da Uber e da Lyft - e, em seguida, compararam os resultados com 2016.

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Ao contrário do que alegam as empresas de transporte por aplicativo, essas viagens colaboram para o aumento do congestionamento nas cidades, já que incentivam as pessoas a usar carros, mesmo que dirigidos por terceiros, em vez de utilizar o transporte público.

No ano passado, a San Francisco County Authority já havia publicado um estudo parecido em que examinava o aumento do tráfego entre 2010 e 2016. O órgão constatou que as empresas de transporte por aplicativo compreendiam cerca de metade do crescimento no trânsito, enquanto os outros 50% eram resultado do crescimento do emprego e da população.

Na ocasião, a Uber e a Lyft contestaram os dados e disseram que o turismo e os serviços de entrega, que também cresceram com a recuperação econômica local, não eram levados em consideração no estudo.

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"Enquanto os estudos discordam sobre as causas do congestionamento, quase todos concordam com a solução", disse um porta-voz da Uber em um comunicado na última semana. "Precisamos de ferramentas que ajudem a garantir que os modos de viagem sustentáveis, como o transporte público, sejam priorizados em relação aos veículos de ocupante único".

Outro fator que faz aumentar o trânsito, segundo Gregory Erhardt, professor assistente de engenharia civil na Universidade de Kentucky e co-autor do estudo, é o comportamento dos motoristas desses aplicativos, que param em local proibido, como ciclovias, para pegar passageiros.

Cada vez que isso acontece em uma grande artéria, o fluxo de tráfego é bloqueado por 140 segundos.

Ainda segundo o estudo, entre 43% e 61% das viagens por aplicativos de transporte não seriam feitas ou substituíram caminhadas ou outras formas de transporte que não causam trânsito.