É mais barato: falta muito para nossa casa ser feita com uma impressora 3D?
Resumo da notícia
- A impressão 3D chegou à área da construção e pode reduzir custos no mercado
- A ideia é imprimir paredes e partes inteiras da obra, economizando com mão de obra
- Protótipos já foram mostrados em países como Estados Unidos e Itália
- E a França já tem até uma casa ocupada que foi construída assim
Imagine que o projeto da sua casa saia do computador e vá direto para uma impressora 3D gigante, que além de dar forma às paredes com custo mais baixo, reduz o desperdício e diminui o prazo de entrega. Isso é o que prometem empresas que já lançaram construções desse tipo em países como França, Estados Unidos e Itália.
As empresas pretendem usar a tecnologia para dar forma a bairros inteiros nos próximos anos, a maioria para pessoas de baixa renda.
"A gente ainda não tem certeza se a técnica é realmente mais barata do que outras que já existem no mercado. Para isso, ela precisa ser testada em larga escala. O que sabemos é que a inteligência em si reduz o prazo e o uso de mão de obra", afirma o arquiteto Thiago de Andrade, assessor especial do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.
Isso é possível porque as paredes são impressas em camadas de concreto, com grande precisão. Concluída essa etapa principal, a casa recebe uma finalização com os métodos tradicionais, com a instalação de portas, janelas e do telhado, por exemplo. "As paredes são grossas e essas construções costumam ser seguras", diz Andrade.
Seguindo uma tendência na arquitetura, alguns dos projetos em andamento priorizam ainda a eficiência energética e hídrica, e o conforto térmico, reduzindo assim também o custo de manutenção.
No Brasil, a startup Urban 3D chegou a anunciar que construiria prédios para pessoas de baixa renda usando esta tecnologia, mas o projeto não avançou por falta de recursos.
O arquiteto diz que, por aqui, há outros desafios, que vão além de tecnologias baratas de construção. "A produção não é o aspecto principal do déficit de moradias no Brasil. Falta uma abordagem sistêmica, uma política habitacional coerente, que leve em conta o planejamento, o custo da terra, o financiamento público", diz.
Ainda é difícil saber quanto custaria construir essas moradias por aqui, mas exemplos de outros países indicam como podem ser as nossas casas em um futuro bem próximo.
O primeiro imóvel ocupado
A França tem a primeira casa habitada produzida em uma impressora 3D. O projeto, lançado em 2018, é uma parceria entre a prefeitura e a Universidade de Nantes, e foi ocupada por um casal com cinco filhos, que até então morava em uma habitação precária na cidade.
A casa levou 54 horas para ser impressa --foram necessários mais quatro meses para a instalação das janelas, portas e do telhado-- e custou 20% a menos do que um imóvel feito pelo método tradicional.
A construção tem 95 metros quadrados, quatro quartos e paredes curvas, para reduzir os efeitos da umidade. Para fazer cada parede, os arquitetos construíram moldes, que depois foram preenchidos com cimento.
Alguns sistemas da casa estão conectados à internet e o espaço é todo adaptado a pessoas com deficiência.
Uma casa sustentável
Lançada em outubro de 2018 na Itália, a Gaia House foi construída com uma impressora 3D a partir de uma mistura de terra e resíduos orgânicos resultantes da plantação de arroz. A ideia dos arquitetos envolvidos no projeto era criar uma casa sustentável, que gerasse o mínimo de impacto ao ambiente durante a construção, mas também na manutenção do espaço.
O concreto foi feito a partir de terra, palha e casca de arroz picadas e cal. Segundo a WASP, empresa que construiu o protótipo, cada hectare de arroz irrigado pode se transformar em 100 metros quadrados de área construída com essa mistura.
As paredes da Gaia foram erguidas em dez dias e custaram 900 euros (aproximadamente R$ 4.000).
O resultado é um espaço que não precisa de aquecimento no inverno nem de ar condicionado no verão, já que o material garante conforto no frio e no calor. O telhado (também feito de material orgânico) é térmico e as janelas foram dispostas de modo aproveitar a luz natural.
Moradias para comunidades pobres
No mesmo ano, foi apresentada a primeira casa construída por uma impressora 3D nos Estados Unidos. O protótipo, lançado em Austin, no Texas, é resultado de uma parceria entre a New Story, organização sem fins lucrativos que atende pessoas sem moradia, e a ICON, empresa de tecnologia voltada a grandes projetos em 3D.
A casa foi construída em menos de 48 horas por uma grande impressora chamada Vulcan, projetada para trabalhar em zonas onde há restrições de fornecimento de energia elétrica, água potável e mão de obra especializada.
Depois de anunciada a primeira casa, o objetivo do projeto é construir bairros de baixo custo em menos de 24 horas em países da América Latina. As empresas calculam que cada unidade sairá por US$ 6.000 (cerca de R$ 23,6 mil) e garantem que o material é três vezes mais resistente que o concreto comum --o que é muito interessante para áreas sujeitas a intempéries.
O primeiro bairro, projetado para abrigar 400 pessoas, deve começar a ser construído ainda neste ano em El Salvador. As empresas também estudam ampliar o projeto para outros países da América Latina, como Haiti, Bolívia e México.
Concurso de 'casas de impressora'
Outra parceria da ICON, dessa vez com a organização sem fins lucrativos 3 Strands Neighborhoods, deve lançar ainda este ano um bairro de casas para pessoas de baixa renda na cidade de San Antonio, no Texas, nos Estados Unidos. O escritório de arquitetura Overland Partners lançou um concurso para escolher os melhores projetos para o bairro.
A ideia era criar não só casas sustentáveis e acessíveis, mas também bonitas e conectadas com a vizinhança, promovendo as relações de comunidade. As construções levam em conta variáveis como eficiência energética, gerenciamento de água e menor impacto ao meio ambiente.
Em março deste ano, foram divulgados os três projetos finalistas, com os modelos de casas que vão compor o bairro em San Antonio.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.