Golpe digital: fraudes de criptomoedas no Sul teriam roubado R$ 1,05 bilhão
Resumo da notícia
- Casos não estão ligados; em um deles, 55 mil pessoas foram enganadas
- Em Curitiba, falha permitia saque duplicado em criptomoedas
- No RS, empresa fingiu captar dinheiro de clientes para investir
Duas fraudes envolvendo criptomoedas na região sul do Brasil foram reveladas nesta semana. O montante perdido pelas vítimas pode ter chegado a R$ 1,05 bilhão.
Nesta sexta-feira (24), a delegacia de Estelionato de Curitiba recebeu uma denúncia sobre um esquema que se valia de uma vulnerabilidade de uma plataforma de operações de compra e venda de criptomoeda para fazer saques duplicados.
Segundo a denúncia, feita pelo Grupo Bitcoin Banco (GBB), o total sacado pode chegar a R$ 50 milhões. A polícia já identificou cerca de 30 nomes e vai abrir um inquérito.
O GBB começou uma investigação interna do caso na semana passada quando técnicos da área de TI identificaram um aumento repentino no patrimônio de alguns clientes, vindo de operações suspeitas de compra e venda de criptomoedas.
Para evitar prejuízos, o GBB afirmou que adotou a operação manual dos pagamentos solicitados, o que gerou lentidão no atendimento aos clientes desde quinta-feira (16). Assim, a corretora de criptomoedas conseguiu monitorar cada pedido feito e começar a identificar os fraudadores.
No entanto, com o ritmo lento, diversas solicitações de saques se acumularam. Operações que levavam até 24 horas passaram a demorar, em alguns casos, até 96 horas.
O grupo afirmou que a fraude trouxe prejuízo para a empresa e que também atrapalhou a vida dos clientes, que estão tendo que esperar por mais tempo para fazer seus investimentos e saques, tanto em reais quanto em criptomoedas.
Fraude no RS
Uma instituição financeira, sediada em Novo Hamburgo (RS), também foi acusada, nesta semana, de fraude.
A Polícia Federal (PF) e a Receita Federal deflagraram a Operação Egypto, na manhã de terça-feira (21), para investigar uma empresa, não identificada, suspeita de captar cerca de 55 mil clientes e levantar recursos dessas pessoas para supostamente investir em criptomoedas sem a autorização do Banco Central. O esquema se assemelhava ao de uma pirâmide financeira.
Cerca de 130 policiais federais, 20 servidores da Receita Federal do Brasil e seis policiais civis cumpriram dez mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão nas cidades gaúchas de Porto Alegre (3), Novo Hamburgo (13), Esteio (1), Estância Velha (2), Campo Bom (1); Laguna (1) e Florianópolis (1) em Santa Catarina e em São Paulo (3), na capital paulista.
Além dos mandados, a Justiça expediu ordens de bloqueio de ativos financeiros em nome de pessoas físicas e jurídicas, de dezenas de imóveis e a apreensão de 36 veículos de luxo, além de cerca de R$ 1 milhão, US$ 31,9 mil, e 12,3 mil euros.
Segundo o inquérito policial instaurado em janeiro, a empresa ilegal captava recursos de terceiros para investir no mercado de criptomoedas, tudo sem a autorização dos órgãos competentes. A instituição financeira assumia o compromisso de retorno de 15%, ao menos, no primeiro mês de aplicação.
Também de acordo com a investigação, o dinheiro dos investidores estava sendo usado em aplicações tradicionais de renda fixa e com baixa rentabilidade, em vez das criptomoedas. Os sócios da empresa ilegal sacavam esse dinheiro para gastar em carros e artigos de luxo.
De acordo com a Receita Federal, apenas uma das contas bancárias da empresa recebeu mais de R$ 700 milhões entre agosto de 2018 e fevereiro deste ano. As autoridades acreditam, no entanto, que o valor pode ultrapassar R$ 1 bilhão.
Além disso, os sócios da empresa apresentar uma grande evolução patrimonial que, em alguns casos, saltou de menos de R$ 100 mil para dezenas de milhões de reais em apenas um ano.
O inquérito apura crimes de operação de instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta, apropriação indébita financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa, além do envolvimento de pessoas que teriam tentado obter informações sigilosas da investigação e que foram identificadas.
Segundo a PF, a operação foi denominada Egypto pela similaridade dessa palavra com o termo "cripto" e pelo fato de que o negócio da empresa foi classificado por terceiros como de pirâmide financeira.
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