Topo

WhatsApp, Signal ou Telegram: qual é o aplicativo mais seguro?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Marcelle Souza

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/05/2019 04h00Atualizada em 04/08/2019 10h18

Desde que apareceram notícias sobre vazamento de dados ou monitoramento de dispositivos eletrônicos por governos e hackers, muita gente anda desconfiado dos aplicativos de trocas de mensagens. Dá para confiar mesmo no WhatsApp, Signal e Telegram?

O primeiro passo para saber se as suas conversas são privadas é verificar se o aplicativo que você usa tem criptografia. Isso significa que só o remetente e o destinatário podem ler o conteúdo dessas conversas.

Imagine, por exemplo, que você acessa uma rede wi-fi pública (de um café ou aeroporto) para enviar uma mensagem para algum dos seus contatos.

Nesse ambiente você fica mais vulnerável, e alguém pode interceptar a conversa e usar as suas informações para atividades ilícitas. "Uma mensagem criptografada dificulta este tipo de ataque e roubo de informação", explica Felipe Prado, ethical hacker da IBM.

Nesse ponto, aplicativos como WhatsApp, Signal e Telegram são ferramentas seguras, mas algumas diferenças técnicas entre eles podem ser decisivas para quem prioriza a privacidade na rede.

"O ponto fraco do WhatsApp é ter seu código todo fechado, e sua maior vantagem é a grande base de usuários. Já o Signal pode ser o mais seguro, pois, além de ser um aplicativo de código aberto (como o Telegram), faz o mesmo com o seu servidor, garantindo assim mais transparência", explica Prado.

O especialista acrescenta que a maior vantagem do Telegram é o grande número de recursos disponíveis. Além disso, ele funciona com criptografia.

Para quem tem um pé atrás com os aplicativos de grandes empresas, como é o caso do WhatsApp, que pertence ao Facebook, o Signal parece ser uma boa opção.

O serviço ficou famoso desde que o ex-analista da CIA (agência de inteligência dos EUA) Edward Snowden publicou no Twitter a informação de que usava o app para troca de mensagens. E olha que, depois de vazar informações da CIA, ele deve ser uma das pessoas mais monitorada pelo governo dos Estados Unidos.

O aplicativo, que é gratuito e tem versões para Android e iOS, foi criado por um grupo independente de desenvolvedores de software chamado Open Whisper Systems. Ele também é indicado pela organização não-governamental CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria, que publicou no ano passado a "Guia Prática de Estratégias e Táticas para a Segurança Digital Feminista".

Segundo o texto, o aplicativo "não é comercial, é de código aberto (até que enfim o bolo, mostrando todos os ingredientes) e foi feito especialmente para pessoas interessadas em oferecer maior privacidade para as que sabem o quanto isto é importante".

Para especialistas em tecnologia, ter o código aberto é uma das principais diferenças entre o Signal e o WhatsApp quando se trata de privacidade. "Aplicativos com código aberto garantem mais transparência. Você abre a possibilidade de execução de auditorias externas e independentes, que podem achar uma vulnerabilidade no código que rapidamente será corrigida", explica Prado.

Confira a seguir as principais diferenças entre os aplicativos mais usados:

Signal

Signal - Reprodução/Signal - Reprodução/Signal
Imagem: Reprodução/Signal

Vantagens: além de ser criptografado de ponta a ponta, tem código aberto, o que permite que o sistema de segurança seja testado por auditorias externas e independentes. Outro ponto interessante é que ele tem uma configuração que, quando ativada, apaga o conteúdo das mensagens automaticamente após a leitura. Também é possível iniciar uma conversa sem que seja necessário adicionar o contato. Para isso, basta fazer uma busca pelo número de telefone.

Desvantagens: é desconhecido para muita gente, não tem tantos recursos como o Telegram e essa história de apagar as mensagens após a leitura pode ser um problema quando você precisa acessar o histórico.

Telegram

Telegram - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Vantagens: É bem conhecido no Brasil e costuma ser a primeira alternativa quando o concorrente sai do ar. Oferece mais recursos nos chats e tem criptografia, como os demais.

A primeira camada de segurança (criptografia cliente-servidor) é usada nos chats privados e em grupo. Isso garante que a mensagem trocada só pode ser vista por quem enviou ou pelo destinatário, e as informações criptografadas circulam pelo sistema em nuvem da plataforma.

No caso do chats secretos, o Telegram adiciona uma camada de proteção (é a chamada criptografia cliente-cliente). O recurso precisa ser habilitado e, ao contrário do primeiro caso, a mensagem não passa pela nuvem da empresa. Por isso, se alguém enviar uma mensagem e apagá-la, ela some do dispositivo do destinatário.

No chat secreto, você é avisado toda vez que alguém faz um print da conversa.

Desvantagens: oferece uma opção extra de conversa criptografada, mas é preciso ativar o recurso nas configurações do aplicativo ("chat secreto"). Outro ponto contra, dizem os especialistas, é que ele armazena seus dados em servidores fora do país, o que faz muita gente desconfiar da segurança desses bancos de dados.

Whatsapp

Whatsapp - Reprodução/WhatsApp - Reprodução/WhatsApp
Imagem: Reprodução/WhatsApp

Vantagens: é o aplicativo de troca de mensagens mais usado no país e tem criptografia de fábrica de ponta a ponta. Permite fazer chamadas telefônicas ou em vídeo.

Desvantagens: não tem o código aberto, o que significa que não há auditorias externas e independentes. Já foi alvo de decisões judiciais que tiraram o serviço do ar, deixando milhões de brasileiros na mão.

Seja qual for a sua escolha, veja dicas importantes para garantir a sua privacidade:

  1. Verifique nas configurações do app se a criptografia já está habilitada automaticamente para todos os tipos de conversa. Se houver a opção, utilize os chats secretos ou conversas privadas;
  2. Mantenha o aplicativo e o sistema operacional sempre atualizados;
  3. Tenha um antivírus instalado no seu aparelho;
  4. Evite clicar em links desconhecidos ou que não pareçam confiáveis;
  5. Apague periodicamente o histórico das conversas. "Mensagens com históricos grandes podem ser um prato cheio na mão de pessoas mal-intencionadas que tenham acesso a seu aparelho", recomenda o especialista da IBM.
  6. Habilite a autenticação de dois fatores, que força o usuário a colocar uma senha extra e personalizada para confirmar o uso de seu perfil no app.