Big Brother: China força instalação de app espião no celular de turistas
Resumo da notícia
- Autoridades da fronteira da região de Xinjiang estão instalando app no celular de viajantes
- Aplicativo vasculha aparelhos em busca de 73 mil arquivos específicos
- Conteúdo buscado tem teor social, político e religioso de relevância na China
A vigilância virtual do estado chinês passou a afetar turistas e viajantes que visitam a região autônoma de Xinjiang, localizada no noroeste do país. Uma investigação publicada em conjunto por The New York Times, The Guardian, Motherboard e Süddeutsche Zeitung na terça-feira (2) apurou que oficiais que cuidam da fronteira da província chinesa pegam os celulares de quem entra na área e instalam um app à força.
A aplicação, de aparelhos Android, é usada pelos agentes estatais para vasculhar mensagens, calendários e arquivos para encontrar materiais suspeitos, como uma publicação considerada como canal de comunicação do Estado Islâmico. Ao todo, o malware instalado pelos agentes estatais busca 73 mil arquivos nos smartphones dos visitantes, muitos deles associados a questões sociais, políticas e religiosas na China.
O site Motherboard destacou a busca por partes do Alcorão, o livro sagrado do islã, e PDFs relacionados ao Dalai Lama, líder espiritual do Tibete e refugiado na Índia, como materiais buscados na varredura.
O primeiro caso tem relação direta com a região de Xinjiang, que tem na etnia uigur a maioria da população local - no âmbito nacional, os uigures eram 0,75% dos chineses no Censo de 2010. Majoritariamente muçulmanos, os uigures vivem sob vigilância estatal constante, o que gerou acusações de violações nos direitos humanos no tratamento à etnia.
Atravessando a fronteira do Quirguistão com a China, o repórter o jornal alemão Süddeutsche Zeitung teve seu celular analisado pelas autoridades locais, que instalaram o app Fengcai (também chamado BXAQ) nos aparelhos. Viajantes que passaram pelo local relataram que o processo de fiscalização chega a levar metade de um dia.
Se você pensa que isso é feito na surdina, está enganado. Ao receberem seus celulares de volta, os viajantes se deparam com o ícone do aplicativo no menu - as autoridades não se dão ao trabalho de deletá-lo.
No caso de usuários de iPhone, um outro aparelho era conectado ao celular para que a varredura fosse realizada - depois, não sobrava nenhum app estranho na tela dos turistas.
Instalar um aplicativo à força não é novidade para o estado chinês, que já havia tomado uma atitude semelhante à população uigur muçulmana que habita a região de Xinjiang. Em 2018, o Motherboard publicou que os habitantes da etnia majoritária da província foram forçados a rodar o app JingWang, cujo funcionamento é similar ao da nova aplicação. O que mudou? O público-alvo da vigilância.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.