O que sabem os brasileiros que usam novidades do WhatsApp antes de você?
Sem tempo, irmão
- WhatsApp Beta, versão de teste do app, traz novos recursos antes da versão comum
- Conversamos com usuários do beta, que recebem recursos antes de todo mundo
- Como desvantagem, eles apontam bugs ocasionais e atualizações constantes
- Muitos deles curtem o Telegram, app rival do WhatsApp que têm recursos diferenciados
Confessa! É só o WhatsApp liberar alguma novidade e você já corre para atualizar o app. Existe um grupo que, antes de você sonhar em dar uma olhadinha na mais nova função, já colocou as mãos nela há tempos. Esses privilegiados são os usuários do WhatsApp Beta, a versão de teste do aplicativo.
Eles estão tão ligados nas mudanças que conseguem sacar qual é a estratégia comercial do WhatsApp e usam as novidades em primeira mão para matar os amigos de inveja. Mas não é só alegria. Isso tem um custo: as atualizações são diárias, há erros bizarros e as novidades sensacionais são raras.
"A ansiedade faz isso com as pessoas", brinca o editor de imagens paraibano Artur dos Santos Silva, 26. Em 2015, ele entrou nessa, porque queria usar o WhatsApp para fazer ligações, função que ainda não estava disponível para todos. Nunca mais saiu. Segundo ele, a curiosidade fala mais alto. Quem não quer saber o que vem por aí no app mais querido dos brasileiros?
Jhony Costa, 29, analista de sistemas paulistano, curte receber as atualizações das funcionalidades novas, óbvio. Mas não é só isso que o mantém há três anos no Beta. "[Testar] ajuda a empresa a melhorar os serviços para a população. Ainda que tenha uma empresa que vise lucro por trás, como o WhatsApp é gratuito, eu penso nas outras pessoas que usam."
Já para Pedro da Silva Santiago, 21, entrar no programa foi uma forma de ver as coisas pelo lado de dentro. Estudante do terceiro ano de ciências da computação, ele "queria saber como os desenvolvedores fazem as mudanças chegarem ao público" e afirma que, quando analisa as atualizações mais recentes, consegue ver que caminho o WhatsApp está tomando —no momento, o foco é reforçar a privacidade dos dados, acredita.
Qual é a vantagem?
"Eu me sinto realmente importante", diz Jhony. Ser membro do grupo de teste é ter um espaço entre poucos privilegiados, já que a participação é restrita —quando algumas versões beta atingem o limite de usuários, o WhatsApp passa a barrar novas entradas.
"Quando saiu o Status, nossa! Eu mandei print do aplicativo para todo mundo", conta.
"Algumas vezes, eu nem notava a diferença. Mas, quando acontecia e os meus amigos não tinham aquela atualização, eu brincava: 'eu sou importante e você, não'", lembra Júlia Dexheimer, 19, assistente de marketing catarinense.
Foi isso que ocorreu quando ela teve acesso à reprodução automática de vários áudios sem ter de apertar o play em todas as faixas. "Eles perguntaram por que eu tinha essa vantagem", lembra. Mas a zoeira é rara, diz. "O WhatsApp até hoje não lançou uma versão que fosse extraordinária, revolucionária. São detalhezinhos que tornam a vida mais prática e automatizada, mas nada que faça muita diferença."
Muitas vezes, rola só uma correção de bug ou mudança para melhorar o desempenho ou introduzir uma configuração no servidor. Mesmo assim, os testadores ficam na expectativa —por eles e pelos outros.
"A minha vó quer o modo escuro. Ela reclama que à noite os olhos dela doem de tanto olhar o WhatsApp. Eu falei no ano passado para ela: 'quando chegar, eu aviso', mas não chegou até agora. Ela não fica cobrando, mas de vez em quando pergunta: 'tem notícias do modo escuro?'", diz Santiago.
Qual é a desvantagem?
As novidades bombásticas demoram, mas as atualizações são diárias. Em alguns dias, Arthur conta que chega a baixar quatro novas versões do app. O grupo também precisa ser compreensivo com a enxurrada de bugs, já que se inscreveram para ter acesso a um WhatsApp cheio de novidades (e erros).
Mas nem sempre sobra paciência. Em julho, Júlia recebeu um aviso de que precisava atualizar sua versão de testes. Tentou baixar e não conseguiu. Diante das urgências do trabalho, desistiu do programa, no qual ficou um ano, e voltou para a versão normal do mensageiro. Hoje, não pensa em voltar.
Quem curte muito ser beta costuma levar numa boa. Santiago ri das várias falhas que ocorrem no seu dia a dia. "Não manda mensagem direito, as imagens ficam ruins, fica aparecendo o número em vez do nome [do contato]. É uma versão de teste, não espero que seja tudo perfeito."
Os bugs também já fizeram Jhony desistir. Depois de perder mensagens, mandar um caractere e aparecer outro, ver o aplicativo fechar do nada e ter a conta inativada por erro, largou os testes por alguns dias. Mas não aguentou ficar longe por muito tempo. "Aí eu falei: 'quer saber, vou parar de ser besta e voltar para o beta'."
O que o beta faz?
- O app colhe a experiência dos testadores quando algo dá errado
- Gera relatórios de erro, com informações sobre processador, função executada e destinatário do envio
- Os usuários são convidados a relatar o que ocorreu e compartilhar capturas da tela
Os testadores se queixam de não ter um canal exclusivo com o WhatsApp para dar suas opiniões sobre as novas ferramentas do beta —no máximo podem enviar comentários pela Google Play, como os demais usuários já fazem.
Acostumados a testar tudo que sai de novo para o app mais popular do Brasil, os testadores preferem mesmo o serviço de bate-papo rival. Para eles, o Telegram não só possui mais possibilidades, mas também dita tendências.
"Eu prefiro o Telegram, porque tem mais funcionalidades. Muita coisa que o Telegram já tinha, o WhatsApp está implementando agora" —Jhony Costa
"O Telegram é melhor, não é um negócio só para mensagem. Só uso o WhatsApp, porque a maioria das pessoas estão lá" — Pedro da Silva Santiago
"Apesar de o WhatsApp ser mais utilizado, eu recomendaria o Telegram, mas o pessoal só lembra dele quando o WhatsApp cai" — Artur dos Santos Silva
O Telegram costuma estar na frente do WhatsApp em funções inéditas legais. Entre as vantagens estão o envio de arquivos grandes (maiores que 100 Megabytes), os grupos extensos (com milhares de pessoas) e com mais possibilidades (fixar links e textos, por exemplo) e os bots, que executam tarefas automáticas. Isso, nem os testadores de WhatsApp conseguem ainda.
O WhatsApp preferiu não dar entrevista para esta reportagem
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