Instant Pot: "panela que é febre nos Estados Unidos não mudou minha vida"
Sem tempo, irmão
- A panela elétrica mais famosa dos EUA se tornou um verdadeiro sonho de consumo.
- Lá fora ela custa o equivalente a uns R$ 215. Aqui o valor pode chegar a R$ 4.300.
- Testamos um dos modelos e contamos agora como foi a experiência.
- Spoiler: Ela é interessante, mas os alimentos não ficam mais saborosos como alguns dizem.
A panela elétrica multifuncional Instant Pot é a "queridinha" na cozinha dos norte-americanos e virou febre. É talvez um dos grandes avanços tecnológicos no setor culinário da nossa era. Promete substituir vários itens de cozinha - panela de pressão, slow cooker, iogurteira, além de cozinhar a vapor, saltear, manter alimentos aquecidos e até esterilizar.
O modelo mais barato sai por US$ 49 (cerca de R$ 215) nos Estados Unidos e custa uma fortuna (pode chegar a R$ 4.300) em sites brasileiros.
A popularidade dela começou a ser notada nos Estados Unidos em meados de 2017. Virou um verdadeiro fenômeno no ano seguinte com a venda de 300 mil unidades em 36 horas no Amazon Prime Day. E, a partir daí, só aumentou o culto online de seguidores da IP - os autodenominados Instant Pot heads (que poderia ser traduzido para "viciados em Instant Pot").
O grande sucesso se deve aos avanços tecnológicos — mais notavelmente, um microprocessador de última geração e um grupo de sensores que impedem que a panela superaqueça ou que exploda sob pressão. Eu mencionei "panela elétrica", mas esse é um termo bem simplista. O destaque da Instant Pot é a multifuncionalidade.
Muitos dos que curtem cozinhar dizem que o acessório mudou a vida deles. Basta dar uma checada online para ver que esses milhões de fãs não economizam elogios ao gadget. Um comentário comum - e, às vezes, controverso - é o de que se economiza muito tempo na preparação das comidas. Outros dizem que "lavar louça virou coisa do passado".
Verdade seja dita: cozinhar não é um dos meus grandes hobbies, mas, por causa de todo esse burburinho online, fiquei curiosa e fui atrás da tal Instant Pot. Vi que existem vários modelos disponíveis. A regra é clara: se você quer uma panela com mais funcionalidades, você tem que estar disposto a desembolsar mais. Os tamanhos variam de 5 a 8 litros, com várias versões e funcionalidades diferentes.
Não quis comprar o modelo mais simples por causa da limitação de programas de cozimento. Também não me interessei pela Smart com wi-fi porque não me considero uma geek da culinária e iria acabar ignorando completamente o fato de que o meu celular ou a Alexa poderiam me "ajudar" na hora de preparar uma refeição.
E como eu queria uma panela que fosse grande o suficiente para fazer um jantar para seis pessoas, ignorei a popularidade da versão de seis litros e fiz uma aquisição mais ambiciosa: comprei a Instant Pot Ultra 10-em-1 de 8 litros por 141 dólares.
"Pesado esse objeto cibernético preto e prateado". Essa foi a primeira coisa que me veio à mente quando tirei a minha IP da caixa. Chequei o peso na descrição do produto: 7,12 kg! Comecei a me questionar se havia feito uma boa escolha quanto ao tamanho.
O display em LCD, na parte frontal da panela, é todo em inglês. O manuseio é simples. Em cerca de cinco minutos, sem usar o manual, descobri que basta usar o botão giratório localizado no centro do display para comandar praticamente tudo: girar para a esquerda e para a direita para chegar aos itens de definição da panela (temperatura etc) e para escolher o programa de cozimento desejado.
O item selecionado fica piscando e basta você clicar no meio do botão giratório para dar um okay. Dá para escolher entre temperatura em Fahrenheit ou em Celsius, o que é um alívio para quem, como eu, vive nos Estados Unidos, mas continua convertendo mentalmente todo o sistema métrico para o brasileiro.
Minha primeira tentativa foi preparar Chicken Adobo, um frango filipino ensopado bem apreciado aqui na Califórnia. Eu faço esse prato, geralmente, em cerca de uma hora e meia em panela normal: refogo ingredientes, deixo tudo borbulhando na panela e faço uma sujeira imensa no fogão todo.
Hora de usar a Instant Pot. Para colocar a panela próxima a uma tomada, tive que, literalmente, abraçar a minha panela (ela tem 37,6 cm de circunferência) e carregá-la de um canto para outro da cozinha. Notei, de novo, que a minha IP é pesada para mim.
Para adicionar os ingredientes, retirei a parte interna de inox, que também é um pouco pesada. Adicionei tudo e resolvi encarar a programação do cozimento sem ler o manual. Gastei poucos minutos para fazer a programação toda, em um processo que achei simples.
Trinta minutos em temperatura alta. Enquanto eu esperava, dei umas olhadas no display da Ultra para checar o gráfico de cozimento que exibe o progresso entre as fases de pré-aquecimento, cozimento e aquecimento. Essa funcionalidade com certeza ajuda na cozinha porque você sabe em que ponto está o cozimento e o quanto tem que esperar.
O alarme soa. Frango pronto. Como tinha muito caldo quando eu abri a panela, tive que deixar meu frango saltear por mais 20 minutos com a panela destampada. Graças ao fato de a panela ser alta (quase 37 cm de altura), toda a superfície ao redor não ficou suja. Mais um ponto positivo.
O balanço da primeira experiência foi: por um lado, resultado satisfatório. Além de o frango ter ficado bem macio, gastei cerca de uma hora cozinhando com a IP (menos tempo do que eu gasto com a panela normal). Também fiz menos sujeira na cozinha e pude, despreocupadamente, preparar outros pratos enquanto o frango estava em cozimento.
Por outro, acho que exagerei no tamanho quando comprei a versão com 8 litros. Para começar, foi complicado encontrar um canto na cozinha para acomodar a panela. E, principalmente, me incomodou o peso do conjunto todo na hora do uso. É ruim para carregar pela cozinha e para limpar.
Comecei a ler o manual da Instant Pot tendo em mente meus projetos culinários futuros: preparar lasanha e, quem sabe, fazer queijo. Percebi que o manual deixa a desejar nas explicações sobre as diferenças dos botões da Ultra - eu tive que pesquisar vários detalhes online.
Fiz o teste gastronômico número dois. A lasanha não ficou crocante. Então, a solução foi finalizar o cozimento no forno convencional. Li várias avaliações de pessoas que dizem que, decididamente, os resultados da Instant Pot não são bons no caso de assados que supostamente deveriam ficar crocantes. A preparação do queijo ficou para uma data futura (indefinida).
Como preparar receitas elaboradas exige que eu pesquise em blogs e assista a vídeos para saber exatamente que funções usar, hoje em dia eu uso minha IP para preparar tudo o que possa ser cozido com água ou caldos, como sopas, feijão, frangos e carnes.
Conclusão: a Instant Pot não mudou a minha vida, já que, para as minhas necessidades eu talvez só precisasse mesmo de uma panela de pressão elétrica e não de uma high-tech multifuncional. E, na minha opinião, as comidas preparadas na Instant Pot não têm mais sabor do que as preparadas nas slow cookers. Nesse caso, eu continuo adepta à boa e velha panela de pressão no fogão.
Nos Estados Unidos, a Instant Pot é facilmente encontrada online e também em algumas lojas físicas, como a Best Buy, Target e Walmart.
Além da original Instant Pot, existem aqui algumas alternativas (até mais baratas) disponíveis online, como a Gourmia Digital SmartPot e a COSORI 7-in-1 Electric Pressure Cooker. Embora ofereçam vários programas de cozimento compatíveis com a IP, nenhuma dessas conquistou significante patamar de popularidade.
Já no Brasil, além de sites de vendas online como Mercado Livre e Ebay Brasil, sites varejistas vendem a Instant Pot, normalmente em marketplaces. Os preços variam (é necessário pesquisar bastante), mas o grande problema é, no caso, ter grana para bancar uma panela que chega a custar R$ 4.200.
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