As TVs de 8K já estão no mercado, mas nosso olho percebe a diferença?
Sem tempo, irmão
- Altíssima resolução provoca mudanças sutis na imagem das TVs
- Para notar a diferença, você precisa chegar muito perto da tela
- Nosso olho se adapta às imagens e, com o tempo, deixa de perceber avanço
Os televisores com resolução 8K começaram a ser comercializados no mercado brasileiro neste ano. Samsung, LG, TLC e Sony têm aparelhos com a tecnologia.
De maneira prática, mais resolução significa mais capacidade de produzir telas maiores sem perder a qualidade da imagem. Com esse nível de resolução você poderia, então, ter uma tela gigante na sala da sua casa, por exemplo, e não teria dificuldades de ver a imagem com nitidez mesmo se o sofá estiver posicionado bem próximo ao produto.
O ponto negativo é que as novas tecnologias já alcançaram tal nível de definição que o 8K não é algo que o cérebro humano consegue diferenciar facilmente.
"O que acaba sendo melhor nessa resolução é que a distância que você precisa estar para ver uma variação na imagem diminuiu ainda mais", afirmou Diego Monteiro Verginassi, oftalmologista especialista em Retina Clínica e Cirúrgica pela Unifesp e médico no Americas Oftalmologia.
Pedro Valery, responsável por produtos televisores da LG Electronics no Brasil, concorda. Segundo ele, só é possível notar diferença entre as TVs de 4K e 8K em telas a partir de 75 polegadas.
"A densidade de pixel por polegada em modelos menores que esses não representam uma melhora significante na imagem. Entretanto, quanto maior a resolução e a tela da TV, mais próximo é possível deixar o aparelho", diz. E as empresas dizem que a demanda é exatamente por telas maiores que possam ser posicionadas mais próximas do sofá da sala.
Nosso olho tem limites
Se você não pretende ver TV tão de perto, nem ter uma tela tão grande, não precisaria investir num aparelho desses. E a culpa nem é da TV, é do nosso olho mesmo.
Newton Kara José Junior, oftalmologista do Hospital Sírio Libanês e livre docente da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), explica que os nossos olhos são por natureza uma "máquina fotográfica de lentes ruins". Quem faz todo o trabalho de decodificar os estímulos visuais e transformá-los em imagem é o cérebro.
"O sistema de lentes do olho, que é composto pela córnea e pelo cristalino, tem uma série de aberrações e defeitos que fornecem uma imagem bastante distorcida. Quando essa informação visual chega ao cérebro e ele transforma em visão. O cérebro tem um sistema de 'Photoshop' que melhora a imagem", conta, ressaltando que na literatura médica há uma série de simulações ópticas de como seria a visão do olho humano se o cérebro não melhorasse a imagem que é captada pelas nossas lentes.
Cérebro entende, mas dura pouco
"Quinze anos atrás, usávamos uma televisão de tubo e achávamos que era uma boa imagem. Hoje em dia, comparando a TV de tubo com uma de alta resolução, vamos achar a primeira ruim. Na verdade, você só acha ela ruim, porque consegue comparar", disse Kara. O termo científico para isso é neuroadaptação.
Em outras palavras, não é uma questão de ver melhor, porque o cérebro sempre usou sua capacidade máxima para codificar e melhorar os estímulos visuais, mas de absorver informação, aprender com novos estímulos, e adaptar a visão a eles.
É por isso que, ao se deparar pela primeira vez com uma "televisão de alta performance", o expectador costuma ficar maravilhado com a qualidade da imagem. Mas a neuroadaptação começa a funcionar e, aos poucos, o impacto daquela imagem é o mesmo causado pela tecnologia anterior.
"Dá um mês e pergunta se a pessoa está maravilhada assim com a visão. Ela vai enxergar do jeito que enxergava antes. O impacto deixa de ser maior", explica o médico.
É uma boa para quem quer telão em sala pequena
Apesar dos preços altos — a QLED 8K de 75 polegadas da Samsung, por exemplo, custa entre R$ 29 mil a R$ 33 mil — as empresas afirmam que os consumidores estão buscando televisões maiores que caibam em espaços menores. Segundo a TCL, a tecnologia 8K permite que isso seja possível, mantendo a mesma qualidade de imagem que as TV de 4K possuem.
A gerência de TVs da Samsung informa que se antes o consumidor precisava ter uma sala gigante para conseguir ver uma imagem com uma boa resolução em uma TV de grande polegada em tecnologia Full HD, por exemplo, agora é possível posicionar o sofá da sala a dois metros da televisão.
"A de 75 polegadas, por exemplo, com a 4K você precisaria colocar o sofá de 3,5 a 4 metros de distância. Com a 8K isso você pode colocar a televisão a até dois metros que não vai perder a percepção dos pixels. A sala não precisa ser gigante e hoje em dia os apartamentos são cada vez menores", diz.
Para Walter Sinohara, gerente de marketing da divisão de TVs da Sony Brasil, mesmo que o olho humano não seja capaz de enxergar cada pixel de forma individual, quanto mais resolução no painel (na tela da TV) mais é perceptível a profundidade da imagem. "[Isso] justificaria a aplicação do 8K para telas menores do que 90 [polegada]", diz.
Pedro Valery, da LG, ressalta que a tecnologia 8K é uma tendência que está começando a ser introduzida pelas principais marcas ao redor do mundo, mas que ainda é um mercado incipiente. "A oferta de conteúdos televisivos produzidos para esses modelos ainda é inexistente", lembra.
Afinal, o que são as TVs de 8K?
Se você não tem uma televisão de tubo na sala da sua casa, certamente tem um aparelho que possui mais de mil pixels - pixel é a menor unidade da imagem, é como se fosse a "célula" dela. Quanto mais pixels têm numa imagem, mais detalhes ela possui.
As televisões de 8K, por exemplo, são assim chamadas porque têm quase 8.000 pixels na sua horizontal. Ao todo elas têm 7680 pixels na sua horizontal e 4320 na vertical, o que dá um total de 33 milhões de pixels - quatro vezes mais do que uma 4K e 16 vezes mais do que na Full HD.
Quantos pixels têm?
- HD - 1280 x 720
- Full HD - 1920 x 1080
- 4K - 3840 x 2160
- 8K - 7680 x 4320
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