Galaxy Note 10+ é celular quase perfeito, mas cada vez menos "necessário"
O Galaxy Note 10+ é um celular com pouquíssimos defeitos. Tela, bateria, desempenho, câmeras: em quase tudo eu te garanto, após pouco mais de uma semana de testes, que ele é o melhor aparelho do mercado atual. Mas, ao mesmo tempo, o smartphone da Samsung (note que não usamos "o mais poderoso" mais) vem com uma ironia: é cada vez menos necessário e pode caminhar para um limbo entre duas linhas.
Em primeiro lugar, é preciso notar o quão revolucionária é a linha Galaxy Note. Em 2011, ela introduziu o conceito de tela grande em smartphones quando ninguém fazia isso - e muitos achavam uma loucura da Samsung. Agora, passados oito anos, isso já está disseminado por todo o mercado, o que tira grande parte do apelo do Note 10+.
Até por isso a Samsung resolveu lançar dois modelos diferentes em 2019: o Note 10 (com tela de 6,3 polegadas) e o Note 10+ (com tela de 6,8 polegadas), com preços que variam entre R$ 5.299 e R$ 6.799 - a versão que testei é do Note 10+ que custa R$ 5.999. Todas as versões começam a ser vendidas oficialmente no Brasil nesta sexta (20).
Ele é de fato um celular quase perfeito, mas aquela diferenciação para outros modelos por aí por causa da telona acabou. É difícil até achar grandes elementos que diferenciem esse celular do próprio Galaxy S10+, da Samsung, ou de rivais como o Huawei P30 Pro. Todos também têm telonas e são excelentes em desempenho.
O Note nem é, mais, o maior celular da Samsung: o dobrável Galaxy Fold, de volta ao mercado, tende a tomar muito espaço da histórica série. O grande diferencial do Note ainda é a caneta S Pen - aliada, claro, a todo o resto do poder do celular que você pode entender abaixo.
A primeira coisa a ser notada é que o Note 10+ é um celular gigante. A tela enorme, ao menos, tem uma boa proporção para o corpo —ou seja, o celular tem o mesmo tamanho do ano passado, mas com um display maior. Isso ocorre graças à diminuição das bordas no topo e na parte de baixo, além da adoção do "furo na tela" como ocorreu nos modelos do S10 —no Note 10+, contudo, este furo fica no centro da tela.
Esse tamanho todo deixa o celular com uma usabilidade não muito boa. É complicado operar o aparelho com apenas uma das mãos e rolam alguns cliqueis involuntários. Outro detalhe que não curti foi a mudança do botão principal de power da borda direita para a esquerda - para mim, que sou destro, prejudicou o uso. Ao menos o peso do dispositivo está até que leve para o seu tamanho.
O Note 10+ se destaca tanto na frente quanto na traseira por ser um aparelho extremamente bonito. Testei o aparelho na nova cor Aura Glow - coloração que cria uns efeitos de arco-íris quando recebe incidência de luz - e achei esse estilo bem bacana, apesar de chamativo. O único problema é que a traseira do aparelho pega marca de dedo facilmente, o que tira parte da beleza.
A tela do Galaxy Note 10+ é um encanto à parte. É simplesmente incrível a nitidez, o brilho e contraste das cores. Não à toa foi eleito pelo site analista independente DisplayMate o melhor display em um smartphone. Chego a dizer que em alguns momentos preferi até assistir a séries no celular do que na minha TV.
Um detalhe incômodo na tela é o furo para a câmera frontal. A própria Samsung já deu um jeito de tirar isso com a câmera giratória do Galaxy A80 e a esperança é que isso vire um padrão para os próximos celulares. A tela edge, curva nos cantos, também não me agrada na usabilidade por rolarem cliques indesejados, mas é bem legal para dar mais imersão ao ver entretenimento no aparelho.
Se a tela é de encantar, então as câmeras são apaixonantes. Mais uma vez o Note 10+ atingiu o topo do ranking de analistas independentes, algo que corroboramos na prática: o conjunto de câmeras do celular é simplesmente espetacular. As fotos ficam ricas em detalhes e com ótimo contraste de cores em vários ambientes.
Na traseira, são três câmeras: uma principal, uma grande angular e uma teleobjetiva, como visto no S10+. Cada lente tem uma função e você pode alternar entre elas no app da câmera - a grande angular serve para fotos com um ângulo maior e a teleobjetiva aprimora o zoom, além de ser útil também para fotos com desfoque de fundo.
Todas essas lentes fazem fotos fantásticas. Ainda que eu tenha testado o celular em dias nublados de São Paulo, as fotos ficaram excelentes: as cores são vivas e reais. É uma câmera simplesmente fantástica em todos os cenários. Gosto principalmente da grande angular, que chega agora à linha Note - já está presente em outras fabricantes e até em outros modelos da Samsung.
O recurso foco dinâmico, como a Samsung chama seu "Modo Retrato", também agradou - normalmente, a marca fica atrás da Apple nesse quesito. O smartphone ainda tem um diferencial para concorrentes ao apresentar esse foco dinâmico em vídeos tanto para selfies quanto para a câmera traseira. O resultado foi legal para esse recurso inovador, mas pode ser aprimorado. Ah, ainda é possível alterar entre as lentes traseiras durante a gravação de vídeo.
O que sempre agrada em celulares da Samsung são as várias possibilidades de modos: food (para comidas), noturno (ótimo para fotos com baixa iluminação, mas que leva um tempo para captar), Pro (em que você pode mexer em todas as configurações), câmera lenta e outros, além dos já citados. A inteligência artificial também reconhece cada vez mais cenas e objetos para aprimorar automaticamente as fotos.
Na frente, existe apenas uma câmera frontal que faz um baita de um trabalho sozinha. São praticamente os mesmos modos do que a câmera principal, com a exceção de que não há a possibilidade de fazer fotos na grande angular. As imagens ficam muito boas e até o modo retrato vai bem nessa câmera frontal única.
O Note 10+ também tem um dos melhores desempenhos de celulares da atualidade. Ele vem com uma versão do processador Exynos, da Samsung, similar ao Snapdragon 855 da Qualcomm— o melhor da atualidade. Não tive nenhum problema com travamentos e o celular rodou tudo com rapidez e leveza, como esperado.
Até para jogar games pesados o smartphone vai bem - ele é pensado exatamente em gamers que adotam o celular como uma plataforma para jogos. O que eu mais usei foi o 'Harry Potter: Wizard's Unite' e o celular foi melhor do que outros que testei neste ano.
Nos testes com aplicativos de desempenho, o celular alcançou a maior nota do ano entre os testados por Tilt no AnTuTu, enquanto que no Geekbench ficou apenas pouca coisa atrás do Galaxy S10 e Galaxy S10+.
Quando se fala em linha Note, a gente espera uma bateria que dure bastante. E é exatamente isso que o Note 10+ proporciona. Nos testes de bateria realizados neste ano por Tilt, ele ficou em segundo lugar no teste de descarregamento (de 100% a 0% vendo um vídeo em loop no Google Fotos), apenas poucos minutos atrás do Moto G7 Power.
Já no teste de carregamento (de 0% a 100%) ele é até aqui o grande vencedor do ano graças ao novo carregador mais rápido da Samsung. Você consegue carregá-lo totalmente em apenas uma hora e quatro minutos, o que para um celular com uma bateria potente como o Note 10+ é algo espetacular.
No uso prático, a bateria do smartphone durou da manhã até o fim da noite em um dia que usei mais o aparelho, já que estava na rua e sem computador. Em outro dia, quando fiz um uso mediano, fui dormir com 40% de bateria sobrando para a manhã. É algo bem legal para a média dos smartphones atuais.
Aqui chegamos a um tópico muito importante para definir se você deveria comprar ou não o Galaxy Note: a caneta. Sim, o smartphone é um dos melhores (se não o melhor) da atualidade em termos de tela, bateria, câmera, desempenho... Mas não é assim tão superior a outros concorrentes para realmente se destacar na multidão. O que difere mais é a caneta.
É inegável que nunca a caneta S Pen esteve tão boa como no Note 10+. Ela continua útil para escrever e as notas escritas estão melhores— inclusive com vários tipos de edição, além de transformação da letra escrita para digitada. Além disso, a caneta serve cada vez mais como um controle remoto do celular.
O recurso apresentado no ano passado de tirar fotos à distância via bluetooth foi estendido para a possibilidade de passar fotos na galeria, por exemplo. A caneta acaba virando até uma espécie de varinha mágica que controla o smartphone por gestos da sua mão. Isso tudo é bacana, mas ainda não me convence.
Sei que muitos usuários de Note idolatram a S Pen, mas continuo achando algo supérfluo. Muitas vezes me via obrigado a usar para fins do review— não me importava se ela existia ou não. No fim das contas, acabei usando a caneta mais para realizar feitiços no 'Harry Potter: Wizard's Unite', algo que não é seu principal propósito, óbvio.
O Note 10+ também vem com um sensor ultrassônico de digital embutido na tela, como o S10. Nos meus testes, o recurso funcionou extremamente bem e ele é mais seguro do que os que aparecem em marcas chinesas ou celulares intermediários
O Galaxy Note 10+ não é um celular barato - que dirá os R$ 6 mil dessa versão que testei. É um aparelho realmente para quem precise de um celular poderoso e potente, que vai durar por alguns anos e não vai te deixar na mão. Câmera, bateria, desempenho e tela estão entre as melhores do mercado na atualidade.
Mas, ao mesmo tempo, não é um smartphone único e tão necessário. O Galaxy S10+, por exemplo, já está custando quase a metade desse preço e tem praticamente tudo o que está no Note 10+ - inclusive uma telona. Existem até novos aparelhos maiores em display, como o dobrável Galaxy Fold.
No fim das contas, a pergunta que fica é se a caneta justifica você comprar o Note 10+. E aí vai do seu gosto. Ah, uma dica: pela usabilidade, eu prefiro o Note 10, irmão "menorzinho" e mais barato do Note 10+.
Tela: 6,8 polegadas Quad HD+ com Amoled dinâmico
Sistema operacional: Android 9 Pie
Processador: Exynos 9825 de 2,7 GHz
Memória: 12 GB (RAM) e 256 ou 512 GB (armazenamento), com espaço para MicroSD
Câmeras: principal quádrupla (principal de 12 MP + teleobjetiva de 12 MP + ultrawide de 16 MP + sensor Depth Vision Time of Flight
esolução VGA) e frontal (10 MP)
Dimensões e peso: 77,2 x 162,3 x 7,9 mm, e 196 g
Bateria: 4.300 mAh
Pontos positivos: tela, câmera, bateria e desempenho
Pontos negativos: usabilidade e preço
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