Reality da segurança? AL ganha 1º carro com reconhecimento facial do país
Sem tempo, irmão
- Carro operado por guardas descobre em segundos se pessoa é foragida ou desaparecida
- Com oito câmeras, Pilar 360 Graus lembra veículo do Google Street View
- Além de pessoas, iniciativa pesquisa situação de placas de veículos
- Orçado em R$ 300 mil, projeto foi inteiramente bancado pelas empresas
Andar nas ruas de Pilar, na região metropolitana de Maceió, se tornou uma espécie de reality da segurança pública nas ruas. Um carro operado por guardas municipais possui um sistema que faz o monitoramento facial móvel que descobre em segundos se uma pessoa é foragida ou desaparecida.
O Pilar 360 Graus, como foi batizado, é um carro que lembra o veículo do Google Street View, com câmeras no teto em busca de imagens. Ao todo são oito câmeras, com destaque para uma rotativa de alta resolução que consegue ler rostos humanos e compará-los com imagens de bancos de dados.
A câmera rotativa tem lente focal variável de 4,7 até 94 mm, com imagens de até 1.080 pixels em zoom ótico de 20 vezes.
Quatro outras câmeras são dedicadas a pesquisar placas de veículos também em 360 graus. Já as três câmeras restantes são mais simples e servem para o monitoramento comum. As imagens, além de estarem à mão dos guardas por meio de um monitor e de tablets, vão para a central da Guarda Municipal, que pode decidir por acionar a Polícia Militar, por exemplo.
Este é o primeiro carro de monitoramento facial móvel do Brasil, de acordo com Linex Santos, sócio-administrador da Quasar. "Temos outros sistemas desse monitoramento, mas fixos, como em postes, estádios", diz.
O projeto foi desenvolvido em uma parceria entre as empresas pernambucana Quasar Tecnologia e alagoana Yan Tecnologia. A ideia partiu do prefeito Renato Filho (PV), que chamou os responsáveis pelo sistema. "Tinha visto na TV o monitoramento fixo, mas queria algo além, e pensei nesse monitoramento móvel, que seria mais eficiente", diz Filho.
O desenvolvimento de todo o sistema custou R$ 300 mil e foi feito em 60 dias. O projeto foi inteiramente bancado pelas empresas, que disponibilizaram gratuitamente à prefeitura. O contato para desenvolver o sistema ocorreu porque a Quasar já atua na cidade no reconhecimento facial de alunos das escolas municipais para fim de frequência escolar.
À prefeitura cabe apenas o pagamento do aluguel do veículo (um veículo de R$ 1.300 ao mês) e disponibilização de servidores para operação do equipamento. Para a empresa, a cidade será um piloto para o projeto, que pode ser levado a outros municípios.
Controle como um videogame
Tilt conheceu o equipamento e viu ele em operação na rua nessa sexta-feira (20). No teste, a câmera conseguiu detectar rostos a pelo menos 50 metros de distância sem maiores problemas.
Um deles, que previamente foi cadastrado ao banco de dados, foi reconhecido. Foram necessários poucos segundos para que a imagem buscasse no banco de dados e fosse mostrada no monitor do carro, informando aos guardas os dados pessoais.
"A câmera faz a análise de algoritmos que detecta por 50 pontos diferentes do rosto de uma pessoa", explica o diretor de Tecnologia da Informação da empresa, o francês Sacha Dehe.
A qualidade do reconhecimento, diz, depende da qualidade e quantidade de fotos inseridas no banco de dados. "Se só tem uma, o reconhecimento fica mais fraco. O ideal é que se tenha ao menos três fotos: de frente, do lado direito e do lado esquerdo", diz.
Para controlar os olhos digitais, o operador vai no banco de trás e usa um joystick, como num videogame. A tela com as imagens ficam na parte da frente, onde ficaria uma central multimídia.
Segundo ele, as filmagens não sofrem abalos mesmo em estradas ruins ou chuva. "Essa câmera tem um sistema antichoque e de estabilidade de imagens, com possibilidade de 20 vezes. Ou seja, pega fácil até 80 metros de distância", explica.
"A câmera detecta a face, corta e trata a imagem. Em seguida, manda para um banco de dados, um tecnologia suíça, de uma empresa que temos parceira, que devolve a informação dizendo se ele é foragido ou desaparecido", completa.
Segundo o chefe da Guarda Municipal de Pilar, coronel Robson Cavalcante, o equipamento será usado em vários tipos de ações da segurança pública na cidade.
"Esse equipamento tem uma tecnologia muito boa é importante para nossa atuação. A guarda tem feito atividades aqui com a PM e vamos trabalhar isoladamente, nos deslocamentos aos pontos dos municípios. Nossa meta é, em breve, fazer a interligação com o banco de dados de pessoas desaparecidas e foragidas de todo o país", diz, citando que a guarda municipal de Pilar tem hoje 125 servidores.
Por enquanto, o banco de dados cadastrado é reduzido, apenas com imagens de pessoas da cidade. Em breve, o sistema deve se interligado com o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados). O pedido oficial da prefeitura já foi feito.
Violência na cidade
Pilar já foi considerada uma das cidades mais violentas do país. Em 2014, segundo o Mapa da Violência, a cidade ocupava a sexta colocação do ranking nacional de taxa de homicídios, com 92 mortes para cada 100 mil habitantes. De lá para cá, a taxa vem em queda —em 2018 foi de 79 por cada 100 mil. Este ano, foram apenas seis mortes registradas até agora.
"Espero que esse novo sistema não sirva para encontrar nenhum foragido. Mas acho que ele será muito útil para afastar da cidade quem quer fazer bagunça, porque sabe que a gente vai para cima", diz o prefeito Renato Filho.
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